segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Reta final das eleições 2014 no Tocantins

Por Pedro Ferreira Nunes

Vale tudo eleitoral

O nível da campanha eleitoral no Tocantins que já era ruim conseguiu a faceta de piorar ainda mais. Se já não bastasse a ausência de projetos e programas de governo das principais candidaturas, os principais candidatos a ocupar o palácio Araguaia decidiram partir para o vale tudo eleitoral.

Sim, vale tudo eleitoral, podemos resumir assim a disputa travada entre Sandoval Cardoso (SD) X Marcelo Miranda (PMDB) nesta reta final da campanha eleitoral no Tocantins. Um duelo que tem nos causado náuseas de tão baixo que é o nível. Acusações e mais acusações, tanto de um lado como do outro. Infelizmente esta é uma velha tática utilizada de norte a sul do Brasil – o terrorismo psicológico com a população. Tática utilizada magistralmente pelo PT a nível nacional que concerne em acusar o outro de tudo que você faz, mas é claro omita este detalhe. Essa tática que vem sendo utilizada pelos principais candidatos que disputam o pleito eleitoral não é nem um pouco original, porém funciona infelizmente.

Por exemplo, a apreensão de um avião no interior de Goiás com 500 mil reais além de milhares de santinhos do candidato ao governo do Tocantins Marcelo Miranda e do candidato a deputado federal Gaguim, ambos do PMDB. Não se sabe a origem do dinheiro e nem do material de campanha. Tanto Marcelo Miranda como Gaguim negam serem responsáveis pelo material apreendido. Á Policia Civil de Goiás e á justiça eleitoral estão investigando o caso, no entanto o episodio já esta sendo usado ostensivamente na campanha eleitoral tanto de um lado como do outro.

Até o momento as investigações da policia civil de Goiás tem apontado que o recurso pertence mesmo a Marcelo Miranda. No entanto muito provavelmente quando o episodio for esclarecido de fato, isto é, se for esclarecido. ‘A vaca já foi pro brejo’ como se diz popularmente por aqui. E os responsáveis por tal crime muito provavelmente ficaram impunes, como é de praxe no Brasil. Mas o vale tudo eleitoral não se resume a isto. A cada dia uma nova denuncia surge – processo na justiça, calotes, perseguições e por ai vai. O gozado de tudo é que há muito pouco tempo atrás eles estavam no mesmo palanque como também no mesmo governo. Ai eu repito aquela velha ladainha que vocês pobres leitores estão cansados de ler nos meus artigos, no entanto não posso deixar de falar – são ou não são farinha do mesmo saco?

A tendência nessa reta final da campanha eleitoral é o nível baixar muito mais. Pois se falta proposta, sobram-se acusações. Ainda mais quando sabemos que tanto a ficha de Marcelo Miranda como de Sandoval Cardoso não são das mais limpas.

Cabos eleitorais

“Não quero nem saber, só quero ganhar meu dinheiro.”

Milhares de pessoas aproveitam este período para trabalhar como cabo eleitoral e ganhar uma grana extra. Quando um desses o aborda lhe pedindo voto para tal candidato e você o questiona sobre quem é este candidato e qual projeto ele defende. É então que vemos que o pobre coitado esta ali pelo dinheiro que irá receber e não por que acredita no candidato para quem esta trabalhando. Se você o aperta mais um pouco ele lhe dirá – não quero nem saber, só quero ganhar o meu dinheiro.

É então que um misto de tristeza e revolta me invade.

Revolta por que é este tipo de atitude que faz com que estas oligarquias politicas se perpetuam no poder por varias décadas. Não vê o imbecil que o pouco dinheiro que ganha agora, será tirado muito mais de suas costas durante o mandato do tal candidato.

Nos dá uma vontade imensa de o pegar pela garganta e lhe dar uma aula sobre o quão é prejudicial tal atitude oportunista. No entanto o que eu conseguiria com uma atitude tão arrogante? Em vez de aproxima-lo de mim para tentar conscientiza-lo, eu muito provavelmente estaria o repelindo.

