terça-feira, 6 de março de 2018

CONJUNTURA POLÍTICA NO TOCANTINS – Parte V

09- Eleições 2018 no Tocantins;

É um processo que está em pauta há muito tempo – tanto a nível federal como estadual. E tem sido motivos de debates profundos. Há os otimistas que acreditam que será inaugurado um novo ciclo político no país com a eleição de uma nova figura. Há os que acreditam na continuidade do projeto de espoliação dos trabalhadores capitaneado por Michel Temer e seus lacaios. Há também os que acreditam no retorno do lulismo com a eleição de Luiz Inácio. Há os que acreditam no salvador da pátria (Bolsonaro) e seu nacionalismo de faixada. E há os que defendem que se quer haverá eleições em 2018. Entre eles, o filósofo Vladimir Safatle.

De acordo com Safatle (2017) “essa hipótese hoje tem várias formas de tomar prática. A primeira é uma eleição comprometida, uma eleição “bielorrussa” onde você impede de concorrer todos os candidatos que tem chance de ganhar e que não fazem parte do núcleo hegemônico do poder atual. De outro lado você tem a velha opção do parlamentarismo, que é o sonho de consumo das oligarquias locais, eliminando a eleição presidencial de vez... por fim, não se dá para descartar hoje uma guinada mais explicitamente autoritária. O que não pode ser descartado em nenhum momento”. Esse é o cenário a nível nacional. Mas e no Tocantins? Que é o foco da nossa analise aqui. É fato que o Tocantins têm ás suas especificidades, no entanto não se pode negar que o cenário nacional reflete e refletirá ainda mais no cenário regional, tanto positivamente como negativamente.

No Tocantins o processo eleitoral de 2018 foi colocado em pauta no dia seguinte após a confirmação da reeleição do prefeito Carlos Amastha (PSB) para comandar a prefeitura da capital. Em entrevista a imprensa local ele deixou claro o projeto da construção de uma candidatura alternativa aos políticos tradicionais. Nessa oportunidade tivemos a ousadia de escrever um artigo apresentando o quadro político-partidário no Tocantins após as eleições municipais e uma reflexão sobre as perspectivas para 2018. 

A partir da analise das eleições municipais de 2016 apontamos três forças políticas que iriam desempenhar papel de protagonista no processo eleitoral de 2018 – PMDB, PSD e PSB. E nesse cenário protagonizado por estes partidos ganhavam destaque o nome do governador Marcelo Miranda, apesar da baixa popularidade. Da senadora Kátia Abreu, então filiada ao PMDB, mas que acreditávamos que logo, logo se transferiria para o PSD. E o prefeito Carlos Amastha. Além dessas três forças apontamos outros partidos que saíram fortalecidos das eleições municipais e se apresentavam como “aliados cobiçados”. Por exemplo, o PR, PV, PP e o PRB. 

Outro ponto que destacamos foi à quantidade de partidos diferentes que administrariam os 139 municípios do Estado – 21 no total. Também apontamos que nas 20 maiores cidades do Estado teriam 9 partidos diferentes a frente das prefeituras. Essa fragmentação de representação política é reflexo em grande medida do enfraquecimento das siglas tradicionais como PMDB, PSDB e PT. 

A partir dai concluímos que “o resultado das ultimas eleições municipais no Tocantins consolida um processo de fragmentação dos grupos políticos tradicionais e o surgimento de novos atores políticos no cenário estadual”. (Nunes, 2016). 

O que mudou de lá para cá? PMDB, PSD e PSB continuam sendo os três principais grupos políticos do Estado? Marcelo Miranda, Kátia Abreu e Carlos Amastha são os três pré-candidatos mais fortes? Quem cresceu? Quem perdeu espaço? Quem abandonou a disputa? Surgiu alguma novidade relevante no cenário político regional? Qual o peso dessa novidade ou dessas novidades na disputa eleitoral de 2018? São questões que buscaremos responder ao analisar as pré-candidaturas postas até o momento ao governo do Estado.

