Entre as atividades desenvolvidas pelo Cemil Santa Rita de Cássia está o podcast. Por tanto comecemos por ele. É importante esclarecer que não partiu de nós a sua confecção. Mas da organização da Olimpíada Brasileira de Relações Étnicos-Raciais, Afro-Brasileiras, Africanas e Indígenas (OBERERI) que estabeleceu em edital que a última tarefa para as equipes de ensino médio seria a produção de um podcast. No entanto partiu de nós inscrever e orientar uma equipe na competição.
Anteriormente eles fizeram mais duas tarefas: pensar um projeto sustentável para uma comunidade tradicional no território amazônico afetada por uma crise hídrica. E responder um quiz sobre a temática Africana, Afro-Brasileira e Indígena.
Ressaltando a fala da equipe de estudantes que participaram da OBERERI foi uma experiência enriquecedora que certamente contribuiu para mudança de olhar deles acerca dessa temática.
Desde que ingressei na educação básica como docente tenho procurado trabalhar uma educação numa perspectiva antirracista (Que na minha compreensão está dentro da educação em direitos humanos). Não só desenvolvendo ações em datas específicas como o dia dos povos indígenas e na consciência negra. Mas também no cotidiano da sala de aula. No entanto nesse ano de 2025 é certamente o ano em que mais consegui avançar nesse sentido. A política da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-TO) incentivando práticas antirracista nas unidades escolares da rede pública certamente contribuiu para que isso pudesse se concretizar.
É isso que busquei trazer durante a minha participação no podcast (conhecendo o Santa Rita ).
Ao definir o que é educação antirracista - como um conjunto de práticas pedagógicas de enfrentamento ao racismo. E a partir daí contribuir com a construção de uma cultura de respeito à dignidade humana do povo negro. Fizemos um relato do que desenvolvemos enquanto escola no decorrer do ano. Entre as ações destacamos a leitura e discussão de autores negros e indígenas. E uma ampla discussão e mobilização para atualização da autodeclaração étnico-racial dos estudantes.
Nas minhas aulas especificamente continuei o movimento de trazer para as aulas de Filosofia textos da bell hooks, Ailton Krenak, Djamila Ribeiro, Angela Davis e Sueli Carneiro. Por coincidência dois desses filósofos (Carneiro e Krenak) caíram na etapa regional e na etapa nacional da Olimpíada de Filosofia (ONFIL). E pelo conhecimento desses pensadores, a partir do que havíamos trabalhado, o nosso representante optou por elaborar um ensaio filosófico sobre a problemática apresentada por eles.
Por tudo que desenvolvemos esse ano ouso dizer que não teremos dificuldade de obtermos o reconhecimento tanto por parte da SEDUC-TO como pela OBERERI, de Escola Antirracista. No entanto temos plena consciência de que ainda temos muito a avançar. Não podemos aceitar com naturalidade, ficar em silêncio ou pior, relevar atitude racista travestida de brincadeiras. Por outro lado não acreditamos que o caminho é a lógica punitivista. Enquanto Educador acredito na educação como instrumento de transformação. De modo que no ambiente escolar devemos buscar estratégias pedagógicas para mudar a cultura racista. Não é fácil. Não será da noite para o dia. Mas não podemos e nem iremos recuar.
Pedro Ferreira Nunes - Mestre em Filosofia (UFT) e Professor no CEMIL Santa Rita de Cássia.

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