quinta-feira, 25 de maio de 2017

Breves comentários a cerca da conjuntura

A conjuntura atual não tem nos dado muito tempo para sentarmos e fazermos uma analise conjuntural mais aprofundada. Isso não é tão ruim, sobretudo por que significa que as ações práticas tem nos demandado mais atenção. E sem duvidas é melhor agir do que ficar teorizando. No entanto não poderia deixar de tecer mesmo que de forma breve alguns comentários a cerca de questões conjunturais que muito nos incomoda, especialmente as questões regionais que são muitas vezes secundarizadas diante de uma conjuntura nacional cada vez mais caótica.

Não questiono esse fato, pois nós mesmos estivemos no ultimo período nos dedicando a construção da greve geral quase que 24 horas por dia bem como nas articulações para o fortalecimento do movimento estudantil revolucionário e de luta na Universidade Federal do Tocantins. E agora voltaremos as nossas energias mais uma vez para o Fora Temer e por diretas já! Mas claro, em nenhum momento deixamos ou deixaremos de esquecer do nosso quintal.

Nessa linha faremos aqui uma breve analise dos cinco primeiros meses da administração do Tércio Neto (PSD) a frente do executivo municipal de Lajeado. Depois comentaremos o projeto de lei que cria o feriado municipal do “Dia dos pobres” no município. Após essa analise local partiremos para questões regionais como a liberação da licença ambiental para construção da UHE Monte Santo no Rio do Sono. E partindo dai falaremos da questão ambiental no Tocantins – a necessidade da continuidade da luta contra a UHE Monte Santo. Relacionando com essa questão ambiental falaremos do cinismo como a marca do governo Marcelo Miranda (PMDB). E por fim, concluiremos falando sobre o cenário politico regional – articulações e alianças para 2018. Especialmente, o posicionamento da senadora Kátia Abreu que tem nos chamado atenção como também de setores do PT, do PC do B e do PSOL.

1-O velho vestido de novo

O que falar dos 5 primeiros meses da administração do Tércio Neto (PSD) a frente do executivo municipal de Lajeado? O que tem sido feito de diferente em relação à gestão anterior? O que foram as obras inauguradas durante o aniversário da cidade no último dia 05 de maio (Quadra poliesportiva, 5 casas populares, campo de futebol e torre telefônica na zona rural) se não obras que foram deixadas pela gestão anterior quase concluídas? O que a atual gestão tem feito se não manter a mesma estrutura e o mesmo programa de governo da gestão anterior? Aliás, tem sim algo de diferente. Uma equipe de comunicação/marketing muito atuante – que tem feito enorme barulho nas redes sociais. Mas que certamente não moram e nem vivem a realidade dos lajeadenses, pois se não, não estariam falando tanta besteira. Mas no final das contas são pagos para isso – maquiar a realidade. No entanto, nesses 5 meses de administração, o que está claro é o que sempre dissemos – Que essa administração seria mais do mesmo – uma continuidade da gestão anterior, isto é, o velho transvertido de novo.

2- Projeto de lei tenta criar o feriado do “Dia dos pobres” em Lajeado

Enquanto isso na Câmara de Vereadores de Lajeado o Vereador Adilson Mascarenhas (PTB) apresentou um projeto de leis criando o feriado municipal do “Dia dos Pobres” a ser comemorado em outubro. Agora os pobres de Lajeado não tem do que reclamar, pelo contrário, devem ter orgulho de serem pobres, ainda mais agora que terão um dia para comemorar o orgulho de ser pobre. E assim em vez de combater a pobreza, se aprovar esse projeto de lei, a Câmara de Vereadores de Lajeado vai esta indo na contramão, pois instituir o dia do pobre não é combater a pobreza, mas sim aceita-la. Ora essa. Se os vereadores querem fazer alguma coisa pelos pobres do Lajeado, por que não aprovam um projeto de leis diminuindo seus salários e destinando esse recurso para projetos comunitários?! Por mais nobre que pareça, esse projeto de lei só mostra uma coisa – que ao invés de encarar os problemas de frente, o que se esta tentando é joga-lo para baixo do tapete. Ai, de nós, ai de nós. É muita mediocridade, é muita mediocridade por parte desses que se dizem representantes do povo.

