Companheiros do estradar.
Onde estão meus camaradas
Que não vejo mais por cá?
No pé de pequi ou na ilha verde
Onde é que eles estão?
Onde estão meus companheiros?
Se perderão no mundão.
Lembro-me do querido Bida
Gostava tanto de pescar
De tomar sua cachaça
E no córrego banhar.
Ninguém poderia imaginar
Que naquele dia chapado
Ao ir banhar na ilha verde
Ele morreria afogado.
E o grande Manoel mentira
Dançarino de primeira
Sempre com um carote no bolso
Rodava a cidade inteira.
Um dia trabalhando na roça
Uma sicura lhe invadiu
Antes de chegar no córrego
Já sem vida ele caiu.
Quem não se lembra do raposão
Famoso ladrão de galinhas
Não havia cerca que o segurava
Quando ele queria pegar as bichinhas.
Tomava cachaça de mais
Começou a delirar
Logo perdeu o juízo
Não demorou em se matar.
E o meleta então
Jovem sonhador
Queria aprender a tocar
Queria ser um cantor.
Se apaixonou por uma morena
E por ela se perdeu
Por ela, ele matou
Por ela, ele morreu.
E o boca de matraca
Marido da Madalena
Depois que ela o abandonou
Sua vida não valia a pena.
Invernou na cachaça
Dia e noite sem parar
Seu coração não suportou
Na boca da noite caiu sem respirar.
Nas madrugadas lajeadenses
Quando os galos descambam a cantar
A cachorrada latindo
É difícil não lembrar.
Dos meus velhos amigos
Companheiros do estradar
Que sumiram no oco do mundo
Para nunca mais voltar.
Pedro Ferreira Nunes
Casa da Maria Lucia. Lajeado-TO.
Lua minguante, Verão de 2016.
*Poema inspirado pela canção “Chula no
terreiro” do Elomar Figueira Melo.