quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Reforma Política: O discurso e a prática.

Uma das criticas mais frequentes que se faz ao sistema político brasileiro é a cerca do número excessivo de Partidos com representatividade no Congresso Nacional. Fato que obriga o Governo de plantão a ter que barganhar com tais agremiações para poder governar. As criticas atualmente tem partido, sobretudo dos representantes dos grandes Partidos, que no final das contas são os principais responsáveis pela eleição da maioria dos candidatos de Partidos considerados nanicos.

Eis ai o problema. É através das coligações com as grandes agremiações político-partidárias que á maioria de candidatos de partidos nanicos se elegem. Sendo assim se de fato as grandes agremiações político-partidárias estivessem tão preocupadas com isso por que então permitem essas coligações? Permitem por que os favorece, por que com isso terão mais tempo de tv e rádio, por que podem mais facilmente manipula-los – já que a grande maioria se move por interesse, por dinheiro, e não por uma concepção ideológica. Logo, se percebe que o discurso dos lideres dos grandes partidos como PSDB, PMDB e PT está totalmente desligado da prática. O que convenhamos, não é nenhuma novidade.

Ora, se chegamos a um nível tão grande de fragmentação político-partidária, de quem é a culpa se não dos grandes partidos que se alimentam dessa degeneração do nosso sistema político?

O discurso hegemônico atualmente é de que é necessário acabar com as coligações. E inclusive avança no Congresso Nacional um projeto de lei de autoria do PSDB nessa linha. A verdade é que não precisaria de um projeto de lei para resolver uma questão de principio ético-moral das agremiações político-partidárias. Se um determinado Partido defende no seu programa certo principio, do ponto de vista ético-moral seria inadmissível coligar-se com outro Partido que defende um principio totalmente oposto. Em suma, o que queremos dizer é que não precisa de uma legislação para definir uma questão que deveria fazer parte da concepção ética dos Partidos. Está bastante claro que há mais coisa por trás dessa questão. Trata-se da cláusula de desempenho para os Partidos nas eleições.

Ora se fosse só a questão do fim das coligações era tranquilo. O fato é que nem precisaria de uma reforma política para tanto. Era só os Partidos manterem sua coerência programática. O problema é a criação de uma clausula de desempenho ou de barreira que atinge as exceções, isto é, os partidos ideológicos que não se curvam diante dos interesses dos grandes. E no final das contas esse é o principal objetivo desse ponto especifico da reforma política.

Ora, que o sistema político brasileiro esta falido não há nenhuma dúvida. Logo ninguém em sana consciência vai contra a necessidade de uma reforma política. Porém o que há de se questionar é qual reforma política queremos? Confesso que não tenho uma resposta. Mas se não sei responder qual reforma política queremos. Tenho certeza daquela que não queremos. E é exatamente essa que esta em curso no Congresso Nacional.Somos contra tal reforma política por que piora o que já é ruim. Por que em vez de dá condições para que haja uma ampla mudança na política nacional, caminha no sentido contrário, mantendo as coisas como sempre foram, e piorando ainda mais quando busca aniquilar as poucas exceções que existe no parlamento.

Diante disso não tenhamos ilusão, desse Congresso Nacional não sairá nada de minimamente progressivo. Esperar uma reforma política de cima para baixo, como tem sido feito esta, que atenda os anseios da população, é iludir-se.Nos resta portanto, resistir. O que não tem sido uma tarefa fácil, mas se não houver resistência, continuaremos sendo engolidos.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. 

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Cinismo: Á serviço de quem e do que os vereadores de Lajeado estão?

Depois da Discutição do Projeto de Lei que Cria o Feriado Municipal do Dia do Pobre a Câmara de Vereadores de Lajeado Ostenta Riqueza com a Nova Reforma da sua Sede.