3- Naturatins libera licença ambiental para construção da UHE Monte Santo

O Naturatins cumprindo o seu papel de homologador das demandas do hidronegócio e do agronegócio no Tocantins liberou a licença ambiental para construção da Usina Hidrelétrica Monte Santo no Rio do Sono – na divisa das cidades de Novo Acordo e Rio Sono. Logo se vê que em nenhum momento o governo Estadual através do seu órgão de “proteção ambiental” levou em consideração a população que nas audiências públicas na sua grande maioria se posicionou contra a construção da UHE e nem o fato de que o projeto apresentado pela empresa responsável pelo empreendimento apresentava de forma clara quais seriam os impactos ambientais na região, denuncia apresentada pelo movimento local contra a construção da UHE Monte Santo.

4- A Luta continua: Não á UHE Monte Santo!

É preciso ressaltar que quando entramos nessa briga e denunciamos a construção da UHE Monte Santo. Já havíamos alertado que não nos iludíssemos quanto ao papel do Naturatins.

... não podemos ter nenhuma duvida quanto ao papel do Naturatins nesse processo. Pois o Naturatins no Tocantins existe justamente para homologar os interesses das elites agrárias e correr atrás de pescador – logo, se a população não se mobilizar, o Naturatins vai com certeza liberar a licença ambiental para construção da UHE Monte Santo. (Nunes, 2016)

Não deixemos aqui de reconhecer a belíssima mobilização feita pela população através do Comitê Popular Contra a Construção da UHE Monte Santo. Mesmo com essa mobilização o Naturatins liberou a licença ambiental. O que não quer dizer que tenhamos que dá essa luta como perdida. Continuemos mobilizados, pois a luta continua. Gritemos – Não a UHE Monte Santo.

5- O cinismo como marca de Governo

Ao mesmo tempo em que o governo Marcelo Miranda através do Naturatins aprova uma licença ambiental para construção de mais uma Usina Hidrelétrica no Tocantins – impactando de forma irreversível o nosso bioma. Realiza uma feira agropecuária com o tema “Água, sustentabilidade de vida”. Ora, a construção de mais uma UHE vai justamente na contramão da utilização sustentável dos recursos hídricos do Tocantins. Isso mostra muito bem a característica desse governo – o cinismo. Isso mesmo, não há algo melhor para caracterizar o governo Marcelo Miranda se não o cinismo. E não fazemos essa afirmação diante dessa questão isolada. É só analisar as atitudes e ações desse governo diante de várias questões como as greves no serviço público, o caos na saúde, o ajuste fiscal, os casos de corrupção entre outros. Essa questão especifica, é apenas mais um dos muitos exemplos que mostra o cinismo como marca desse governo. Ora o tema da Agrotins deveria ser: Água, mercantilização da vida! Pois é de fato o que esse governo a serviço do agronegócio e do hidronégocio faz.

6- - É golpista, mas não larga o osso

A militância de uma corrente interna do PT no Tocantins não abre mão de acusar o PMDB de partido golpista. No entanto recusam-se a deixar os cargos que ocupam no governo Marcelo Miranda (PMDB). Chegam inclusive ao extremo de defender um governo indefensável – vendo avanços que não existem. O que dá para perceber é que esses burocratas estão mais preocupados com seus cargos do que propriamente com o sucateamento do partido no Estado, que nas ultimas eleições municipais, por exemplo, conseguiram eleger apenas dois prefeitos. Para manter a coerência no discurso o rompimento do PT com o PMDB deveria ter ocorrido há muito tempo. Mas só agora percebemos esse movimento, já quase no apagar das luzes desse governo, mesmo assim, com resistência. Já que parte da militância recorreu à direção do partido nacionalmente para continuar usufruindo das regalias do poder.

7- O malabarismo teórico do PC do B

Recentemente o PC do B no Tocantins soltou uma nota política justificando o seu apoio à pré-candidatura de Carlos Amastha (PSB) ao governo do Tocantins em 2018. Tentam fazer todo um malabarismo teórico para justificar o injustificável. Chegando inclusive a afirmar que se trata de uma candidatura progressista. Sinceramente não sei de onde eles tiram tanta criatividade. O fato é que não dá para levar a sério um partido que tal como o PT afirma que a presidenta Dilma sofreu um golpe. Mas faz parte de uma gestão onde os dois principais partidos (PSB do prefeito Amastha e PSDB da vice Cintia Ribeiro) estavam diretamente envolvidos na defesa do impeachment de Dilma Rousseff. E que se caso o megaempresário vier a ser eleito governo do Estado, esse megaempresário que o PC do B diz ser a alternativa progressista para o Tocantins, quem assumirá a prefeitura da capital será o PSDB. Ora, senhores, dizei-me, que tática é essa de fortalecimento da classe trabalhadora?

