Por Pedro Ferreira Nunes
Em “Como ler um
texto de filosofia”, Antônio Joaquim Severino – licenciado em
filosofia pela Universidade Católica de Louvain – Bélgica, doutor
pela PUC-SP e livre-docente em filosofia da educação da
Universidade de São Paulo, onde atualmente é professor titular.
Busca através desse livro dá algumas orientações, em especial
para os jovens estudantes que se iniciam na leitura sistemática de
textos filosóficos, pois como bem ressalta, a leitura de um texto
filosófico é diferente de um texto literário. “Como ler um texto
de filosofia” trata-se, portanto de uma obra expositiva,
paradidática que procura transmitir conhecimento.
O livro é enumerado
pelo autor da seguinte forma: Primeiro com a apresentação da obra
ou a introdução. Segundo o desenvolvimento que é subdividido em
quatro partes: Sendo que a primeira parte ele abordará a questão do
texto, da comunicação e da leitura. A segunda parte será feito um
exercício de leitura, a terceira parte teremos a abordagem da
pesquisa no processo de leitura e a quarta parte um outro exercício
de leitura. E por fim a conclusão do livro com as indicações
bibliográficas.
A questão
fundamental abordada pelo filosofo Antônio Joaquim Severino neste
livro está expresso no nome da própria obra – como ler um texto
de filosofia. Para tanto o autor vai apresentar uma espécie de
manual que deverá ser seguido por aqueles que não têm
familiaridade com esse estilo de escrita. Pois para o autor a leitura
analítica de um texto filosófico tem que ser feito de uma forma
sistemática.
E qual a importância
de se ler um texto de filosofia numa sociedade que nega a importância
do pensar filosófico? Em “Como ler um texto de filosofia”,
Antônio Joaquim Severino dirá que é extremamente importante à
leitura de textos filosóficos para o desenvolvimento do processo
educacional, e que isso reflete na nossa própria existência. O fato
é que não se pode negar a importância da filosofia na construção
do pensamento ocidental, e que mesmo sendo desvalorizada a filosofia
resiste.
Ainda segundo
Antônio Joaquim Severino a filosofia é uma modalidade do
conhecimento e filosofar é um exercício intelectual, um processo
que não se dá de forma isolada, mas sim coletivamente. O autor
também falará de como a experiência do pensamento e da linguagem
se confundem. Sendo que a linguagem garante a objetividade e a
exterioridade – questões importantes no processo de educação.
Sendo que no processo de educacional há que se destacar a
comunicação – que se dá tanto através da via oral como escrita,
no entanto a oral vai se perdendo com o tempo, já a escrita
permanece sempre viva.
É então que na
primeira parte de “como ler um texto de filosofia”, o autor irá
tratar do texto, da comunicação e da leitura. Da relação entre
escritor e leitor – de como o meio de onde viemos e a nossa
formação cultural pode interferir na forma com que compreendemos o
texto.
Antônio Joaquim
Severino irá dizer que quando um autor elabora um texto – ele
concebe e codifica. Já o leitor busca a decodificação e a
compreensão desse trabalho. Ele então dirá que não basta conhecer
os símbolos é preciso também conhecer as ideias do autor para se
fazer uma leitura analítica. Pois a leitura analítica nada mais é
do que compreender o texto na sua totalidade. Por tanto em “como
ler um texto de filosofia”, Antônio Joaquim Severino ressalta
claramente que é possível se ler um texto quando se conhece os
símbolos, porém não o compreendemos se não soubermos as ideias.
Assim a leitura analítica deve abarcar toda essa totalidade –
tanto decodificar como compreender.
É então que ele
vai apresentar quais as etapas que o leitor deve seguir para fazer
uma leitura analítica. São elas: Analise textual, analise temática,
analise interpretativa, problematização e reflexiva.
O autor também
mostrará a importância da preparação da leitura mediante uma
analise textual. Que deve, por exemplo: Fazer a leitura por partes,
conhecer o autor, saber para quem e para que o texto foi escrito. É
também necessário fazer uma leitura panorâmica (conhecer o texto
previamente). Pesquisar as fontes, as referencias e o vocabulário do
qual não estamos familiarizado. Outra questão que deve ser feita é
o resumo do texto, fazer uma analise temática (compreender o texto
objetivamente).
