terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Mensagem ao comandante Ernesto Che Guevara

Ao comandante Ernesto Che Guevara

Camarada, seguimos lutando
Teu exemplo nos faz prosseguir.

Continuam nos assassinando

Permanecemos sem cair.

 

Muitos se venderam

Se deixaram corromper.
Hoje estão com a burguesia

Só vendo para crer.

 

Abandonaram o campesinato

Enterraram a reforma agrária.

Mas continuamos resistindo

Nas margens dessas estradas

 

E o operariado?

- Continua sendo explorado.

Nossos direitos há muito conquistados

Agora estão sendo retirados

 

A burguesia avança

O capitalismo se torna mais cruel.

Nossas organizações recuam

Esperam a vitória cair do céu.

 

Não se fazem mais militantes

Tal como tu outrora.

Que nunca fugiu de uma batalha

‘Pau para toda obra’

 

Estamos rodeados

De militantes de gabinetes.

Não pisam o pé na base

Trata o povo como reses.

 

São poucos revolucionários

Que segue o teu exemplo.

Mas esses poucos guerreiros

Vão acabar vencendo

 

Por tanto eu ti afirmo

Tua luta não deixaremos morrer.

E ainda ti digo mais

Haveremos de vencer.

Por Pedro Ferreira Nunes

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Ilha dos Espíritos

CAPITULO 01
 
Lajeado é uma das cidades mais belas do estado do Tocantins, com uma pequena população de cerca de 2.700 habitantes, sua origem esta ligada com a exploração do ouro no que era o antigo norte goiano. É com o garimpo de ouro na região que surgi o povoado de Lajeado, que com o desmembramento da região do estado de Goiás e a criação do estado do Tocantins em 1988, torna-se no inicio da década de 1990, município.
 
A cidade fica rodeada de serras, em especial a serra do Lajeado que se estende por quilômetros e o morro do segredo, que tem esse nome devido aos relatos de moradores que dizem observar durante a noite luzes misteriosas no alto do morro. A cidade de Lajeado também a banhada pelo rio Tocantins, fonte de sobrevivência a muitas famílias que vivem da pesca e pelo córrego Lajeado que atrai turistas de varias partes do país em busca de descanso da vida estressante dos grandes centros.
 
 
As cordilheiras de serras de um lado a outro da cidade, as lajes de pedras por todo o território, nos faz pensar tal como aponta alguns estudos que há séculos atrás por essas bandas passou o mar. Como também as pinturas rupestres encontradas na serra do lajeado nos dá a certeza que essa região era habitada por povos nômades á milhares de anos atrás, muito antes do surgimento do garimpo.
 
 
Mas essa belíssima região que tem na sua fonte inesgotável de água a principal riqueza, guarda também nessas misteriosas águas, um grande segredo, segredo este já mais revelado. Segredo este que tem levado muitas vidas de turistas e moradores locais que buscam relaxar nas águas límpidas e cristalinas tanto do rio Tocantins, mas, sobretudo na ilha verde no córrego Lajeado.
 
Várias vidas se perderam nas águas hora mansa hora caudalosa, tanto em período de seca como no período chuvoso. Todas essas mortes aconteceram de forma inexplicável. As pessoas simplesmente se afogam e somem, sendo seus corpos encontrados dias depois já sem vida. Os moradores mais antigos da cidade contam historias de espíritos que vagam pela ilha, espíritos do mal que se alimentam de alma e que vivem no pé da cachoeira, que de quando em quando surgem sedentos de fome e leva uma vida.
 
No entanto ninguém consegue explicar esse mistério, qual a origem desse segredo, apenas afirmam que desde que aquele local que antigamente era um brejo de buriti, pouco desbravado e que tempos depois foi destruído para construir-se a ilha verde, pessoas quase todos os anos desaparecem naquelas águas.
 
Lajeado quem tem em sua fonte de água inesgotável sua maior riqueza, a cada ano tem nessas mesmas águas a sua decadência, as mortes seguidas de alguns anos para cá, amedrontam os turistas e expulsa os moradores que vagam para outros cantos em busca de uma vida melhor, já que a cidade não tem estrutura para muitas famílias viverem dignamente.
 
 
Se o povo de Lajeado não descobrir o segredo que cerca a cidade, ela entrará em decadência, juntamente com seu povo. E o que hoje é uma bela cidade tornara-se uma grande ruina. Se for verdade que a ilha verde é habitada por espíritos. Quem são estes espíritos? O que eles querem? O que fazer para que eles vão embora? Essas respostas devem ser respondidas rapidamente, antes que os espíritos que ocupam toda a ilha se estendam por toda a cidade.
 

A Ilha dos Espíritos , por Pedro Ferreira Nunes

Poema: Velha Chácara



Velha chácara
A dona Julia e seu Josias.
As casas já não existem,
o galinheiro,
o fogão caipira,
a roça de milho,
o quintal onde plantávamos mandioca,
a cacimba onde pegávamos água.


Já não existe a oficina onde fazíamos farinha,
o brejo de buriti, e o coqueiral também,
a Priscila, a pretinha, o hulk e o spike.


A chácara já não existe,
pacas, cotias, catingueiros.