10- Pré-candidaturas ao governo do Tocantins;

Se analisarmos aqueles que eram até então os três principais pré-candidatos ao governo do Tocantins – Marcelo Miranda (PMDB), Kátia Abreu (Sem Partido) e Carlos Amastha (PSB). Mesmo com as mudanças que ocorreram na conjuntura são nomes que não podem ser descartados. No entanto sem duvidas a senadora Kátia Abreu dos três é quem mais enfraqueceu e perdeu espaço. O que aconteceu não pelo crescimento dos seus adversários, mas pela tática errada que ela assumiu. Aproveitando-se da inercia dessas candidaturas é que outros nomes surgiram á exemplo do prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PR). Além de Ataídes Oliveira (PSDB), Paulo Mourão (PT) e Marlon Reis (Rede Sustentabilidade).  Seguindo a tendência da fragmentação das forças político-partidárias diante dos desgastes das siglas tradicionais que apontamos em 2016

10.1- Kátia Abreu;

Kátia Abreu decidiu gastar suas energias e se desgastar publicamente numa briga sem sentido – permanecer no PMDB. Por que era uma briga sem sentido permanecer no PMDB? Ora, qual o sentido de brigar para permanecer num partido em que se é contra tudo e todos? Kátia Abreu era uma pessoa “non mui grata” no partido a nível regional. E não fazia nenhuma questão de ser. Tanto que fazia oposição ao governo do seu próprio partido. O que não era diferente a nível nacional. Se voltando inclusive contra quem havia bancado sua entrada na legenda (Michel Temer). De modo que se havia uma coisa certa é que a senadora não permaneceria no PMDB – já havíamos cunhado isso em 2016.  Só restava saber se ela sairia por conta própria ou si seria expulsa. 

Acreditávamos na primeira opção – que para nós era a tática mais acertada. Ora, justificativas para sair do PMDB conservando o mandato não lhe faltava. Era pegar o chapéu, se transferir para o PSD (comandado pelo seu filho), e a partir dai construir sua candidatura ao governo, fazendo oposição tanto à gestão de Marcelo Miranda a nível estadual como ao prefeito Carlos Amastha na capital.

Mas ela optou por continuar no PMDB, tentando evitar algo que era inevitável. Acabou sendo expulsa e hoje sem partido mantem o seu nome na disputa. Mas não tem a força que tinha outrora. Se quer terá o apoio 100% da sua base tradicional – os ruralistas. Além disso, ela tem pouca capacidade para o dialogo o que dificulta o ingresso dela em algum partido e ainda pior para articular uma base de apoio. Ela que nunca fora uma figura unanime a nível regional, tanto que quase perdeu a disputa para o senado nas ultimas eleições para o candidato Eduardo Gomes (A senadora foi reeleita com 41,64% contra 40,77% do seu adversário). E isso quando o seu nome era tido como a grande referencia política do Tocantins a nível nacional.

Diante desse quadro podemos afirmar que Kátia Abreu dificilmente, se insistir com a candidatura, terá condições de se eleger governadora do Tocantins, realizando um antigo sonho. Por outro lado não se pode desprezar a influência e o poder que ela têm junto aos ruralistas. A reeleição dela para comandar a FAET (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins) com 72,5% é um bom exemplo. De modo que sendo ou não candidata não dá para despreza-la. 

10.2 – Marcelo Miranda;

Apesar de uma gestão marcada pelo caos e por uma baixa popularidade como já pontuamos nesse texto, o nome de Marcelo Miranda surge naturalmente como um dos postulantes ao Palácio Araguaia. Por que isso se dá? Por diversos fatores. Fatores que faz com que qualquer analista sério, apesar da conjuntura, não descarte o nome de Marcelo Miranda.

Um primeiro fator é que Marcelo Miranda é o principal nome do maior grupo político hoje no Estado que é o PMDB. Além do que é o grupo político que comanda a máquina pública estadual e de diversos municípios. Outro fator é que Marcelo Miranda se fortaleceu mais ainda no PMDB, sobretudo com a expulsão da Senadora Kátia Abreu e as saídas do deputado Carlos Gaguim entre outras lideranças como Junior Coimbra. Outro fator é que quem além de Marcelo Miranda o PMDB poderia lançar como candidato com chances reais de ganhar? Dulce Miranda, Josy Nunes ou o velho Moises Avelino? O fato é que apesar de todos os desgastes, nenhum desses nomes tem mais peso que o nome de Marcelo Miranda. Poderia o PMDB apoiar o candidato de outro partido? Creio que isso é pouco provável. Até por que as últimas ações do governo apontam para um projeto eleitoral – são anúncios de empréstimo para investir em infraestrutura, lançamento de obras, inaugurações, convocação do concurso da PM, beneficio para os servidores com a alteração do pagamento do decimo terceiro na data de aniversário destes, entre outras. Além de mais investimento em marketing e propaganda das ações do governo.

