Madrugada Camponesa
faz escuro (já nem tanto)
vale a pena trabalhar
faz escuro, mas eu canto
porque a manhã vai chegar.
Thiago de Mello
faz escuro (já nem tanto)
vale a pena trabalhar
faz escuro, mas eu canto
porque a manhã vai chegar.
Thiago de Mello
*Por Pedro Ferreira
(Dedicado a Dona Fátima da direção do Movimento Terra Livre e todos aqueles que dedicam sua vida a luta pela reforma agrária)
Descíamos em marcha pelas ruas da capital federal na luta camponesa por terra, território e dignidade. Era um dia lindo, acordamos ao som das belas canções da luta como também dos gritos de ordem! Organizados em filas nossas bandeiras tremulavam sob um lindo céu azul, em um impressionante contraste de cores.
Éramos de vários cantos desse imenso Brasil – Crianças, mulheres e homens trazendo consigo a luta de tantos outros que não podiam esta ali, mas que de longe mandavam suas energias para que nossa jornada fosse vitoriosa.
A nossa marcha de gigantes tomou as ruas, parou o transito e seguiu triunfante, apoios e solidariedade de todos os cantos, energia para continuarmos a nossa caminhada. Após um longo percurso entramos nas praças dos três poderes - Não existe coisa mais bela que o povo organizado marchando unificadamente com o mesmo objetivo.
Paramos em frente o palácio da alvorada, e fomos recebidos pelo exercito, pela guarda palaciana, pelo choque e pela PM distrital. Não era para tanto, só queríamos como cidadãos protestar pelos nossos direitos. Sobrou para nós apenas gás de pimenta no rosto e cassetetes.
Intimidar-nos já mais, quanto mais agredidos somos mais nos indignamos e lutamos! Assim deixamos nossa marca (ou sai reforma agrária ou paramos o Brasil). Seguimos nossa marcha encerrando triunfalmente em frente o congresso nacional.
Talvez muitos ali não sabiam, e nem tantos outros espalhados Brasil afora, mas estávamos fazendo história – Sim era o segundo congresso camponês da história. Os povos do campo, das águas e das florestas despertaram e não cessaram sua marcha enquanto não derrotamos a burguesia agrária desse país e distribuir a terra para quem nela trabalha.
Não foi a primeira marcha que participei, já tinha participado de importantes lutas camponesas e dês da primeira vez eu tive certeza de que lado eu sempre estaria, mas ali mais do que nunca tive certeza da minha escolha. Dedicarei todos os meus modestos esforços organizado, formando e lutando ao lado do setor mais pauperizado da classe trabalhadora - o campesinato sem terra.
*Pedro Ferreira – Educador Popular
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