A nova legislatura que se iniciou em janeiro de 2017 na câmara municipal trouxe algumas novidades em relação a anterior. Em primeiro lugar a questão da renovação – das 9 cadeiras do parlamento lajeadense, 6 foram renovadas e apenas 3 se reelegeram. Essa renovação é reflexo da rejeição que grande parte da população teve pela legislatura passada. Além da renovação a atual legislatura tem um perfil mais jovem e uma presença feminina mais forte, inclusive ocupando a presidência da casa.No entanto as diferenças para legislatura passada param por ai.

Em sua essência a atual legislatura mantem a mesma relação de dependência do executivo que a legislatura passada. E nesses 7 primeiros meses de legislatura tem como principal legado a discussão do projeto de lei que cria o feriado municipal do dia do pobre e uma nova reforma da sua sede.Aliás, essa atual legislatura conseguiu repercussão a nível nacional ao colocar em pauta a discussão da criação do feriado municipal do dia do Pobre. Após toda uma repercussão negativa tentou-se fazer todo um malabarismo para justificar algo tão sem noção. Por exemplo, que se tratava de uma critica ao fato de uma cidade tão rica não enfrentar devidamente a questão da pobreza. Ora se de fato queriam criticar a politica de enfrentamento a pobreza ou a falta dela no município não seria com um projeto desses.

A verdade é que ás justificativas apresentadas não convenceu ninguém e a presidenta da casa de leis do município (Leidiane Mota/PSD) teve que divulgar nota dizendo que o projeto não havia sido aprovado, mas apenas colocado em discussão. Depois de toda essa repercussão o projeto foi engavetado e não se fala mais no assunto. E agora com a inauguração da nova reforma da sede da câmara de vereadores – ostentando riqueza, é que não se falará mesmo.Pois tal fato pode desencadear a seguinte reflexão na população: a quem serve e a que interesses os vereadores do município de Lajeado estão atendendo?

Esses episódios mostram de maneira nítida a resposta para essa questão. “Os representantes” do povo lajeadense no legislativo municipal estão preocupados com seus próprios interesses. Si é para atender o povo: “– ah, vamos criar o dia do pobre”. E lava-se as mãos para o resto. Por outro lado ostenta riqueza com uma reforma desnecessária da sua sede. Mostrando que dinheiro no município não falta. Não falta é claro, quando é para atender as mordomias e regalias da elite politica que esta no poder. A atual reforma da câmara de vereadores não é nada mais do que isso – dá mais conforto e mordomia para os parlamentares. Enquanto isso a população lajeadense sofre com a precarização dos serviços públicos. Especialmente na educação com a precarização do transporte escolar, na saúde e na assistência social com a falta constante de remédios para população em situação de vulnerabilidade social e na prestação de serviços essenciais.

Legislativo lajeadense ostenta riqueza em nova reforma da Câmara! Quem paga a conta?

A Câmara de Vereadores do Lajeado está pior que igreja católica – todos os anos arranca dinheiro dos fieis para fazer uma nova reforma. Reformas que muda apenas a faixada externa já que internamente continua a mesma coisa. Essa ultima reforma inaugurada pela atual legislatura não poupou recursos. Aliás, não se sabe ao certo quanto foi gasto, já que nas publicações oficiais do legislativo municipal e na imprensa em geral que noticiou o fato não há menção ao valor. Ora, qual o motivo de não se dá ampla divulgação ao valor gasto na atual reforma do prédio da Câmara de Vereadores da Cidade? Isso só dá mais força as especulações que surgem a cerca de que foram gastos valores exorbitantes.

Outro fato que corrobora com as especulações foi que logo na sessão posterior a inauguração da nova reforma da casa de leis do município colocou-se em discussão e aprovou-se um “pacote de bondades” para população. Com destaque para o projeto de lei que cria serviço de wifi gratuito e a oferta de transporte para os moradores da cidade que trabalham em Palmas. Essa espécie de “pacote de bondade” é no fundo uma cortina de fumaça para cobrir o mal estar gerado junto à população com a reforma desnecessária do prédio da câmara municipal.Com isso a vereadora Leidiane Mota (PSD) – presidenta do legislativo municipal – autora do “pacote de bondades” – e seus pares tenta tirar o foco da população – que ao invés de criticar a reforma da casa de leis do município, comemorará “os presentes” recebidos dos parlamentares.