De modo que a perspectiva é que para Marcelo Miranda não ser candidato, só se acontecer algum impedimento judicial. Pois como se sabe há várias ações na justiça contra o governador. E que ninguém se iluda, não será um candidato fácil a ser batido. Por outro lado Marcelo Miranda está longe de ser o favorito. Ao contrário do que foi a eleição passada que venceu Sandoval Cardoso (SD) com 51,30% contra 44,72% dos votos validos. 

Nesse pleito eleitoral será Marcelo Miranda que terá o ônus de uma gestão ruim, e enfrentará candidatos de peso que apresentaram um discurso de renovação. Nas outras eleições Marcelo Miranda era o novo contra o velho. Agora a coisa se reverterá. Marcelo Miranda será o velho a ter que ser superado – seus adversários não pouparam esse discurso.

10.3 – Carlos Amastha;

Amastha é tido como um dos favoritos no pleito eleitoral de 2018 para o governo do Estado. Sobretudo após sua reeleição tranquila para comandar a prefeitura da capital. Seu nome acabou se fortalecendo ainda mais devido à péssima gestão do governador Marcelo Miranda e do enfraquecimento da senadora Kátia Abreu. Tanto que ele acabou se empolgando e começou a querer “colocar a carroça a frente dos bois” como se diz popularmente.

Me recordo que assim que terminou o pleito eleitoral de 2016, algumas vezes ouvi colegas comentar que ele seria o próximo governador do Tocantins. Para mim era um tanto precipitado decretar a vitória de alguém antes do jogo começar. Mas havia e há aqueles que acreditam nisso. E o pior é que o próprio prefeito parece acreditar. E do alto da sua soberba começou a desprezar sua base, acreditando na sua autossuficiência para vencer a eleição. O resultado não poderia ser mais catastrófico. O seu partido (PSB) que tinha tudo para crescer após as eleições de 2016 acabou se enfraquecendo, perdendo importantes prefeituras, em especial a de Gurupi administrada pelo prefeito Laurez Moreira que se transferiu para o PSDB. 

No melhor estilo Donald Trump não poupou criticas a ninguém, especialmente ao que ele chama de “velha política”, mas só conseguiu com isso fechar várias portas de lideranças políticas tradicionais que poderiam lhe apoiar no interior. 

Enquanto isso na Câmara de Vereadores de Palmas viu a sua base diminuir e a oposição crescer, inclusive impondo derrotas para o executivo. Amastha também se desgastou com o principal grupo de eleitores do Estado (os servidores públicos) diante da sua intransigência diante da greve dos professores da rede municipal. Intransigência também que vimos contra trabalhadores sem teto e outras manifestações de trabalhadores onde o prefeito não pensou duas vezes em utilizar a guarda municipal para reprimi-las. Sem contar inúmeras ações que afetam a vida do cidadão que foram tomadas pela gestão Amastha sem nenhum diálogo.

O prefeito Carlos Amastha acredita que pode repetir o mesmo feito de quando foi eleito pela primeira vez prefeito de Palmas – quando venceu políticos tradicionais de grupos com mais estrutura que a sua. No entanto é preciso compreender que ás eleições estaduais tem características totalmente diferente das eleições municipais, sobretudo nas capitais. Sem capilaridade no interior, Amastha não vencerá as eleições apenas com os votos que terá nos grandes centros urbanos.

Peguemos por exemplo à disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves em 2014 a nível nacional. Aécio venceu na maioria dos grandes centros urbanos do país, mas Dilma acabou sendo eleita com uma votação expressiva no interior do país.

Outro ponto é que Amastha apostava todas as suas fichas no discurso da nova politica contra a velha e na propagando dos seus feitos na gestão da capital. No entanto isso não será suficiente, sobretudo com a entrada de candidaturas que também se utilizaram dessa narrativa. Candidaturas que inclusive se mostram com maior potencial de crescimento. Já que o crescimento de Amastha parece ter se dado antes da hora e agora tende a cair mais do que crescer. 

