quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A Greve dos Professores da Rede Municipal de Palmas e a Intransigência de Carlos Amastha

Professores que estão em Greve de fome.
A intransigência é uma das principais características da gestão municipal comandada pelo prefeito Carlos Amastha (PSB). Intransigência que se expressa inclusive na utilização da força. Foi o que vimos recentemente no despejo de famílias sem teto pela guarda metropolitana. Intransigência que vemos agora na recusa em dialogar com mães e pais de família que legitimamente lutam pelos seus direitos. Trabalhadores que chegaram ao extremo de fazer uma greve de fome para poder ser ouvidos.

Qual a justificativa para mais essa postura intransigente do prefeito Carlos Amastha? Ele se apoia em duas questões: Primeiro na decisão judicial que tornou a greve ilegal. E em segundo lugar no argumento que se trata de um movimento politico e que, portanto não tem legitimidade.

Sobre a decisão judicial a primeira questão que nos vem à mente é a agilidade da justiça tocantinense que em menos de 24h julgou o movimento grevista ilegal. Uma agilidade que não se vê quando se trata de atender as demandas do povo trabalhador. Além da agilidade outro fator que chama atenção é o argumento utilizado na sentença dada pelo excelentíssimo juiz Zacarias Leonardo que entendeu não existir pauta de reivindicação e muito menos um plano de greve que “garanta a prestação suficiente do serviço público essencial”. Ainda segundo a sentença não houve por parte do sindicato busca de dialogo com a prefeitura antes de deflagrar a greve.

Ora dizer que não existe pauta de reivindicação chega a ser ridículo. É querer “tampar o sol com uma peneira” como diz um velho ditado popular. É zombar da nossa capacidade de raciocínio. Também não dá para aceitar o argumento de que os professores não buscaram o dialogo antes de deflagrarem a greve. O fato é que não dá para dialogar com quem se recusa ao dialogo. De modo que se há intransigência de algum lado, os fatos mostram nitidamente que tal intransigência não parte dos grevistas.

Vê-se, portanto que a decisão judicial na qual o senhor Carlos Amastha (PSB) tanto se apoia. É uma decisão um tanto questionável. Decisão judicial que deve mesmo ser ignorada pelos grevistas, pois reafirmando o que escrevemos num outro episodio: “só os professores, que com suor e lagrima, fazem a educação no município de Palmas tem legitimidade para isso, só a eles cabe o papel de declarar se a greve é ou não ilegal”. (Nunes, 2015).

O segundo argumento utilizado pelo prefeito Carlos Amastha (PSB) de que se trata de um movimento político e que, portanto não tem legitimidade deve ser refutado também. E não é negando que se trata de um movimento político. Pelo contrário. Se deve sim afirmar o caráter político do movimento grevista. Pois a final de contas o que é a greve se não um instrumento político de luta e resistência dos trabalhadores pelos seus direitos?!

Quando falamos que a greve dos professores se trata de um movimento político, é importante destacar o nosso conceito de política. Isto é, política na sua concepção clássica, como tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos, ao governo da cidade e aos negócios públicos. Política como um elemento de busca pelo bem estar do coletivo na sociedade. Logo ao tentar deslegitimar o movimento grevista dizendo que se trata de um movimento político, o que o prefeito Amastha faz é legitima-lo ainda mais.

Por outro lado, o discurso que tenta deslegitimar o movimento grevista acusando-o de se tratar de um movimento político nos revela a concepção de politica do senhor Carlos Amastha – Autoritária e antidemocrática. Política como algo instrumental que esta ligada mais a busca de interesses particulares do que pelo bem da coletividade. Mas se ele utiliza a vida pública para atender interesses privados, não significa que todos façam o mesmo. Muito pelo contrário, ao deflagrarem uma greve para defender condições para que seja ofertada uma educação de qualidade pra sociedade, os professores estão dando uma lição de como se deve fazer política.

Amastha se coloca como pré-candidato ao palácio Araguaia nas eleições de 2018. O discurso é de que ele representa uma nova forma de fazer política no Tocantins – na prática não há muito diferença com as oligarquias que se revezam no poder desde a criação do Estado. Sua postura autoritária e antidemocrática revela muito bem o seu caudilhismo. Que a população tocantinense não se iluda com figura tão medíocre e desprezível. E que as trabalhadoras e os trabalhadores da educação municipal que estão em greve e que contam com a solidariedade de toda a sociedade não recuem um milímetro na luta legitima por direitos.


Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. Atualmente cursa Filosofia na Universidade Federal do Tocantins.

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