O que não deixa de revelar uma postura cínica da atual legislatura. De acordo com Japiassú (2001) “em seu sentido moral o cinismo ... consiste no desprezo, por palavras e atos, das convenções, das conveniências da opinião pública, da moral admitida, ironizando todos aqueles que 'a elas se submetem e adotando em relação a eles, um certo amoralismo mais ou menos agressivo, mais ou menos debochado”.Já Safatle chama atenção para o caráter racionalista do cinismo. De acordo com este autor o “Cinismo não é apenas uma forma de moral, mas uma certa forma de racionalidade. Cínicas são as ações nas quais repetimos a aparência de legitimidade, mesmo sabendo que todos compreendem que se trata apenas de aparência”.

Ainda de acordo com Safatle (2017) “essa racionalidade cínica exige que a repetição da aparência deva ser feita como se estivéssemos diante da exigência de continuar a jogar um jogo sem sentido...”. Diante das principais ações do legislativo lajeadense podemos afirmar que é justamente isso que tenta fazer os vereadores do município. Ora, sabemos bem que estes projetos de lei não sairão do papel. Como falamos anteriormente a população tem sofrido com a precarização dos serviços públicos. A gestão do prefeito Tércio Neto (PSD) se quer tem conseguido garantir a prestação dos serviços já existentes com qualidade, imaginem com a criação de mais serviços.

Vamos pegar, por exemplo, a questão do transporte. Os universitários que estudam na capital têm sofrido com a precarização do serviço – o ônibus tem ido todos os dias superlotado – o que torna a viagem cansativa e perigosa. Enquanto isso a promessa de aquisição de um ônibus novo e exclusivo para os estudantes universitário vai sendo esquecida. Diante disso, em vez de resolver essa situação a Câmara de Vereadores aprova uma lei para que a prefeitura garanta transporte para os moradores da cidade que trabalham na capital. Não somos contra isso. É obvio que preferiríamos que a população lajeadense não necessitasse deixar suas casas para ir trabalhar em outro município. No entanto de onde virá esse transporte se a frota atual de veiculo do paço municipal não dá conta nem da demanda atual? E se o prefeito não cumprir a lei os vereadores terão peito para processa-lo?

Já a respeito da universalização do serviço de internet de forma gratuita para população.Ótimo. Com certeza não nos opomos. Porém no momento a prioridade deveria ser garantir os remédios que estão em falta na rede municipal de saúde – Um problema que vem se arrastando desde o inicio da atual gestão. Além disso, têm a questão do fornecimento de água e a prestação de serviços bancários que não vamos entrar aqui, mas é um problema sério que até o momento não foi enfrentado.

Todos estes exemplos são para mostrar que os vereadores de Lajeado não estão nem um pouco preocupados com a população. Ora, se assim fosse o dinheiro utilizado na reforma desnecessária da casa de leis do município teria sido investido na aquisição de um ônibus para atender as demandas da população, para instalar o serviço gratuito de acesso à internet na cidade ou para compra dos remédios que estão em falta na rede municipal de saúde. O que não seria de forma alguma ilegal, temos vários exemplos no Brasil de câmaras de vereadores e assembleias legislativas que fizeram esse tipo de ação. Se seguisse esse exemplo os vereadores de Lajeado estariam dando uma melhor utilidade ao dinheiro público. No entanto o que se vê é o contrário – o que só deixa claro á serviço de quem e do que eles estão.


Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular, estudante de Filosofia da UFT e Militante do Coletivo José Porfírio.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Poema: Ipês a florescer

Olha querida Sophia

como é lindo de se vê.

Nessa paisagem tão seca

os ipês a florescer.


Ainda é agosto

e essa secura sem fim.

