terça-feira, 6 de junho de 2017

Sobre a consulta eleitoral na UFT para Reitor e Vice-reitor

Nesta sexta-feira (09/06) a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Tocantins (nos seus setes campus) vai novamente as urnas para escolher reitor e vice que comandará a principal universidade do nosso estado no próximo período. Logo é importante a participação de toda a comunidade acadêmica para garantir que os futuros ocupantes da reitoria tenham o aval de todos os seguimentos da universidade, isto é, estudantes, professores e técnicos administrativos.

Nesse sentido a consulta eleitoral é importante, pois mesmo se tratando de uma consulta informal – onde estudantes, técnicos administrativos e professores tem paridade no voto, é onde de fato definirá os eleitos para reitoria, já que caberá ao Conselho Universitário posteriormente, apenas homologar a decisão da comunidade acadêmica. Sendo assim, não podemos boicotar o processo, pois queiramos ou não, haverá consulta eleitoral, e o resultado dessa consulta eleitoral será homologada mesmo que apenas um segmento da universidade, no caso os técnicos administrativos, joguem peso. Pois são de fato, os que mais estão se mobilizando.

Fazemos esse alerta por que fomos um dos que desde o inicio questionamos o porquê de um processo eleitoral tão importante como esse ser feito á toque de caixa. Quando estamos finalizando um período letivo no caso de Palmas, quando alguns cursos e alguns campus já estão em recesso, quando boa parte dos estudantes e professores já estão com a cabeça nas férias. Mas o fato é que apesar de todos os questionamentos, tanto por parte dos estudantes (que se posicionaram publicamente através de uma nota assinada por 31 entidades estudantil do interior e da capital) como dos professores através do SESDUFT, o fato é que a campanha eleitoral esta a todo vapor. E boicotar para tentar reverter posteriormente na justiça não nos parece ser o melhor caminho. É prolongar uma situação de incerteza que só prejudica toda a comunidade acadêmica.

Viver a UFT ou UFT Forte?

Duas chapas disputam as eleições para reitoria da Universidade Federal do Tocantins. A chapa “Viver a UFT” com o número 11, composta pelos professores Bovolato e Ana Lúcia, reitor e vice-reitora respectivamente. E a chapa “UFT Forte” com o número 22, composta pelos professores Adão e Márluce Zacariote, também reitor e vice-reitora respectivamente.

Todos estes faziam parte do mesmo grupo dentro da UFT e, por conseguinte defendiam o mesmo projeto de universidade. Por exemplo, Bovolato já foi diretor do Campus de Araguaína e foi eleito vice- reitor na ultima consulta eleitoral ao lado da professora Isabel Auler. Aná Lúcia é atualmente a diretora do campus de Palmas. Adão foi secretário de educação no primeiro ano do governo Marcelo Miranda (nessa atual gestão) e Marluce atualmente é pró-reitora de comunicação da UFT. Todos são oriundos da antiga Unitins.

O que aconteceu para que esse grupo se dividisse em dois? A disputa eleitoral tem mostrado que se trata mais de uma briga pelo poder do que por projetos diferentes de universidade.

E quem sai na frente é a chapa “Viver a UFT”, não por que é o suprassumo da Universidade Federal do Tocantins, mas por que o outro lado consegue ser pior. O professor Adão trás no currículo uma gestão fracassada a frente da secretária estadual de educação e conta com o apoio do ex-reitor Márcio da Silveira responsável por uma operação da Policia Federal no campus de Palmas e de se silenciar diante das agressões de seguranças da Kátia Abreu a estudantes dentro do campus. Com um apoio desses a chapa “UFT Forte” tem mais a perder do que ganhar. Porém com uma campanha eleitoral que tem sido travada, sobretudo no campo virtual, não dá para decretar a vitória de ninguém de forma antecipada.

Construir uma Alternativa de Esquerda na UFT para o próximo pleito eleitoral

Para além do atual processo eleitoral é necessário que os setores de esquerda, coerente e consequente, se organizem para oferecer a comunidade acadêmica um projeto alternativo de universidade. Pois é fato que os dois grupos atuais que disputam a reitoria não representam um projeto alternativo, mas a continuidade de um projeto em curso desde a criação da UFT. Enquanto não nos unificarmos para construir essa alternativa continuaremos a reboque, sem força para enfrentar as elites que no final das contas é quem tem definido quais os rumos da Universidade Federal do Tocantins. O que é um tanto arriscado, sobretudo na conjuntura de sucateamento das universidades públicas e, por conseguinte de sua privatização.

Mais do que nunca precisamos de uma alternativa que afirma a necessidade de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Essa alternativa que deve ser verdadeiramente de esquerda, não é só necessária como possível. Exemplo maior foi à vitória do professor André Luiz para direção do campus de Miracema, derrotando um grupo que comandava aquele campus quando ainda se tratava da Unitins. No entanto essa alternativa não é algo que se constrói do dia para noite. Por tanto precisamos começar o quanto antes construir esse projeto alternativo que vai muito além da mera disputa por cargos na estrutura burocrática da universidade. Mas que seja sobretudo um polo de transformação da sociedade atual.

Pedro Ferreira Nunes é da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins – CAFIL/UFT. 

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