quarta-feira, 2 de maio de 2018

Meu caminho a Marx: Algumas palavras em comemoração aos 200 anos do seu natalício.

“Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modifica-lo”. 
Karl Marx

Assim como tantos outros cheguei a Marx através dos marxistas – Ernesto Che Guevara, Lênin, Trotsky, Istvan Mészáros, José Paulo Neto, Paulo Freire, Plinio de Arruda Sampaio entre outros. Se cheguei a Marx através da leitura das obras marxistas. Como cheguei aos Marxistas? Responder essa questão inicialmente é importante para que voltemos à outra questão.

Era eu ainda adolescente em Lajeado quando comecei a me incomodar com as desigualdades sociais a minha volta. Sobretudo com as mudanças que ocorreram na cidade em consequência da construção da UHE – que nos expulsou da chácara onde morávamos. Nesse período comecei a questionar a ordem estabelecida, a me interessar por política e a militar no Colégio Estadual Nossa Senhora da Providência (não uma militância orgânica).

Diante de tudo que eu via e sem respostas paras questões que levantava senti a necessidade de estudar para entender aquela realidade. Busquei então os livros de filosofia e sociologia. E foi a partir dai como também por influência da literatura (em especial Gonçalves Dias e Graciliano Ramos) e do Rock, do Reggae e do Rap que acabei me aproximando das ideias anticapitalistas.

Já morando em Goiânia é que tive acesso a livros marxistas propriamente. De inicio Che Guevara, em seguida Lênin e Trotsky. Já na militância política orgânica veio Paulo Freire, Plinio de Arruda Sampaio e Istvan Mészáros. E na faculdade de Serviço Social descobri José Paulo Neto. Nesse período alio o estudo do marxismo com a luta orgânica no movimento popular. E é na militância política que o marxismo vai se arraigando em mim. Porém até então, de Marx propriamente havia lido muito pouco – “O Manifesto do Partido Comunista” e “A Miséria da Filosofia” além de um e outro texto pequeno. 

E foi a partir do meu retorno para o Tocantins, mas, sobretudo com meu ingresso no curso de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins que comecei a sentir cada vez mais a necessidade de me aprofundar nas obras marxianas. O que não significa dizer que abandonei as referências marxistas que me levaram até Marx. Mas o fato é que a cada dia tenho sentido uma necessidade maior de aprofundar meus estudos das obras de Karl Marx.

Aliás, creio que esse é o caminho para combatermos por um lado à vulgarização e por outro a distorção do pensamento Marxiano. Essa vulgarização é feita pelos pseudos-marxistas, que no geral tem uma bela retórica, mas a prática está muito distante do discurso. E aleijar o pensamento de Marx da prática social numa perspectiva revolucionária é um crime. Percebo que essa vulgarização é bem comum na academia, por parte dos “marxistas de gabinete” que apresentam um discurso revolucionário, mas a prática é bem reacionária. O que estes senhores ditos “marxistas” fazem é um desserviço ao pensamento de Marx.

Já as distorções são obras de setores da intelectualidade a serviço das classes dominantes. Distorções que ganham força, sobretudo através das redes sociais e são reproduzidas por uma massa de alienados. 

O que se observa é que boa parte das criticas feita a Marx, é por um lado, falta de conhecimento do pensamento marxiano – criaturas que nunca leram se quer “O Manifesto do Partido Comunista”. Mas por que um liderzinho medíocre falou determinada coisa sobre Marx, se reproduz isso como se se tratasse de uma verdade absoluta. Por outro lado às criticas partem daqueles que conhecem muito bem a obra de Marx, e sabem o quanto é importante que os trabalhadores fiquem alheios a ela. Para que não ousem se libertar das correntes que lhes prendem.

É triste, sobretudo ver a juventude trabalhadora caindo nesse engodo. Reproduzindo um discurso reacionário e antimarxiano. E o pior é que quando você percebe que esse discurso antimarxiano é fundamentado numa visão distorcida de Marx. Pois tentam colocar na sua conta equívocos que não foram cometidos por ele, a lhe atribuir ideias que ele não defendeu. Mas isso não nos desmotiva, nos anima na luta anticapitalista. Sabendo como diz José Paulo Neto que “sem Marx, nada compreenderemos da contemporaneidade. Mas somente com Marx, e apenas com o que a tradição marxista já produziu, não teremos condições de compreendê-la radicalmente – para, é óbvio, transforma-la radicalmente”.

Enfim, aqueles que tanto o perseguiram, tentaram e continuam a tentar apagar suas ideias. Não imaginavam que 200 anos depois Karl Marx estaria mais vivo do que nunca. E continuará, pois como disse Slavoj Zizek “não se pode apagar uma ideia verdadeira”. E para aqueles que acham que Marx foi derrotado saibam que ainda estão rolando os dados, pois como diz uma canção “o tempo não para”.

Pedro Ferreira Nunes – é “apenas um rapaz latino americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”.

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