É cinza pra todo lado

e a chuva nada de vim.


Mais eis que aparece

pra colorir o cerrado.

As lindas flores do ipê

brotando por todo lado.


Como é belo de se vê

no nosso querido sertão.

O roxo e amarelo do ipê

colorindo o cerradão.


Olha querida Sophia

como é lindo de se vê.

Nessa secura sem fim

os ipês a florescer.



Pedro Ferreira Nunes

Casa da Maria Lucia. Lajeado-TO. Lua Minguante. Verão de 2017.

Transposição das Águas do Rio Tocantins?


Foi essa questão que me veio na cabeça quando vi a noticia. Logo pensei comigo – não pode ser algo sério. Qual o político tocantinense em sana consciência tem coragem de defender um absurdo desses? Tudo bem que não dá para esperar coisa muito diferente de figuras como o deputado federal Carlos Gaguim (Podemos) e companhia limitada. Mas um projeto de transposição das águas do Rio Tocantins no atual contexto histórico de escassez de água tanto do Rio Tocantins como de seus afluentes é algo que chega a ser um ultraje à população tocantinense.
Mas o projeto existe e avança no congresso nacional. De acordo com o site de noticias Conexão Tocantins “pronto para ser posto em pauta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados”. O autor do projeto de lei é o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) de Pernambuco. O relator do projeto também é de Pernambuco – o deputado federal Tadeu Alencar (PSB). Que também é favorável ao projeto. Ainda de acordo com o Conexão Tocantins “o projeto de lei nº 6569/13 prevê a inclusão no Plano Nacional de Viação, da Interligação entre o Rio Tocantins e o Rio Preto, localizado no oeste da Bahia e que faz parte da bacia hidrográfica do Rio São Francisco, com o proposito de assegurar a navegação desde o Rio São Francisco até o Rio Amazonas”.
Além do fato do projeto de transposição do Rio Tocantins ser proposto por um deputado pernambucano outra questão que me chamou atenção foi de que se trata de um projeto antigo apresentado pela primeira vez ainda no ano de 1990 e reapresentado em 2013. Ora o contexto no qual o projeto foi pensado é totalmente diferente do contexto atual – a realidade do rio Tocantins hoje é totalmente diferente do que há 27 anos. Há 27 anos não existiam as usinas hidrelétricas que hoje existem no rio, e, diga-se de passagem, há projetos para construção de mais hidrelétricas no rio Tocantins e nos seus afluentes. Como por exemplo, a usina Monte Santo no rio do Sono. Além dos projetos de irrigação e do avanço do agronegócio que consume um grande volume de água.
A seca no rio Tocantins e nos seus afluentes é cada ano mais severa. Um exemplo claro foi à suspensão da travessia de balsa entre Miracema e Tocantinia, pois com o rio muito seco, a balsa não conseguia fazer a travessia sem encalhar. Outro exemplo foi à suspensão pelo Naturatins de captação de água em rios com vazão comprometida. Os exemplos não são poucos. De modo que fica o convite para os defensores do projeto visitar o Rio Tocantins, conversar com a população que vive nas margens do rio e ver a realidade com seus próprios olhos. E não a partir da propaganda que o agronegócio e o hidronegócio faz dos recursos naturais do Estado em busca de financiamento para sua expansão.
Por fim não tem como não ficar perplexo e ao mesmo tempo indignado com o fato de que um projeto dessa magnitude esteja avançando á revelia da população tocantinense. Como falamos anteriormente trata-se de um ultraje. Ultraje que não devemos aceitar calados e pacificamente. O Rio Tocantins é um patrimônio do povo tocantinense e não podemos aceitar que aqueles que não conhecessem a realidade que enfrentamos no dia a dia venham dizer o que se deve ou não fazer com esse patrimônio.
Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Paisagens Sertânicas

