*Por Pedro Ferreira
Em 2006 já morando em Goiânia, acompanhei com muita atenção o que acontecia no meio político do Tocantins, acompanhando perplexo o desmoronamento da poderosa UT (União do Tocantins), bloco político criado e dirigido pelo Siqueira Campos com o objetivo de comandar por muitos anos a direção política do estado.
Para mim a eleição em 2002 de Marcelo Miranda para o governo do Estado, se dava apenas por que Siqueira não poderia concorrer ao seu terceiro mandato seguido (a legislação brasileira não permite). Por tanto seria apenas um governo fantoche, sendo que quem de fato iria dirigir seria o velho Siqueira que se preparava para retornar em 2006.
No entanto Marcelo Miranda ao contrario do que eu pensava, não aceitou ser fantoche do Siqueira, em vez de suprimir a oposição como sempre fez o velho Siqueira, Marcelo Miranda dialogava e convivia muito bem com a mesma, até por que ele nasceu na oposição. Não querendo deixar o poder, inteligentemente e com á maquina do estado nas mãos, conseguiu fragmentar a UT, e vencer o velho Siqueira nas urnas.
Até então para quem conhecera a força da UT e a moral que Siqueira tinha com a população (Ele rouba mais faz), era impensável a possibilidade de uma derrota do Siqueira e o fim da União do Tocantins. Derrota essa que teve inicio em 2004 quando a UT perdeu a prefeitura da capital (Palmas) para o PT. Mais o pior estaria por vir, com a derrota de Siqueira para Marcelo Miranda e o seu filho Eduardo Siqueira para Kátia Abreu.
Vi em um jornal que daquele dia em diante os Siqueiras passariam a pertencer as paginas dos livros de história do Tocantins. E eu acreditei, depois de tal derrota era impensável ver os Siqueiras de volta, até por que o povo do Tocantins não iria querer o retorno do ditadorzinho bufão, que acredita tanto que criou o Tocantins que se sente dono dele.
Um dos problemas da política é que quando achamos que estamos fazendo uma mudança, na verdade estamos escolhendo mais do mesmo. Isso é recorrente na política brasileira. E assim foi com Marcelo Miranda no Tocantins, que na realidade servia aos interesses dos mesmos que Siqueira servia isto é, governava para os empresários e latifundiários do estado. E para o povo só migalhas.
Mais Marcelo Miranda caiu logo, antes que pudesse criar uma organização tal qual a UT, a articulação que o mesmo tinha feito em 2006 não conseguira chegar em 2010, e assim Kátia Abreu que acreditava que seria apoiada ao governo do Estado em 2010 pelo PMDB de Marcelo Miranda, juntamente com João Ribeiro voltou para os braços do velho Siqueira.
E assim o inacreditável aconteceu, em 2010 o povo tocantinense ressuscitou o velho ditadorzinho bufão, não tinha muita opção, já que Gaguim do PMDB é mais do mesmo também, entre o espeto e a brasa, o povo tocantinense escolheu o espeto.
Mais a política tocantinense vive um período muito diferente do que há 10 anos, onde a UT governava absoluta. O velho Siqueira já não tem a capacidade de articulação de antes, novas lideranças e forças políticas surgiram, e as mesmas já não aceitam mais ficar de baixo da aza do velho Siqueira. Hoje o Tocantins tem vários lideres e grupos políticos, João Ribeiro e o seu PR, Kátia Abreu e o seu novíssimo PSD, Marcelo Miranda e o seu PMDB sempre dividido, e o velho Siqueira e o seu PSDB e claro não menos importante a maquina estatal que é sempre bem usada para cooptar e comprar a oposição.
Todos se movem de acordo com o interesse de seus grupos, engana quem pensa que são inimigos, na realidade todos defendem ao mesmo projeto de sociedade e aos mesmos patrões. Por isso que hora estão juntos e hora estão separado, e isso sempre vai acontecer, pois popularmente falando são tudo farinha do mesmo saco.
E o povo tocantinense continua tendo mais do mesmo, isto é, falta educação de qualidade, saúde de qualidade, moradia, trabalho digno, esporte, cultura, lazer entre outros. Pois seus representantes políticos governam para si e não para o povo. A propaganda oficial mostra o estado em desenvolvimento, mais para quem vai os frutos desse desenvolvimento.
É necessário que a classe trabalhadora tocantinense se organize e se mobilize contra essa velha política que anos vem sendo implantada no Tocantins, enquanto o povo não criar suas próprias organizações (Sindicatos, Movimentos Populares, Partidos que de fato defendam as bandeiras dos trabalhadores) continuaremos tendo mais do mesmo.
Neste ano teremos eleições novamente, já podemos ver as movimentações e articulações, todas no sentido de fortalecimento de um e outro grupo político, e não em ouvir os anseios da população e a elaboração de programas políticos que atendam as necessidades da população. É hora das trabalhadoras e trabalhadores tocantinenses se organizar e se formar para extirpar este bando de aventureiros e abutres das câmaras de vereadores e prefeituras do nosso Tocantins.
“CO YVY ORE RETAMA – Essa Terra é nossa”. (Povo Xerente)
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