Ai vem o misto de tristeza, por compreender que as pessoas não se submetem a este papel por serem oportunistas. Mas para quem vive quase na miséria, sem trabalho, sobrevivendo graças a um bolsa qualquer, é difícil recusar alguns trocados para fazer campanha para quem quer que seja.

Assim é preciso compreender que não será do dia para noite que conseguiremos despertar a consciência do trabalhador – de que enquanto não rompermos com este ciclo vicioso ele continuará na miséria. Também não será com atitudes sectárias que apenas nos isola do povo que conseguiremos ganhar a sua consciência.

À esquerda nas eleições

Eula Angeli (PSOL) teve uma melhora significativa nesta reta final. No entanto ainda esta muito aquém do que esperávamos de um partido que esta se apresentando tão bem a nível nacional bem como em estados como Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro. Infelizmente no Tocantins o PSOL se quer apresentou-se como um partido de esquerda, por tanto contribuindo muito pouco para construção de uma tradição de esquerda por essas terras. Eula Angeli, coitada, não pode ser crucificada pelo seu despreparo. A responsabilidade é totalmente dos seus companheiros de partido de colocar uma pessoa sem nenhuma formação de esquerda numa candidatura majoritária, ainda mais ao governo do estado.

Em um artigo escrito em meados de 2013 falávamos da necessidade de construir uma candidatura com um perfil de esquerda ao governo do Tocantins. Hoje podemos afirmar que esta candidatura é com certeza a de Carlos Potengy (PCB) que vem desempenhando um importante papel para construção de um projeto popular e anticapitalista no Tocantins. No inicio do processo teve algumas limitações, no entanto no ultimo período teve um avanço significativo. Infelizmente a falta de estrutura impediu que o PCB apresentasse melhor o seu programa. Por exemplo, na propaganda de radio e tv o mesmo programa ficou se repetindo sempre, apenas agora nessa ultima semana o partido apresentou um novo programa. Porém, mesmo com todas as limitações, sobretudo em um estado onde não há uma tradição de organizações da esquerda revolucionaria é animador ver surgir novas lideranças populares e organizações de esquerda tal como o PCB.

Independente do resultado eleitoral, a candidatura do PCB sai vitoriosa em ser a única que procurou dialogar com o movimento popular bem como fortalecer um projeto popular e anticapitalista para o Tocantins.

O triste retrato das eleições no interior do interior do Brasil

Eleição no interior geralmente se torna um tipo de disputa de torcida.Há dois grupos políticos que historicamente brigam entre si pelo poder local, estes grupos geralmente são ligados as principais oligarquias que governam o estado. Assim a cidade se divide em dois grupos que se digladiam entre si, não muito raramente sendo capazes de ir às vias de fato.

Para grande maioria da população do interior não existe candidaturas para além dessas duas. Pude ver este triste retrato em conversas que tive recentemente. Em especial com uma camaradinha que me questionou por que eu não estava participando do processo eleitoral na cidade, bem como em que candidato ao governo do estado eu votaria. Expliquei a ela que eu estava sim participando do processo, não tão ativamente como gostaria, como também tenho candidato ao governo. Expliquei-a que pela falta de estrutura nossos candidatos não tinham condições de fazer campanha em todo o estado. Disse-a que o papel de candidaturas da esquerda não é entrar para o vale tudo eleitoral, mas sim defender nossos princípios. Ela admirada questionou-me - quem é esse candidato? Para o governo do Tocantins? Não são apenas dois candidatos? Expliquei então a ela que além dos dois principais candidatos, existem outros três, como também além dos três candidatos a presidente da república que ela sabe, existe outros oito. Espantada ela falou que não sabia da existência desse tanto de candidatos.

- Vou votar no seu candidato. Respondeu-me ela.