“Meu mar é o sertão”.
Chico Cesar

Sempre quis conhecer o nordeste brasileiro, não o litoral – o mar, as praias. Mas o sertão. O sertão das estórias de cordel, de Virgulino Lampião, de Luiz Gonzaga que eu ouvia na minha infância. Depois na adolescência ao ler “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, ao conhecer a poesia do Patativa do Assaré, e ao ler e assistir o “Auto da compadecida” de Ariano Suassuna. Já adulto, são as canções do Elomar Figueira Mello que mantem essa paixão acesa. E é justamente suas canções que ecoam nos meus ouvidos quando da janela do ônibus contemplo essa paisagem triste, triste mas bela. Essa paisagem sertânica, que trago dentro de mim, desde muito menino.

Contemplo a paisagem e penso comigo: o tempo por aqui parou. Nem o agronegócio e o seu projeto de “modernização” chegou por aqui. As casinhas de barro, de adobe e pau a pique resistem. A rocinha de milho, de mandioca, uma criação de bode, as galinhas, alguma vaquinha, o jumento, a oficina de fazer farinha. As igrejas ainda estão enfeitadas com as bandeirolas das festas juninas – dos festejos de São Pedro, Santo Antônio e São João. O povo resiste mesmo diante das dificuldades que não são poucas. A água é escassa, a seca castiga. Mas é melhor permanecer ali do que engrossar os índices de miséria das periferias das grandes cidades. 

Seguimos rumo ao litoral, meus companheiros mal veem a hora de chegar ao mar, conhecer as praias. Eu preferia ficar por ali, embrenhar sertão adentro, conhecer a história daqueles povoados, das pessoas que ali sobrevivem. E quem sabe até não encontrasse um parente distante que meu avô Romualdo e meu pai Zé Ferreira deixaram para trás quando decidiram deixar o sertão nordestino para viver no antigo norte goiano. 

Quem sabe um dia eu não retorne a essa “pátria veia do sertão” para viver numa casinha dessas, cultivar uma rocinha de milho, criar uns bodes e desenterrar minhas raízes paternas. Ai como eu queria ter tido a oportunidade de ouvir as estórias do meu avô Romualdo a cerca da sua vida por ali. O que o fizera deixar o sertão nordestino para ir viver no sertão tocantinense? Sei que ele tinha muitas estórias para contar, nasceu em 1910 e viveu até a década de 50 – viveu o período áureo do cangaço, do reinado de Lampião. Mas não tive essa oportunidade, quando ele morreu, eu era ainda criança.

Voltando para casa e olhando da janela do ônibus aquela paisagem, reflito a cerca da semana de debates e discussões em Fortaleza no Encontro Nacional de Estudantes de Filosofia, que teve como tema “Repensar a filosofia no Brasil”. Se de fato quisermos repensar a filosofia no Brasil devemos olhar mais para o nosso interior, para o nosso sertão. E nessa viagem percebi que não se trata de uma tarefa fácil. Percepção que não veio das discussões e debates, mas de um exemplo simples, do fato de que as pessoas estavam mais preocupadas em conhecer o mar do que voltar o olhar para aquela paisagem que nos acompanhou em boa parte da viagem e que compartilho nessas poucas fotografias.




























Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Estudante de Filosofia da UFT.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Nota de repúdio a Guarda Metropolitana pela Violência Utilizada na Ação de Despejo de Famílias Sem Teto em Palmas

“Expor aos oprimidos a verdade sobre a situação é abrir-lhes o caminho da revolução”.
Leon Trotsky
O Coletivo José Porfírio vem através desta, repudiar com veemência a ação violenta da Guarda Metropolitana a serviço do prefeito Amastha e de especuladores imobiliários, no despejo de famílias de trabalhadores Sem teto que ocupavam legitimamente na luta por moradia um terreno em Palmas.

