terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

“Olhar o passado, refletir o presente e tecer o futuro”

 Encontro de Planejamento da RECID-GO
*Por Pedro Ferreira
Foi com esse lema que a RECID – GO realizou neste final de semana (24,25, e 26), o seu encontro de avaliação do ano de 2011 e de planejamento para o ano de 2012. Movimentos Sociais do campo e da cidade, pastorais sociais, associações, entre outras organizações participaram do encontro onde coletivamente construímos nossas opções político, pedagógicas e organizativas para o ano corrente.
O encontro teve inicio na sexta-feira (26/02), onde as educadoras e educadores populares foram recepcionados sendo convidados a tecer no tecido seus nomes assim como tecemos nossos nomes na luta cotidiana da classe trabalhadora. Em grupos fomos tecendo os nossos nomes e partilhando nossas expectativas para o encontro.
Após a apresentação da programação e da construção das equipes de trabalho foi apresentado um vídeo clipe com uma sistematização dos processos realizados pela Rede no ano de 2011. Em seguida em grupos as educadoras e educadores deram inicio ao processo de avaliação. Trabalho que só seria finalizado no dia seguinte.
No Sábado (25/02), continuamos tecendo nossos nomes como também concluímos a avaliação no ano de 2011, após muita conversa nos grupos, depois partilhando na plenária – Fizemos mais do que o planejado, no entanto algumas coisas ainda continuam por serem feitas.
Novamente partimos para os grupos para dialogar sobre a conjuntural atual para a luta da classe trabalhadora (avanços e desafios): Retomada das lutas mesmo que de forma pontual, conquistas no campo de políticas públicas importantes, por outro lado intensificação do processo de criminalização da pobreza e da luta dos movimentos sociais.
É hora de aprofundar a analise de conjuntura com a colaboração dos companheiros Ruberval e Joseleno. Vivemos em uma conjuntura difícil, o governo que ai esta, apenas administra o capital. Temos uma esquerda conservadora que administra o capital, uma esquerda sectária que não dialoga com a população e a esquerda romântica. Precisamos de unidade, temos que nos reorganizar, lutar para superar essas velhas direções sindicais e dos movimentos populares que tem se institucionalizado e deixado a base e a luta de lado. Cada o movimento estudantil outrora tão revolucionário?
Após muita reflexão sobre a conjuntura atual para as lutas da classe trabalhadora, fomos em grupos novamente discutir e apontar os principais desafios para a RECID-GO no campo político, pedagógico, organizativo e de sustentabilidade. Após esse momento em plenária fizemos uma sistematização coletiva de todas as discussões apresentadas.