Orientei-a á não tomar uma decisão antes de conhecer o perfil e o projeto político que defende todos os candidatos, tanto ao governo do estado, a presidente da republica, como também para os outros cargos. Que não votasse em um candidato apenas por que eu defendia-o, assim como qualquer pessoa. Que ela pudesse tomar uma decisão partindo de sua própria analise olhando para o todo e não apenas para uma parte.

Infelizmente esse é o triste retrato das eleições no interior do interior do Brasil. Nem todos têm a liberdade e o direito de saber e decidir em quem deve votar ou não. Em um jogo de cartas marcadas, rara as exceções, candidaturas majoritárias são enfiadas goela abaixo da população. As outras, sobretudo as de esquerda são intencionalmente omitidas da população.

E ainda muitos estufam o peito para dizerem orgulhosos que vivemos em uma democracia. Que espécie de democracia é esta? Serve para o povo pobre e oprimido da cidade e do campo? Não senhores, essa farsa burguesa não nos serve. Lutemos para supera-la.

Brevíssimo comentário a cerca da campanha do MPF sobre igualdade na disputa eleitoral


Falar em igualdade de condições em um processo eleitoral onde num cenário com 11 candidaturas a presidência da republica, apenas três aparecem. Onde estas três candidaturas tomam 90% do tempo de radio e tv. Sendo que estas três candidaturas contam com uma grande estrutura de financiamento de multinacionais para comprar apoio politico e pagar cabos eleitorais. É no mínimo uma piada. Em vez de falar, é preciso dar igualdade de condições, e isto, só com uma reforma política de fato.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Breve história de Lajeado do Tocantins

Introdução

Diante da escassez de registro histórico (artigos, livros entre outros materiais) a cerca do município de Lajeado do Tocantins, da necessidade, sobretudo das novas gerações de compreender a formação histórica da cidade, bem como do seu desenvolvimento econômico, politico e social resolvemos escrever este breve artigo com o objetivo de contribuir com a construção de um registro histórico do município. Pois é fundamental olharmos o passado para compreendermos aonde chegamos, bem como para onde queremos ir.


Salientamos a limitação deste artigo devido à falta de estrutura para realizarmos um estudo amplo e aprofundado sobre a questão apresentada, mas acreditamos que o mesmo irá minimamente suprir parte da escassez de registro histórico a cerca da historia do município de Lajeado, mas que seja, sobretudo um estimulo para sensibilizar as autoridades locais a cerca da necessidade de tal registro.

Poema: Guerra de dados

Por Pedro Ferreira Nunes

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
Dona Maria não sabe
se hoje vai almoçar.

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
Seu Zé tá desempregado
quando irá trabalhar?

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
Internet por aqui?
não temos nem celular.

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
A desigualdade diminui
tomemos uma pra comemorar.

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
O governo se diz indignado
mas nada faz para mudar.

Dois pontos pra cá
dois pontos pra lá
São só estatísticas frias
que a realidade não pode maquiar.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Poesia: Comerciantes da fé

Por Pedro Ferreira Nunes

Em cada esquina um templo
Prometem-te a salvação
Não pense que é de graça
Tudo em troca de um tostão.

Igreja universal
Mundial dos últimos dias
Assembleias de Deus no Brasil.

Tem pra todos os gostos
Você pode escolher por quem vai ser enganado
pobres diabos, covardes, medrosos, coitados.

Guiados por falsos lideres
Usurpadores de esperanças e liberdades.
Dizem pregar a verdade.
Que verdade?

Enchem os bolsos de dinheiro,
Aproveitam-se da miséria alheia.
Tudo em nome de Deus
roubam os sonhos seus.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Breves comentários sobre a campanha eleitoral de 2014 no Tocantins

Por Pedro Ferreira Nunes

Hoje decide escrever um artigo no melhor estilo punk - objetivo e direto, tal como um soco no estomago. Com aquele olhar critico característico das nossas analises que você não encontra nos meios de comunicação tradicional do Tocantins. Fazendo os questionamentos que muita gente gostaria de fazer, mas que só aqueles que não se vende e nem se corrompe ante as benesses do capital tem coragem para fazê-los. Mas deixemos de delongas e vamos a eles.