8- Os efeitos dessa tática

A tática do PC do B do Tocantins tem o seu lado positivo, por exemplo, tem atraído um bando de oportunistas que estavam em outros partidos encantados pela possibilidade de terem um quinhão no loteamento de cargos num possível governo Amastha. Quem se deu bem nisso foi o PSOL, pois as figuras que deixaram o partido para irem para o PC do B, incluindo a ex-presidente e o secretário geral da sigla no estado, mais prejudicavam do que contribuíam para construção e fortalecimento do PSOL-TO. A tática do PC do B do Tocantins é uma ótima oportunidade para os oportunistas que vivem buscando um atalho para alcançar seus objetivos. Que vão para o PC do B ou para o PT. E Deixem os partidos de luta para aqueles que lutam.

9- Por outro lado

É triste ver que um partido de referência a nível nacional como o PSOL, com figuras como Glauber Braga, Marcelo Freixo, Renato Roseno, Chico Alencar, Ivan Valente, Jean Willis, Luiza Erundina, Edimilson Rodrigues entre outros, em terras tocantinenses tem servido apenas como trampolim politico para diversos bandos de oportunistas que hora e outra tomam o partido. Tal fato não ocorreria se setores do partido a nível nacional não bancasse esses oportunistas. Por tanto, em ultima analise, a responsabilidade pela falta de credibilidade bem como de crescimento do PSOL no Tocantins não é dos oportunistas que hora e outra chegam à direção do partido no estado. Muito pelo contrário, a responsabilidade é do setor majoritário do PSOL Nacionalmente que banca esses oportunistas em detrimento da militância verdadeiramente de esquerda, coerente e consequente. Que é minoria, mas não mancha o nome do partido.

10- Kátia Abreu paz e amor?

Por fim não poderíamos deixar de comentar a nova imagem que a senadora Kátia Abreu tenta construir, isto é, de um político progressista, e com isso tem inclusive flertado com ideias de esquerda. Critica ferrenha do governo Marcelo Miranda – que ela ajudou eleger. De Michel Temer – que a trouxe para o PMDB. E uma das principais vozes contra a o impeachment de Dilma Rousseff – de quem foi ministra da Agricultura. Entrando assim em rota de coalizão com setores mais radicais dos ruralistas e da direita tradicional. Kátia Abreu que outrora fora uma das parlamentares preferidas da revista Veja, tida como uma grande liderança da direita a nível nacional, eleita pelos movimentos ambientais como a miss motosserra, principal financiadora do MATOPIBA, agora tenta mudar sua imagem. Ora, o que uma pretensão politica não faz com alguém. A radical Kátia Abreu posa agora de boa moça. Tudo para obter apoio a sua pretensão de se candidatar ao governo do Estado. E não faltaram oportunistas que se dizem de esquerda que caíram nesse engodo.

11- Pela construção de uma verdadeira alternativa de esquerda no Tocantins

De acordo com Netto (2013) “A crise contemporânea do mundo do capital abre para nós uma oportunidade concreta de, exercitando a crítica radical, fomentar a reconstituição e a renovação de uma cultura política socialista”. Sabemos que não é uma tarefa fácil, especialmente no Tocantins, onde não temos uma tradição de lutas da esquerda revolucionária. No entanto não podemos abrir mão de exercitar a crítica radical, seja a quem quer que seja, sobretudo a setores que se dizem de esquerda, mas que estão a serviço da direita. Como bem mostramos nos exemplos acima. Além da crítica radical devemos esta de forma incondicional nas lutas da classe trabalhadora no campo e na cidade. É na luta que nos tornaremos referência.  Esse é com certeza o caminho para construirmos uma verdadeira alternativa de esquerda no Tocantins.


Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular, Bacharel em Serviço Social, faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia da UFT e Milita no Coletivo José Porfírio.

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