No domingo (26/02), voltamos novamente para os grupos onde planejamos ações para as questões prioritárias que a RECID-GO assumirá no ano de 2012, quatro grupos – Campo Político, pedagógico, organizativo e de sustentabilidade. Após as ações elaboradas fizemos a dinâmica do carrossel onde todos puderam ver e contribuir com os outros campos.
Em plenária mais uma vez foi apresentado às ações discutidas em cada grupo e as contribuições surgidas na dinâmica do carrossel, agora é hora de sistematizar tudo isso. Muitas tarefas: Combater o processo de privatização do governo Marconi Perillo, fortalecer a luta dos movimentos contra o latifúndio, agronegócio e os agrotóxico, a violência contra a juventude e a criminalização dos movimentos sociais, acima de tudo chamar a unidade das organizações de luta da classe trabalhadora em Goiás. Continuar o nosso processo de formação de base, denunciar o projeto em disputa nas eleições, e tantas outras ações que devemos desencadear em 2012.
O Companheiro Paulo Matoso da Coordenação Nacional da RECID dá um informe da situação financeira da rede. Depois fomos fazer uma avaliação da coordenação da RECID-GO assim como da equipe de educadores contratados, avaliação intensa e profunda, aprovamos uma nova composição da coordenação, a qual será encaminhada posteriormente. Já sobre a equipe de educadores, uma boa avaliação.
É hora de levantarmos as ações das organizações presentes para os meses de março, abril e maio. Muita coisa, quanta coisa. Mais com o engajamento e envolvimento de todos será possível desencadear todos esses processos.
Enfim é hora da avaliação do encontro, poderia ter vindo mais organizações, mais as que vieram deram uma grande contribuição, um encontro como há muito não fazíamos onde todos contribuíram intensamente, ótima metodologia, coordenação ativa entre outros. Em suma foi bom mais sempre podemos e devemos fazer melhor.
Encerramos o nosso encontro finalizando a nossa mística do bordado dos nossos nomes no tecido que se juntaram com os nomes de educadores e educadoras de todo o Brasil. E dançando e cantando “Essa ciranda não é minha não, ela é de todos nós...” Certos de que se muito vale o já feito, mais vale o que será.
*Pedro Ferreira – É Educador Popular pela RECID-GO e militante do Bloco de Resistência Socialista.
OBS’ - Participaram do nosso encontro, educadoras e educadores das seguintes organizações: MST, PJR, CAJU, Assembléia Popular, Fórum Goiano de EJA, COSTURART, ANEPS, PJMP, Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente, Associação das Mulheres e Jovens do Real Conquista, Fórum de Economia Solidaria, CONESAN, Preá – Anápolis, Faz Arte, Bloco de Resistência Socialista, RECID-DF, Comissão Nacional da RECID e Talher Nacional.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mais do mesmo


