Professores que estão em Greve de fome. |
A intransigência é uma das principais
características da gestão municipal comandada pelo prefeito Carlos Amastha
(PSB). Intransigência que se expressa inclusive na utilização da força. Foi o
que vimos recentemente no despejo de famílias sem teto pela guarda
metropolitana. Intransigência que vemos agora na recusa em dialogar com mães e
pais de família que legitimamente lutam pelos seus direitos. Trabalhadores que
chegaram ao extremo de fazer uma greve de fome para poder ser ouvidos.
Qual a justificativa para mais essa postura
intransigente do prefeito Carlos Amastha? Ele se apoia em duas questões:
Primeiro na decisão judicial que tornou a greve ilegal. E em segundo lugar no
argumento que se trata de um movimento politico e que, portanto não tem
legitimidade.
Sobre a decisão judicial a primeira questão que nos
vem à mente é a agilidade da justiça tocantinense que em menos de 24h julgou o
movimento grevista ilegal. Uma agilidade que não se vê quando se trata de
atender as demandas do povo trabalhador. Além da agilidade outro fator que
chama atenção é o argumento utilizado na sentença dada pelo excelentíssimo juiz
Zacarias Leonardo que entendeu não existir pauta de reivindicação e muito menos
um plano de greve que “garanta a prestação suficiente do serviço público
essencial”. Ainda segundo a sentença não houve por parte do sindicato busca de
dialogo com a prefeitura antes de deflagrar a greve.
Ora dizer que não existe pauta de reivindicação
chega a ser ridículo. É querer “tampar o sol com uma peneira” como diz um velho
ditado popular. É zombar da nossa capacidade de raciocínio. Também não dá para
aceitar o argumento de que os professores não buscaram o dialogo antes de deflagrarem
a greve. O fato é que não dá para dialogar com quem se recusa ao dialogo. De
modo que se há intransigência de algum lado, os fatos mostram nitidamente que
tal intransigência não parte dos grevistas.
Vê-se, portanto que a decisão judicial na qual o senhor
Carlos Amastha (PSB) tanto se apoia. É uma decisão um tanto questionável.
Decisão judicial que deve mesmo ser ignorada pelos grevistas, pois reafirmando
o que escrevemos num outro episodio: “só os professores, que com suor e
lagrima, fazem a educação no município de Palmas tem legitimidade para isso, só
a eles cabe o papel de declarar se a greve é ou não ilegal”. (Nunes, 2015).
O segundo argumento utilizado pelo prefeito Carlos
Amastha (PSB) de que se trata de um movimento político e que, portanto não tem
legitimidade deve ser refutado também. E não é negando que se trata de um
movimento político. Pelo contrário. Se deve sim afirmar o caráter político do
movimento grevista. Pois a final de contas o que é a greve se não um
instrumento político de luta e resistência dos trabalhadores pelos seus
direitos?!
Quando falamos que a greve dos professores se trata
de um movimento político, é importante destacar o nosso conceito de política.
Isto é, política na sua concepção clássica, como tudo aquilo que diz respeito
aos cidadãos, ao governo da cidade e aos negócios públicos. Política como um
elemento de busca pelo bem estar do coletivo na sociedade. Logo ao tentar
deslegitimar o movimento grevista dizendo que se trata de um movimento
político, o que o prefeito Amastha faz é legitima-lo ainda mais.
Por outro lado, o discurso que tenta deslegitimar o
movimento grevista acusando-o de se tratar de um movimento político nos revela a
concepção de politica do senhor Carlos Amastha – Autoritária e antidemocrática.
Política como algo instrumental que esta ligada mais a busca de interesses
particulares do que pelo bem da coletividade. Mas se ele utiliza a vida pública
para atender interesses privados, não significa que todos façam o mesmo. Muito
pelo contrário, ao deflagrarem uma greve para defender condições para que seja
ofertada uma educação de qualidade pra sociedade, os professores estão dando
uma lição de como se deve fazer política.
Amastha se coloca como pré-candidato ao palácio
Araguaia nas eleições de 2018. O discurso é de que ele representa uma nova
forma de fazer política no Tocantins – na prática não há muito diferença com as
oligarquias que se revezam no poder desde a criação do Estado. Sua postura
autoritária e antidemocrática revela muito bem o seu caudilhismo. Que a
população tocantinense não se iluda com figura tão medíocre e desprezível. E
que as trabalhadoras e os trabalhadores da educação municipal que estão em
greve e que contam com a solidariedade de toda a sociedade não recuem um
milímetro na luta legitima por direitos.
Pedro
Ferreira Nunes – É Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.
Atualmente cursa Filosofia na Universidade Federal do Tocantins.
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