   1-      Sandoval Cardoso (SD) candidato á reeleição ao governo do Tocantins estufa o peito com orgulho para dizer no seu programa eleitoral que em quatro meses tem feito mais do que os governos anteriores. No entanto ele omite a população que fazia parte tanto do governo Siqueira Campos como de Marcelo Miranda;

2-      Sandoval diz que faltava vontade política e capacidade dos governos anteriores, por que só agora ele resolveu criticar estes governos? Não era o seu dever como presidente da assembleia legislativa fiscalizar os governos que deixou o Tocantins na situação de calamidade pública que se encontra? Ele não foi no mínimo omisso?

3-      Marcelo Miranda tem apresentado uma serie de programas que segundo ele irão mudar o Tocantins e melhorar a vida dos tocantinenses – é mais saúde, mais educação, mais segurança, mais emprego e mais tudo que o eleitor quer ouvir;

4-      No entanto falar que vai fazer é fácil, qualquer um pode. Ele só tem esquecido um detalhe, dizer como vai fazer. E o principal é claro – fazer;

5-      Alias o debate politico virou uma espécie de leilão no melhor estilo ‘quem promete mais’. Até a candidata do PSOL (Eula Angelin) entrou no jogo e prometeu se eleita construir 10 hospitais regionais no estado. Quem promete mais???

6-      Ataídes de Oliveira do PROS está coberto de razão quando diz ser necessária uma ruptura política no Tocantins. No entanto se ele pensa que essa ruptura é a sua eleição esta enganando a si e aos seus eleitores;

7-      Já o principal debate entre os candidatos ao senado Kátia Abreu (PMDB), Eduardo Gomes (SD) e Sargento Aragão (PROS) tem sido sobre quem trouxe mais recursos e quem terá a capacidade de trazer mais recursos do governo federal para o estado e municípios;

8-      Até mesmo o candidato do PSOL Elvio Quirino apresentou-se dizendo ser o mais capacitado para buscar recursos do governo federal para o estado e municípios;

9-      Mas é este o papel de um parlamentar? Ser um intermediário entre o estado e a união para que esta libere recursos que são obrigatórios?

10-  Quais são os reais projetos que estes senhores defendem? Aliás, eles defendem algum projeto que não apenas seus próprios interesses?

11-  Os candidatos a deputado federal também não sabem qual o papel do parlamentar e se apresentam como se fossem parte do executivo – eu fiz aquele hospital, eu fiz aquela creche, eu vou fazer aquela escola, eu vou fazer aquela praça e por ai vai;

12-  É o mesmo mal que atinge os candidatos a deputado estadual, que, aliás, está cheio de figuras impagáveis;

13-  Alguém ai viu o Chunda Indignado candidato a deputado estadual pelo PSOL, onde acharam essa criatura? E o Osvaldo Canabbis do PC do B que teve uma sacada ótima – vote em mim e aperte o verdinho. E o Ho Che Min do PSD que não tem nada de revolucionário, mas o que não dá para levar a serio mesmo é o Eduardo Siqueira Campos do PTB, por favor, meu povo tocantinense não ressuscite os mortos mais uma vez;

14-  Pensa num povo que gosta de fazer rima com o próprio nome, e os jingles miseráveis que passam 24 horas pelas ruas fazendo uma lavagem cerebral no cidadão;

15-  Mas nem tudo é desgraceira, e para nos salvar desce quadro desolador nos aparece a Cida candidata do PCB com o seu gostoso sotaque nordestino conclamando o eleitor a não se corromper, a não vender seu voto, lembrou-me a Heloisa Helena nos seus bons momentos;

16-  Pense numa mulher desças na assembleia legislativa defendendo os direitos da classe trabalhadora. Isso sim seria uma ruptura política com a velha política;

17-  Para concluir avisamos aos senhores candidatos - cuidado com o que dirão nesta campanha eleitoral que poderá e será usado contra vocês nos próximos capítulos.