Até mesmo o tom da imprensa regional sobre a candidatura Amastha ao governo do Estado começa a mudar. E a sua tática de se afastar da prefeitura para assumir a Frente Nacional de Prefeitos e assim ter mais visibilidade e fortalecer sua candidatura ao governo não surtiu o efeito esperado. E tudo isso tem se dado também pela entrada de um novo nome no páreo que se mostra bastante competitivo (Ronaldo Dimas). Por fim resta saber se Amastha vestirá as sandálias da humildade para que continue sendo uma candidatura competitiva com chances reais de ganhar a disputa eleitoral ou continuará apostando num discurso arrogante e prepotente.

10.4- Ronaldo Dimas;

Ronaldo Dimas (PR) surge como uma alternativa àqueles que eram até então considerados os principais nomes ao governo do Estado, isto é, Kátia Abreu, Marcelo Miranda e Carlos Amastha. E o que o torna diferente das outras pré-candidaturas lançadas, como a de Ataídes Oliveira, Paulo Mourão e Marlon Reis? Dimas é o único que tem potencial de crescimento, pois ao mesmo tempo em que se apresenta como uma novidade é inteligente suficiente para saber que não ganhará uma eleição estadual no Tocantins sem o apoio das velhas oligarquias, de modo que ele não deixa de criticar, mas não despreza Siqueira, Marcelo Miranda e nem Kátia Abreu.

Prefeito reeleito do segundo maior município tocantinense. Tem um perfil parecido com Amastha. Sua candidatura é uma novidade ainda que ele não seja um político novo, como Amastha também não é – Apesar do discurso contrário. É um empresário assim como o colombiano e tem um perfil mais de gestor do que “político”. 

Mas há duas diferenças de perfil que faz com que sua candidatura tenha maior potencial de crescimento. A primeira característica é que Dimas é discreto – o que faz com que ele fuja de polêmicas desnecessárias. Amastha como se sabe é o prefeito das mídias sociais, e assim como outros de perfil parecido (Trump e Dória) fala mais do que deveria. Outra característica de Dimas é a capacidade de dialogo com grupos políticos distintos – o que torna a sua candidatura bastante receptiva tanto por parte de políticos tradicionais como de novas gerações.

Em relação ao PR, o partido que lançou a pré-candidatura de Dimas. Comandado pelo senador Vicentinho, político tradicional e Siqueirista de carteirinha. É um dos partidos que cresceu nas ultimas eleições municipais no Tocantins, inclusive sendo o terceiro partido que mais elegeu prefeitos, ficando apenas atrás do PSD e PMDB. E ao contrário do PSB de Amastha o PR não entrou em crise cominando com a saída de prefeitos e lideranças políticas da legenda. Pelo contrário, o partido se fortaleceu diante do enfraquecimento dos seus principais adversários. Com isso tem mais condições de atrair aliados para construção de uma coligação forte.

Em 2016, após as eleições municipais não acreditávamos que o PR apesar de ter saído como a terceira maior força político-partidária das urnas não lançaria candidatura para o governo. “...o PR deve batalhar, sobretudo para reeleger o senador Vicentinho e o seu filho Vicentinho Jr para câmara dos deputados bem como manter ou ampliar seus mandatos na Assembleia Legislativa...”. (Nunes, 2016). O que mudou desde então para que o partido decidisse lançar o nome de Dimas ao governo do Estado? O senador Vicentinho que é uma raposa velha percebeu muito bem o vácuo político diante da estagnação ou mesmo de retrocesso dos três principais nomes e deu um tiro, um tiro certeiro. Se Dimas ganhará? Ninguém pode dizer. Mas com certeza o PR sairá mais fortalecido. Pois o senador Vicentinho terá uma chapa forte para disputar a sua reeleição, assim como o seu filho Vicentinho Jr e outros nomes da legenda. 

Ainda sobre a candidatura de Ronaldo Dimas, não temos ilusão do projeto político que ele representa, no entanto não se pode negar que a sua presença na disputa qualificará o debate. Assim como nomes como Marlon Reis e Paulo Mourão. O que exigirá dos seus adversários menos ataques e mais propostas.

