Fim das coligações proporcionais
Com o fim das coligações proporcionais a partir das eleições municipais de 2020, os partidos tiveram que se fortalecer internamente para poder sobreviver num sistema que tende cada vez mais fechar o funil caminhando para o modelo bipartidário estadunidense. Aliás esse é o sonho da elite brasileira – caminhar para um sistema político-partidário dominado por duas organizações que disputaram entre si quem administrará os interesses do capital. Diferenciando-se apenas em que intensidade imporam medidas de austeridade.
É mais vantajoso lançar candidaturas próprias
Não é de se admirar que haja nessas eleições tanto pré-candidatos (sobretudo ao executivo). Pois para os partidos (pequenos e médios) é uma questão de sobrevivência, já que não poderão se coligar para as eleições proporcionais. Em outras palavras, não poderão pegar carona em partidos mais fortes. De modo que é mais vantajoso lançar candidatura própria para dar uma maior visibilidade ao partido e a sua chapa proporcional do que se coligar com um partido maior e ficar invisível – pois obviamente o partido maior vai priorizar a sua chapa proporcional.
Cláusula de desempenho
As eleições de 2018, sobretudo para o legislativo, foi uma amostra do que acontecerá com os partidos (pequenos e médios) que abrem mão de candidaturas próprias para apoiar outras (que o diga o PC do B) – não conseguiram atingir a cláusula de desempenho e tiveram que se fundir com outros partidos para continuar recebendo verba do fundo eleitoral. Em 2022 o sarrafo irá aumentar e os partidos que não se fortalecerem dificilmente conseguiram superar a cláusula de desempenho.
Questão de sobrevivência
Nos processos eleitorais anteriores também era comum um número grande de pré-candidaturas ao executivo. No entanto muitos buscavam apenas fazer barganha para vender o passe mais caro para o candidato ou partido com maior estrutura. O que não é o caso de agora. Salvo exceções, a estratégia de sobrevivência é lançar candidatura própria. Óbvio, isso para os pequenos e médios partidos. Já que os grandes partidos, mesmo não lançando candidaturas próprias para o executivo em alguns lugares, conseguem compensar em outros.
Nas pequenas cidades é diferente
No Tocantins, se notamos nas grandes cidades um número maior de candidaturas ao executivo. Nos pequenos a tendência é outra. Uma explicação para esse fenômeno é, que, devido o fim da coligação proporcional, é melhor se lançar por um partido com maior estrutura. Com isso os pequenos e médios partidos que já quase não existiam no interior, diminuíram mais ainda. Já nas grandes cidades, fatores como o autofinanciamento e a militância – Como também a prioridade da Direção Nacional no momento de decidir a distribuição dos recursos favorece candidaturas puro sangue.
Concentração de Poder
Diante dessa nova realidade teremos como resultado uma maior concentração de poder nas mãos de poucos partidos políticos. Ao contrário do que ocorreu nas eleições de 2016, onde o resultado foi uma grande fragmentação partidária. E essa concentração de poder ficará nas mãos de velhos conhecidos – O MDB e o DEM. Seguidos do PSD, PODEMOS, PP e PL.
Resistir é preciso!!!
Se por um lado você atinge os partidos de aluguel – partidos sem ideologia, sem programas e sem projetos – á não ser utilizar a estrutura partidária como moeda de troca para ganhar dinheiro. Atinge também os partidos ideológicos – com programas e projetos – sobretudo antissistema. Tudo bem que esses partidos nunca tiveram grande força no Tocantins e nesse contexto então é que não terão mesmo. Mas é preciso resistir e construir alternativas para barrar esse processo, que como dissemos no início, caminha para transformar o sistema político-partidário brasileiro numa cópia do modelo estadunidense.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.