A ação ocorreu na surdina no dia 27 de julho e não poupou crianças e nem mulheres como denunciaram as famílias na defensoria pública. Aliás, a própria defensoria pública questiona o fato de não terem sido comunicados para acompanhar o despejo. Esse fato mostra bem que a utilização da violência se deu de forma planejada com o intuito de intimidar as famílias para que não realizem outras ocupações. Logo não era interessante que a ação fosse acompanhada pela defensoria pública. E assim a Guarda Metropolitana a mando da gestão Amastha, ignorou totalmente o direito das famílias de serem assistidas pela justiça, diga-se de passagem, esse não é um caso isolado, mas uma postura frequente dessa gestão.

Em diversos episódios o prefeito Amastha mostrou que não gosta de ser questionado, e quando há alguma ação dos movimentos sociais ele não pensa duas vezes em utilizar a guarda metropolitana para reprimir essas manifestações. E o uso da violência contra cidadãos que legitimamente lutam pelos seus direitos se repete por que nunca há uma punição aos responsáveis por cometer essas ações. E enquanto não houver uma punição severa, ações violentas como essa serão realizadas, que inclusive pode acabar numa tragédia maior, por exemplo, a morte de alguém.

Diante disso exigimos do Ministério público, defensoria pública e da prefeitura de Palmas uma investigação profunda e punição aos responsáveis por essa ação violenta de despejo. Exigimos também que o direito a moradia dessas famílias seja respeitado. Ora, se o poder público estivesse cumprindo o seu papel que é de garantir o direito fundamental à moradia com certeza essas 50 famílias não estaria ocupando áreas que servem apenas para especulação imobiliária.

Também gostaríamos de nos solidarizar com as famílias de trabalhadoras e trabalhadores sem teto. Declarar nosso incondicional apoio à luta contra a especulação imobiliária, contra o déficit habitacional e em defesa de uma reforma urbana já. Exigimos que a luta por moradia deve ser tratada com politica e não como caso de policia e com repressão.

Para nós do Coletivo José Porfírio “quando morar é um privilegio, ocupar é um dever”. E não serão essas ações violentas que busca criminalizar a luta por moradia em Palmas que conseguirá barra-la. Ou mesmo a cooptação de lideranças do movimento sem teto, como no caso da filiação de militantes do MTST ao PC do B que faz parte da gestão Amastha. A luta por moradia e por uma reforma urbana é muito maior que algumas lideranças pelegas e da tentativa de criminalização por parte do estado.

Pedro Ferreira Nunes
Pelo Coletivo José Porfírio


Casa da Maria Lucia. Lajeado – TO. Lua Nova, verão de 2017.

Breve Balanço do 33º Encontro Nacional dos Estudantes de Filosofia – ENEFIL.

“Não há motivos para festa: Ora esta! Eu não sei rir a toa! Fique você com a mente positiva, Que eu quero é a voz ativa (ela é que é uma boa!)...”
Belchior

Repensar a filosofia no Brasil e reconstruir o movimento estudantil dos estudantes de filosofia a nível nacional. É. Não se tratava de uma tarefa fácil, ou melhor, não se trata de uma tarefa fácil. Já que essa questão não se finda com o encerramento da 33º edição do ENEFIL. No entanto foi isso que nos propôs os organizadores dessa edição. E o convite foi aceito por estudantes de todas as cinco regiões do país, que mesmo diante da conjuntura caótica que vivemos, conseguiram se articular, se mobilizar e se organizar para se deslocar até Fortaleza – capital cearense – que sediou o encontro.

O 33º ENEFIL de fato foi um evento histórico. Já esperávamos que assim fosse, tanto que era o principal argumento que utilizávamos na nossa batalha para garantir que a UFT liberasse um ônibus para garantir uma delegação tocantinense no evento. No entanto nossas expectativas foram superadas. Pois nos sete dias de evento– as mesas, comunicações, minicursos, oficinas e vivências nos propiciarama refletir sobre a tarefa tão necessária de repensar a filosofia no Brasil bem como da necessidade de reconstrução do movimento nacional dos estudantes de filosofia. De modo que ouso afirmar – a organização a nível nacional dos estudantes de filosofia esta em outro patamar. E tal afirmação se dá, sobretudo após a criação ou recriação da Executiva Nacional dos Estudantes de Filosofia – ENEF, que contou com o apoio do CAFIL/UFT e demais 15 entidades estudantis das cinco regiões do país.