Antônio Joaquim
Severino deixa claro que compreender um texto não é interpreta-lo.
O dialogo se dá num segundo momento quando o leitor vai dialogar com
o autor e com o texto. No entanto para fazer esse dialogo é preciso
ter maturidade intelectual – fazer a problematização e a reflexão
pessoal. Por fim, registrar as referências utilizadas e as
conclusões.
Na segunda parte o
autor irá apresentar um exercício de leitura, para tanto se
utilizara de um texto do pedagogo Paulo Freire, onde exemplificará
como deve ser feito o processo que ele apresentou na primeira parte
do livro. Mostrando passo a passo como deve ser feito a
sistematização para leitura analítica.
Já na terceira
parte o autor irá destacar a importância da pesquisa, sendo que “a
atividade de pesquisa busca em fontes apropriadas subsídios,
esclarecimentos, informações que nos darão conta da mensagem que o
autor quis nos passar por meio do seu texto”. (como ler um texto de
filosofia. Pag.51). Dai a sua importância. Nessa atividade de
pesquisa deve ser feito por tanto uma ficha bibliográfica, uma ficha
biográfica, ficha temática, fichário pessoal, as fontes de
pesquisa em filosofia, textos clássicos, dicionários, histórias,
introduções e revistas.
E na quarta parte o
autor irá apresentar um outro exercício de leitura, para tanto se
utilizará de um texto um pouco mais complexo do filosofo Descartes,
onde exemplificará como deve ser feito o processo que ele apresentou
na terceira parte do livro “como ler um texto de filosofia”.
Aliás, o livro “como ler um texto de filosofia”, do filosofo
Antônio Joaquim Severino não apresenta uma conclusão. O autor
encerra a obra com as indicações bibliográficas.
A opção do autor
em não fazer uma conclusão pode ser explicada pelo que foi colocado
na apresentação dessa obra – o objetivo é apenas apresentar
algumas orientações iniciais para jovens estudantes que estão se
iniciando na leitura sistemática de textos filosóficos. Por tanto
não é uma obra conclusiva. Ficando assim em aberto para possíveis
modificações.
É fato que a
leitura de um texto de filosofia não é algo simples, sobretudo para
quem não está familiarizado com a linguagem filosófica. Por tanto
é compreensível à preocupação do filosofo e professor Antônio
Joaquim Severino que o levou a elaborar este livro que busca de forma
inicial trazer algumas orientações de como deve ser feito a leitura
de um texto de filosofia. No entanto há um grande risco, em vez de
facilitar a leitura sistemática de textos filosóficos, “como ler
um texto de filosofia” pode dificultar ou mecanizar este processo.
Ora, o próprio nome
do livro já indica que o mesmo é uma espécie de manual – uma
formula “matemática” de como ler um texto de filosofia. Mas é
só a partir do esquema apresentando por Antônio Joaquim Severino
que é possível ler um texto de filosofia? É fato que não. No
entanto, o autor omite outras possibilidades. Sobretudo que não
sejam tão mecânicas como a apresentada nesta obra.
É inegável a
importância das questões abordada pelo autor – especialmente da
relação escritor e leitor – e a cerca da compreensão e a
interpretação. Aliás, a nossa critica não é a cerca do conteúdo
apresentado pelo autor, os elementos que ele aponta para a leitura
analítica de um texto filosófico é fundamental. A nossa critica se
dá, sobretudo a cerca da forma com que é apresentado, ou melhor, á
“formula”.
Com essa critica não
estamos dizendo que o livro “como ler um texto de filosofia” seja
descartável. O mesmo apresenta boas orientações iniciais de como
fazermos uma leitura analítica. No entanto é preciso ressaltar,
algo que o autor não fez, que não existe receita pronta e acabada
para se ler um texto de filosofia tal como o livro sugere. O fato é
que a forma mais eficaz de se ler um texto de filosofia é lendo. É
lendo que se vai familiarizando com a linguagem filosófica e, por
conseguinte se conseguirá compreende-lo e interpreta-lo.
*Trabalho apresentado para disciplina de Leitura e produção de texto cientifico, do primeiro período do curso de Filosofia da UFT.
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