10.5- Ataídes Oliveira;

Até que ponto a candidatura de Ataídes Oliveira (PSDB) é mesmo pra valer? O fato é que o lançamento da sua pré-candidatura não tem empolgado ninguém, ouso dizer que nem mesmo a militância do seu próprio partido. Não seria mais prudente disputar a reeleição para o senado numa composição com Amastha? Até por que a candidatura de Amastha favorecerá o PSDB que assumirá a prefeitura da capital com a vice-prefeita Cintia Ribeiro. Ou até mesmo se lançar como vice de Amastha ao governo do Estado. Não será essa a tática tucana? Lançar uma pré-candidatura para ter maior condição de barganhar uma melhor posição em uma coligação com um dos nomes fortes ao governo do Estado?

É a única explicação para uma candidatura do senador Ataídes Oliveira. Pois se na eleição passada em que havia menos nome na disputa, ele teve um resultado pífio, imagine agora que as eleições serão mais disputadas.  Atualmente ele tem no mínimo quatro nomes a sua frente. Em 2014 era apenas dois (Marcelo Miranda e Sandoval Cardoso), mesmo assim só teve 3,54% dos votos. É fato que agora ele esta em um partido mais forte a nível nacional. Em 2014 disputou a eleição pelo PROS, agora está no PSDB. Como também teve certo destaque a nível nacional chegando a presidir CPI no Senado. Inclusive, como reflexo disso o PSDB acabou crescendo com a entrada de prefeitos e outras lideranças que romperam com o PSB do Carlos Amastha.

No entanto isso não apaga a rejeição que a população teve ao partido nas urnas, elegendo apenas cinco prefeitos da legenda nas ultimas eleições municipais. De modo que não será muito diferente se Ataídes insistir com a candidatura ao governo, podendo inclusive ter uma votação mais pífia do que foi em 2014. Aliás, nem se candidatar ao senado Ataídes Oliveira será favorito, quem sabe para câmara dos deputados.

10.6- Paulo Mourão;

A grande dificuldade de Paulo Mourão é unificar o seu próprio partido, pois não é segredo para ninguém que há uma corrente interna que defende a aliança do PT com a senadora Kátia Abreu. Aliás, uma aliança que dizem contar com o apoio de Lula e Dilma. Nessa aliança é claro, a probabilidade maior é que a senadora seja a cabeça de chapa. De modo que se Mourão não tem se quer o apoio 100% da sua própria legenda fica muito difícil de apresentar uma candidatura competitiva.

E ainda se tivesse o apoio de todas as correntes internas do PT no Tocantins, as dificuldades não seriam poucas, pois seguindo a tendência nacional o PT como partido perdeu muito de sua força. Por exemplo, nas ultimas eleições municipais de 2016 o partido elegeu apenas 2 prefeitos e de pequenas cidades interioranas. Atualmente o partido tem três deputados na assembleia legislativa, mas tudo aponta para que não consigam a reeleição. Pelo menos, não todos.

O que poderia ajudar uma candidatura do PT ao governo do Tocantins seria a candidatura de Lula a nível nacional. No entanto essa se encaminha para não se concretizar. Mas ainda que se concretize, como já falamos anteriormente, os principais lideres do partido a nível nacional preferem apoiar a senadora Kátia Abreu do que lançar um nome próprio.

Paulo Mourão é um político tradicional no Tocantins, ingressou no PT vindo do PMDB. De modo que sempre teve um olhar de desconfiança da militância petista sobre ele. Mas é inegável que no atual mandato na assembleia legislativa do Tocantins tem se destacado por propor um debate qualificado sobre as mazelas do Estado, bem como apresentando alternativas para o seu desenvolvimento. De modo que se conseguir concretizar sua candidatura ao governo do Estado, ainda que não consiga se eleger, também é um nome que como já dissemos anteriormente qualifica o nível do debate político.

10.7- Marlon Reis;

Marlon Reis é a grande novidade na disputa eleitoral de 2018 no Tocantins. Dos nomes colocados até o momento ele é o único que pode dizer realmente que representa uma novidade no cenário político atual – oriundo do judiciário ganhou fama nacional através do projeto de lei da ficha limpa, de sua autoria, aprovado pelo congresso nacional. Que diga-se de passagem pode impedir a candidatura de Lula ao palácio do Planalto.