*Por Pedro Ferreira
Em 2006 já morando em Goiânia, acompanhei com muita atenção o que acontecia no meio político do Tocantins, acompanhando perplexo o desmoronamento da poderosa UT (União do Tocantins), bloco político criado e dirigido pelo Siqueira Campos com o objetivo de comandar por muitos anos a direção política do estado.
Para mim a eleição em 2002 de Marcelo Miranda para o governo do Estado, se dava apenas por que Siqueira não poderia concorrer ao seu terceiro mandato seguido (a legislação brasileira não permite). Por tanto seria apenas um governo fantoche, sendo que quem de fato iria dirigir seria o velho Siqueira que se preparava para retornar em 2006.
No entanto Marcelo Miranda ao contrario do que eu pensava, não aceitou ser fantoche do Siqueira, em vez de suprimir a oposição como sempre fez o velho Siqueira, Marcelo Miranda dialogava e convivia muito bem com a mesma, até por que ele nasceu na oposição. Não querendo deixar o poder, inteligentemente e com á maquina do estado nas mãos, conseguiu fragmentar a UT, e vencer o velho Siqueira nas urnas.
Até então para quem conhecera a força da UT e a moral que Siqueira tinha com a população (Ele rouba mais faz), era impensável a possibilidade de uma derrota do Siqueira e o fim da União do Tocantins. Derrota essa que teve inicio em 2004 quando a UT perdeu a prefeitura da capital (Palmas) para o PT. Mais o pior estaria por vir, com a derrota de Siqueira para Marcelo Miranda e o seu filho Eduardo Siqueira para Kátia Abreu.
Vi em um jornal que daquele dia em diante os Siqueiras passariam a pertencer as paginas dos livros de história do Tocantins. E eu acreditei, depois de tal derrota era impensável ver os Siqueiras de volta, até por que o povo do Tocantins não iria querer o retorno do ditadorzinho bufão, que acredita tanto que criou o Tocantins que se sente dono dele.
Um dos problemas da política é que quando achamos que estamos fazendo uma mudança, na verdade estamos escolhendo mais do mesmo. Isso é recorrente na política brasileira. E assim foi com Marcelo Miranda no Tocantins, que na realidade servia aos interesses dos mesmos que Siqueira servia isto é, governava para os empresários e latifundiários do estado. E para o povo só migalhas.
Mais Marcelo Miranda caiu logo, antes que pudesse criar uma organização tal qual a UT, a articulação que o mesmo tinha feito em 2006 não conseguira chegar em 2010, e assim Kátia Abreu que acreditava que seria apoiada ao governo do Estado em 2010 pelo PMDB de Marcelo Miranda, juntamente com João Ribeiro voltou para os braços do velho Siqueira.
E assim o inacreditável aconteceu, em 2010 o povo tocantinense ressuscitou o velho ditadorzinho bufão, não tinha muita opção, já que Gaguim do PMDB é mais do mesmo também, entre o espeto e a brasa, o povo tocantinense escolheu o espeto.
Mais a política tocantinense vive um período muito diferente do que há 10 anos, onde a UT governava absoluta. O velho Siqueira já não tem a capacidade de articulação de antes, novas lideranças e forças políticas surgiram, e as mesmas já não aceitam mais ficar de baixo da aza do velho Siqueira. Hoje o Tocantins tem vários lideres e grupos políticos, João Ribeiro e o seu PR, Kátia Abreu e o seu novíssimo PSD, Marcelo Miranda e o seu PMDB sempre dividido, e o velho Siqueira e o seu PSDB e claro não menos importante a maquina estatal que é sempre bem usada para cooptar e comprar a oposição.
Todos se movem de acordo com o interesse de seus grupos, engana quem pensa que são inimigos, na realidade todos defendem ao mesmo projeto de sociedade e aos mesmos patrões. Por isso que hora estão juntos e hora estão separado, e isso sempre vai acontecer, pois popularmente falando são tudo farinha do mesmo saco.
E o povo tocantinense continua tendo mais do mesmo, isto é, falta educação de qualidade, saúde de qualidade, moradia, trabalho digno, esporte, cultura, lazer entre outros. Pois seus representantes políticos governam para si e não para o povo. A propaganda oficial mostra o estado em desenvolvimento, mais para quem vai os frutos desse desenvolvimento.
É necessário que a classe trabalhadora tocantinense se organize e se mobilize contra essa velha política que anos vem sendo implantada no Tocantins, enquanto o povo não criar suas próprias organizações (Sindicatos, Movimentos Populares, Partidos que de fato defendam as bandeiras dos trabalhadores) continuaremos tendo mais do mesmo.
Neste ano teremos eleições novamente, já podemos ver as movimentações e articulações, todas no sentido de fortalecimento de um e outro grupo político, e não em ouvir os anseios da população e a elaboração de programas políticos que atendam as necessidades da população. É hora das trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses se organizar e se formar para extirpar este bando de aventureiros e abutres das câmaras de vereadores e prefeituras do nosso Tocantins.
“CO YVY ORE RETAMA – Essa Terra é nossa”. (Povo Xerente)

