segunda-feira, 7 de março de 2016

Casa Oito de Março: 18 anos de luta pelos direitos das mulheres no Tocantins!

Para camarada Bernadete Aparecida Ferreira. Que tem sua historia intimamente ligada a Casa Oito de Março.
Há 18 anos nascia em Palmas, a primeira organização em defesa dos direitos das mulheres no Tocantins. Isso exatamente no mês de março, o mês que é celebrado o dia internacional de luta das mulheres – o dia oito de março, que, aliás,dá nome a essa organização. Uma organização construída pela resistência e persistência de heroínas que contra tudo e todos, colocaram na ordem do dia a pauta dos direitos das mulheres.

Se ainda hoje o Tocantins é um dos estados do Brasil onde há os maiores índices de violência contra as mulheres. Por exemplo, o mapa da violência 2015 – homicídios de mulheres no Brasil, da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, mostrou que o Tocantins registrou um crescimento de 81,8% no numero de assassinato de mulheres.Imagine há 18 anos quando vigorava a chibata do coronel Siqueira e sua politica paternalista.

Manifestação em frente a loja marisa
E foi num contexto onde pouquíssimas pessoas ousavam levantar a voz para contestar o governo de plantão e a cultura machista enraizada nesse estado. Ainda mais para defender os direitos das mulheres que nasceu a Casa Oito de Março – dando abrigo e proteção para ás mulheres vítimas de violência. Dando formação politica para o fortalecimento da luta feminista no estado. Dando capacitação para que as mulheres construísse sua independência econômica. Como também sendo um espaço de acolhida de outros diversos movimentos populares de luta pelos direitos dos trabalhadores no Tocantins.

A luta da Casa Oito de Março não foi fácil, diante das perseguições e dos ataques de uma elite que busca manter as coisas como sempre foram. Elites essas que inclusive criaram ao longo do tempo várias organizações de fachada que dizem defender os direitos das mulheres. Aliás, o que não falta hoje são representantes dessas elites discursando em defesa das mulheres. Mas ficam apenas no discurso, pois como mostra bem os números, à realidade pouco tem mudado.

Ação de conscientização em feira livre da capital
Apesar da tentativa de isolamento por parte de outras organizações e, sobretudo pelo governo, além é claro das perseguições que não cessaram. A Casa Oito de Março continua resistindo. E fazendo um trabalho com o setor mais marginalizado das mulheres na sociedade que são as presidiárias, as prostitutas e as travestis.

A Casa Oito de Março continua também empunhando a bandeira feminista no estado, participando e construindo diversos espaços e frentes de luta do movimento – especialmente através da Articulação das Mulheres Tocantinenses (AMT) e da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB). E é, portanto referencia de luta não só no Tocantins e no Brasil, como em outros países do mundo.

Preparação para marcha das vadias em Palmas
No Tocantins está à frente na organização e realização das atividades do mês de Março – onde se celebra o dia internacional de luta das mulheres. E é também uma das responsáveis por realizar a marcha das vadias em Palmas. Além das mobilizações do movimento feminista, a Casa Oito de Março se faz presente nas diversas lutas da classe trabalhadora tocantinense.

É inegável a importância da Casa Oito de Março na luta pelos direitos das mulheres na história de Palmas e do Tocantins. Mesmo que muitos tentem negar tal importância. O fato é que há 18 anos essas heroínas que constroem a Casa Oito de Março resistem bravamente contra tudo e todos, pois não é fácil manter uma organização dessa envergadura sem apoio financeiro por parte de governos e empresas. Mas apenas com o compromisso militante com as causas sociais, especialmente a causa feminista.

Por fim, gostaríamos de afirmar que a história da Casa Oito de Março e a sua luta é uma referencia para todos nós que construímos a luta popular no Tocantins pelos direitos das mulheres, da juventude, dos negros, dos indígenas, dos camponeses pobres, em suma, do povo trabalhador do campo e da cidade. Temos certeza que os próximos 18 anos da Casa Oito de Março continuaram sendo de protagonismo na luta pelos direitos das mulheres e com certeza estaremos juntos.

Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.

“Sobre as ruinas da velha vida familiar, veremos ressurgir uma nova forma de família que suporá relações completamente diferentes entre o homem e a mulher, baseadas em uma união de afetos e camaradagem, em uma união de pessoas iguais... Não mais “servidão” doméstica para a mulher! Não mais desigualdade no seio familiar!”.

Alexandra Kollontai

2 comentários:

  1. Linda homenagem. Obrigada por se dedicar em escrever de forma tão sincera, com o cuidado de selecionar fotos que nem mesmo nós tínhamos.
    Um abraço.
    Bernadete

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  2. Para mim é uma satisfação poder conhecer e atuar ao lado de camaradas e organizações revolucionárias como a Casa Oito de Março.

    Abraços revolucionários,

    Pedro Ferreira Nunes

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