Marlon Reis aposta que sua candidatura pode crescer diante dos desgastes dos representantes da política tradicional. Uma espécie de outsider – candidaturas que se colocam a margem do sistema tradicional, apresentando-se como uma alternativa real de mudança. Ainda que seja uma mudança mais de nome do que propriamente de projeto. A questão é, será que num Estado interiorano, com fortes raízes oligarcas, especialmente no interior do Estado, há espaço para outsiders? Podemos tirar algumas conclusões a esse respeito a partir da pré-candidatura do Amastha. Justamente por ser um político que tenta se passar por um outsider – desprezando os “políticos tradicionais”.

Se fosse uma eleição municipal numa disputa pela prefeitura da capital ou de uma grande cidade do interior como Araguaína, Gurupi, Porto Nacional ou Paraiso. Sem duvidas Marlon Reis seria um nome com condições reais de pelo menos incomodar. Mas como se trata de uma eleição estadual e sendo o Tocantins o Estado oligarca que é, isso dificilmente acontecerá. Infelizmente no Tocantins, ou melhor, não só no Tocantins – Goiás, Paraná, São Paulo entre outros – as forças tradicionais não podem ser desprezadas.

Transformar essa realidade é necessário, mas não será através de um processo eleitoral, não será uma mudança que se dará á curto prazo. Por tanto, não temos duvida, a campanha de Marlon Reis não conseguirá mudar esse quadro. Mas poderá desempenhar um papel importante – sem duvidas qualificará o debate e apontará para formas alternativas de fazer política.

10.8 – Outros pré-candidatos e a esquerda;

É normal que surjam muitas pré-candidaturas para as eleições majoritárias de 2018. No entanto além dos nomes que abordamos acima, não acreditamos que existam outras pré-candidaturas relevantes ao ponto de merecerem alguma analise. Sobretudo por que são candidaturas que buscam alcançar duas perspectivas. A primeira, que é o caso da maioria das legendas, é fazer barganha política, isto é, obter algumas vantagens através de negociatas. Já a segunda perspectiva, sobretudo por parte de partidos ideológicos, é a autoconstrução. Foi o caso, por exemplo, da candidatura de Carlos Potengy pelo PCB em 2014.

Aliás, em 2014, tivemos duas candidaturas do campo progressista no Tocantins, além do PCB o PSOL também teve a candidatura da Eula Angelim. E agora? Agora o PSOL mais uma vez está dividido entre aqueles que defendem uma candidatura própria e os que defendem, por exemplo, apoiar a candidatura de Marlon Reis da Rede Sustentabilidade. 

Entra e sai uma nova direção e o partido parece não aprender. Nas ultimas eleições municipais em Palmas, aconteceu essa divisão entre os defensores de uma candidatura própria e uma ala que apoiava uma aliança com o PT. A disputa foi parar no diretório nacional do PSOL e também na justiça, com a ala que defendia candidatura própria saindo vitoriosa. Mas com o partido dividido o saldo não foi nem um pouco positivo. Trocou-se a direção do partido, um grupo se debandou para o PC do B, mas as divergências internas que emperram o crescimento do partido e o seu fortalecimento continuam. 

Já em relação à perspectiva do PCB lançar um candidato, a informação é que um grupo se rearticular para retomar a construção do partidão no Tocantins. Há também um grupo que tenta construir o PSTU no Estado (já faz algum tempo que prometem). Se se concretizar esse projeto quem sabe não podem lançar também algum candidato.

Não são candidaturas que venceram as eleições. Que em relação a números de votos pouco incomodará as candidaturas tradicionais. Qual a importância, portanto desses partidos lançarem candidatos? 

São importantes para o fortalecimento da luta popular e a defesa de um projeto contra hegemônico. São os únicos partidos que verdadeiramente podem assumir um projeto anticapitalista – que denuncie o avanço do modelo hegemônico de usurpação dos recursos naturais, de destruição do meio ambiente, a retirada de direito dos trabalhadores, o aumento da violência contra os povos tradicionais e a usurpação dos seus territórios. Melhor seria se essas três importantes organizações políticas da esquerda conseguissem se unificar – tanto a nível nacional como regional. Mas conhecendo bem as divergências internas entre as direções dessas organizações em relação à linha política a se adotar, isso é pouco provável.

Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfirio. Atualmente faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de Filosofia da UFT.

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