Um artista do Tocantins

Entre o espeto e a brasa



            
                                                                                  Goiânia, 29 de julho de 2010.
*Por Pedro Ferreira

Como todos sabem o Tocantins é o estado mais novo da federação (Criado em 5 de outubro de 1988) tem apenas 22 anos, mais o domínio político e a luta pelo poder político no estado, não é diferente do resto do Brasil, talvez seja pior.

José Wilson Siqueira Campos é apontado pelos livros de história do estado como “o criador do Tocantins”, talvez por isso ele se sinta dono dele. Foi nomeado o primeiro governador do Tocantins. Perdeu a primeira eleição direta para o governo, mais venceu em 1994, foi reeleito em 1998, e fez o seu sucessor em 2002.

Nos seus anos de poder conseguiu criar uma das mais poderosas organizações políticas do país, a união do Tocantins (UT), com programas sociais que tinha por objetivo manter o povo dependendo de migalhas. E através da cooptação de novas lideranças que surgiam na oposição, Siqueira pretendia eternamente ver o seu grupo governando o estado.

O judiciário no estado também estava na mão da UT, graças a alguns presentes generosos do velho Siqueira, tais como uma ilha ou alguns milhões de equitares de terra.

Nacionalmente Siqueira não era incomodado, pois também presenteava e homenageava os seus pares, como por exemplo, colocando nome de pontes ou hidroelétricas (Ponte Fernando Henrique Cardoso, Hidroelétrica Luiz Eduardo Magalhães).

Dessa forma não havia oposição no Tocantins, a que tinha, não tinha moral graças ao péssimo governo no período de 1990 a 1994. E as novas lideranças que surgiam na oposição eram logo cooptadas para a UT.

Em 2002 Siqueira elege o seu sucessor devido a sua imensa popularidade, dada pelo povo através do seguinte argumento – ele rouba, mais faz. O seu sucessor Marcelo Miranda era um daqueles lideres surgido na oposição que foi cooptado para o seu lado.

A idéia de Siqueira era que Marcelo Miranda ficasse 4 anos no governo e depois ele retornaria, mais no entanto Marcelo Miranda gostou de está no poder. Abandona a UT, volta para o seu antigo partido e leva consigo, outros tantos partidos, conseguindo com isso fragmentar a força política da UT.

Graças a maquina estatal Marcelo Miranda é reeleito em 2006, já fora da UT, impondo com isso uma grande derrota a família Siqueira já que o seu filho também perde a cadeira no senado, e destrói completamente a famosa UT.

Mais a era Marcelo Miranda dura pouco, o então governador é cassado em junho de 2009, mais em seu lugar é eleito indiretamente Carlos Gaguim que pertence ao seu partido. Com esse episodio Siqueira campos que parecia está morto para a política reaparece.

E o Tocantins? E a população tocantinense? O Tocantins também apesar de novo não se encontra em uma situação melhor que os outros estados da federação, ao contrario talvez esteja em uma situação muito pior.

O Tocantins como todos os estados da região centro norte do Brasil é dominado pelo latifúndio e o agronegócio, tanto que a principal figura política do Tocantins conhecida nacionalmente, é a poderosa presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e senadora Kátia Abreu.

A população tocantinense é extremamente empobrecida, que não tem acesso a educação, saúde, trabalho entre outros. Os pais geralmente manda os seus filhos para outros estados para ir em busca de um destino diferente. Quem tem um pedaço terra é jogado fora, para que construam hidroelétricas, jogando as nas periferias das grandes cidades, as margens das políticas públicas.

Chegamos em 2010, o povo do Tocantins irá novamente às urnas para escolher os seus futuros representantes políticos, não terão muita alternativas, ao governo do estado só duas. 

Carlos Gaguim (PMDB), que é o atual governador do estado eleito indiretamente, e apoiado por Marcelo Miranda. Do outro lado surgindo das cinzas e despontando nas pesquisas para ganhar no primeiro turno, o velho Siqueira Campos (PSDB), tendo o apoio de Kátia Abreu.

A Gloriosa democracia brasileira, dá a oportunidade para o povo tocantinense escolher entre o espeto e a brasa, ou seja, se votar no Gaguim será espetado, se a opção for o velho Siqueira será assado. Votar em quem votar, o povo tocantinense terá mais do mesmo.

Iai o que fazer, e então fazer o que?

Só nos resta esperar que o povo do Tocantins outrora tão revolucionário (Guerrilha de Trombas e Formoso, colaborando com a guerrilha do Araguaia). Tome de assalto todo o estado do Tocantins com seu espírito revolucionário, destruindo esta canalha política que reveza no governo do estado, e construa um estado para todos os Tocantinenses, e esse estado só será possível através da luta camponesa, pelo fim do latifúndio e pela democratização da terra. E nas cidades com os estudantes tomando as universidades, e os operários de fato se apropriando dos sindicatos, e os transformando em sindicatos de luta. E principalmente de uma organização político-partidária que articule todos esses trabalhadores na luta por uma sociedade socialista.