ENEF – Uma entidade nacional de luta dos estudantes de Filosofia.

Nos últimos anos os estudantes de filosofia estavam sem uma entidade representativa a nível nacional. O que é extremamente nocivo, sobretudo diante de uma conjuntura de ataques aos nossos direitos pelo famigerado (des)governo Temer. A ENEF que é composta por estudantes de universidades das cinco regiões do país tem um papel fundamental nesse próximo período – Organizar a resistência a nível nacional dos estudantes de filosofia contra projetos como o “escola sem partido”, o “novo ensino médio”, e o sucateamento e privatização das universidades públicas. Além da tão necessária solidariedade de classe aos trabalhadores que estão tendo seus direitos pulverizados pelo governo ilegítimo de Michel Temer. Nós dos Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos continuaremos o tão fundamental trabalho de base e a resistência na base.

Com isso não estou afirmando que ENEF, Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos devem atuar de forma separada. Pelo contrário, respeitando a especificidade de cada um, todos devem manter diálogo permanente bem como construir uma relação horizontal, tanto para que C.A´s e D.A´s fortaleçam a ENEF, bem como a ENEF deve fortalecer os C.A´s e D.A´s.

Estudantes de Filosofia do Brasil Contra os Ataques a Educação!

Seguindo a linha de que não basta compreender é também preciso transformar a sociedade que vivemos é que tomamos as ruas da capital cearense coroando assim uma semana de grandes discursões e ótimos debates. E a denuncia do ataque a educação pelo governo ilegítimo de Michel Temer deu o tom da manifestação. Tratou-se de um momento importante do 33º ENEFIL que ficará para história juntamente com a criação da ENEF. O ato mostrou para sociedade em geral a nossa disposição de resistir aos ataques do (des) governo Temer. E mostrou a nós mesmos que não há outro caminho se não o da luta. Com isso voltamos para nossas universidades com mais força e energia para enfrentarmos os desafios que virão pela frente.

Delegação da UFT no 33º ENEFIL

A delegação da UFT Foi uma das maiores delegações do 33º ENEFIL, o que foi possível por que após muita luta garantimos que a UFT liberasse um ônibus. No entanto não foi uma tarefa fácil – da Proest até a reitoria a nossa solicitação fora negada num primeiro e num segundo momento. Mas pela compreensão da importância histórica do evento, da necessidade de estarmos nesse espaço do qual estávamos ausente a alguns anos, da importância da experiência para nossa vida acadêmica, para o fortalecimento do movimento estudantil de filosofia na UFT e do próprio curso, não deixamos de lutar em nenhum momento. E sem fazer nenhuma concessão, sem abrir mão dos nossos princípios e de nossa autonomia conseguimos êxito na nossa demanda.

A maioria da nossa delegação estava participando pela primeira vez do ENEFIL, tal fato talvez se deu por que não participamos das ultimas edições do evento. Era, portanto uma delegação inexperiente, mas que, no entanto teve uma participação significativa, inclusive apresentando trabalhos. Problemas ocorreram e que devem ser corrigidos nos próximos eventos, mas nada que tenha prejudicado a participação da delegação como um todo.

A tarefa histórica de derrubar muros e construir pontes

Eis o desafio histórico que se coloca diante de nós e que devemos esta à altura do mesmo. E o sentimento que trouxemos conosco do 33º ENEFIL é que sim, que temos condições e disposição para assumir essa tarefa histórica. Temos sido protagonistas nos espaços que atuamos, estamos na linha de frente das lutas populares, temos diariamente derrubado muros e construídos pontes, e seguiremos assim, “hasta lavictoriasiempre”.

Pedro Ferreira Nunes – Faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia da UFT.