A velha chácara onde cresci,
já não existe.


Existem apenas os pés de manga,
sob as crateras abertas
pela construção da usina hidrelétrica.


Os pés de manga sobreviveram,
mas muitos que ali viveram,
já não sobrevivem.

*Pedro Ferreira Nunes

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Breve reflexão a cerca do IV congresso nacional do PSOL

Por Pedro Ferreira Nunes
 
Estivemos presente no IV congresso nacional do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL realizado entre o dia 29 de novembro e 1º de dezembro de 2013 no entorno de Brasília. Infelizmente como prevíamos a ala a direita do partido representada pela Unidade Socialista sagrou se como maioria do partido, vitória esta que se deu graças a fraudes cometidas, sobretudo em estados como Amapá, Mato Grosso, Tocantins e Rio de Janeiro, sendo que a direção majoritária do PSOL representada pela Unidade Socialista passou por cima de decisões regionais no caso do Rio e de Palmas.
Quando fomos para o congresso sabíamos das dificuldades que o setor consequente e coerente do partido representado pelo Bloco de Esquerda teria para se tornar direção majoritária do PSOL, sobretudo se as fraudes que aconteceram no processo congressual fossem aceitas. Mesmo assim fomos, pois tínhamos a esperança que um milagre pudesse acontecer e nossa militância aguerrida pudesse reverter o quadro interno.
Mas ao final a ala que tem levado o PSOL a se tornar a passos largos um novo PT, isto é - Um partido vendido, entregado as elites burguesas desse país. Sagrou-se maioria, e o que é pior aprovando como candidato a presidente do Brasil pelo PSOL o que há de pior hoje no nosso partido – Randolf Rodrigues senador pelo estado do Amapá conhecido por fazer alianças inclusive com partidos da extrema direita.
Por tanto não há o que se comemorar, a não ser lamentar que a atual direção majoritária esteja levando o PSOL a passos largos a sua completa degeneração.
O Bloco de esquerda vacilou quando deveria radicalizar
A postura inicial do Bloco de Esquerda em não aceitar as fraudes cometidas pela ‘Unidade Socialista’, foi importante, inclusive a ocupação da mesa que dirigia os trabalhos do congresso pela base de luta do PSOL representada, sobretudo por um amplo setor da juventude.
A ocupação que culminou com a retirada da ‘Unidade Socialista’ do plenário foi com certeza o momento mais significativo, e que nos deu muito orgulho de militar ao lado de camaradas tão aguerridos. Esta ocupação nos fez lembrar as jornadas de junho, os levantes no norte da África, a greve geral na Europa, a juventude estudantil no Chile, o movimento ocupa nos EUA entre outras mobilizações recentes da classe trabalhadora que tinha o frescor e entusiasmo da juventude na linha de frente.
Como gritos de “Eu sou Psol, não abro mão, do socialismo e da revolução”. Avançamos e não houve ninguém que conseguisse nos barrar.
Mas infelizmente a direção do Bloco de Esquerda recuou, aceitando as condições da Unidade Socialista – Isto é, aceitando as fraudes cometidas. E assim desmobilizando a base que estava disposta há não deixar passar os burocratas da Unidade Socialista e sua política stalinista. Pois se tivesse havido uma plenária do Bloco de Esquerda com certeza a base de todas as correntes teriam optado pelo enfrentamento. Assim a direção das correntes que compõem o Bloco de Esquerda mostrou que não está a altura da base que dirige. E talvez provou que não esteja também a altura de dirigir o partido, pelo menos o partido que muitos de nós sonhamos e lutamos para construir.
 – Palavra apenas não basta camaradas, ações sim, é isso que define o que queremos.
O Psol degenerou? Não esta mais em disputa? – O que fazer então?
Essas perguntas têm circulado na minha cabeça desde o dia 1º de dezembro, e acredito que não só na minha, mas em boa parte dos militantes do PSOL Brasil afora. Até o momento não consegui responder nenhuma delas. Há aqueles que acreditam que já deu que o Psol degenerou de vez e que por tanto não há por que continuar. Por outro lado tem os que acreditam que o Psol esta em disputa e que é necessário continuar disputando os rumos do partido. E há os como eu, que não sabe ainda o que fazer - Se sai ou se fica.
Os que defendem a permanência no PSOL pode falar que a maioria conquista pela Unidade Socialista foi mínima, por exemplo, na executiva nacional é de apenas um membro, como também que em vários estados e municípios é esquerda do partido que dirige e por tanto o quadro interno pode mudar. Já os que defendem a saída do partido pode argumentar que se quer temos unidade entre nós do Bloco de Esquerda, ou mesmo - Será se o bloco ainda existe?
Outro dilema importante que devemos responder é – Sair do PSOL e ir para onde? Existe alguma organização da classe trabalhadora que não é cheia de contradições? São respostas também que não sei responder, mas que devemos refleti-las profundamente.
Por fim devemos debater e refletir profundamente qual decisão tomar em relação a nossa militância ou não no PSOL, no entanto devemos tomar cuidado com decisões precipitadas que possam nos levar ao isolamento e a uma maior fragmentação de uma esquerda que já é tão fragmentada.