segunda-feira, 22 de abril de 2013

O eterno clássico do futebol miracemense

*Por Pedro Ferreira

O futebol no Tocantins ainda não é desenvolvido profissionalmente como nos grandes centros do país. Por isso o time do coração dos tocantinenses geralmente são times do eixo Rio-São Paulo. No entanto na minha infância em Miracema, nas margens do rio Tocantins, o que nos encantava e nos movia não era time do Rio e muito menos de São Paulo. Era o clássico local. De um lado o TEC (Tocantins Esporte Clube) do outro o MEC (Miracema Esporte Clube).

Todos os domingos era sagrado irmos ao estádio Castanheirão vermos os times de Miracema duelar pelo campeonato tocantinense de futebol. O estádio estava sempre lotado com uma torcida animada. Alguns com o radinho de pilha ao pé do ouvido ligado na transmissão da rádio Miracema e as reportagem do Jair de Oliveira.

Alguns duelos eram inesquecíveis como contra o Caburé de Colinas que tinha o perigoso atacante Nego Bala. Ou mesmo contra o Intercap de Paraíso, o Araguaína e o Tocantinópolis. Eram jogos pegados que não muito raramente acabava com briga levando à torcida a loucura. A torcida por sua vez jogava com o time, um dos setores mais conhecido era do grupo que ficava próximo ao gramado xingando o juiz e os jogadores do time adversário, claro sempre com muito humor.

No entanto nada se comparava quando o jogo era entre os dois times da cidade, durante a semana os boleiros da cidade não falavam de outra coisa. Uma coisa era certa. Seguindo a tradição de todo clássico do futebol mundial, independente da fase que qualquer time estava o jogo seria pegado, decidido nos detalhes e como era de praxe com certeza teria briga.

De um lado o Azul e Branco do Tecão de aço, do outro o tricolor do Mecão. Arquibancada lotada. No campo o desfile de atletas impagáveis. O goleiro Deinha, Codô e mangueira na zaga, Paulão na lateral, no meio de campo Rainel quebrando tudo, walber na armação e o Nego Bil no ataque, sem esquecer também do talentosíssimo Belmiram.

Foram domingos inesquecíveis que mexiam com toda a cidade. O time vitorioso saia em carreata. Durante a semana a torcida perdedora tinha que aguentar a gozação. O futebol era diversão, alegria e não exploração e violência.

Hoje o MEC X TEC fazem parte do passado, foram abandonados assim como o estádio Castanheirão – Palco desse clássico impagável. Miracema que tem um povo tão apaixonado pelo futebol e que outrora tinha dois times na primeira divisão do campeonato tocantinense agora não tem nenhum.

Quem sabe um dia não veremos novamente desfilar sobre o gramado do saudoso Castanheirão o TEC X MEC – O lendário clássico do futebol miracemense, um lendário clássico do futebol tocantinense.

*Pedro Ferreira- Escritor, Poeta e Educador Popular

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