Na
ultima quinta-feira (05/11) estudantes da UFT fizeram uma manifestação no
Campus de Palmas, tendo como principal reivindicação a questão do calendário
acadêmico que será aprovado após á ultima greve que durou quatro meses.
Estudantes dirigentes dos centros acadêmicos e professores vêm divergindo a
cerca do recesso de aulas no final do ano. Enquanto os professores defendem um
período de férias entre os dias 19 de dezembro de 2015 a 19 de janeiro de 2016.
Representantes dos estudantes defendem que tenha aula nesse período afim de que
diminua gradualmente o déficit de períodos que vem se acumulando nos últimos
anos em decorrência das varias greves que foram realizadas na instituição.
Nosso
objetivo aqui não é entrar no debate que vem sendo travado entre professores e
estudantes a cerca do fato de que – se teremos férias ou não. Mas, sobretudo a
cerca da forma com que esse debate vem sendo travado. Especialmente, sobre a
tática que os representantes de centros acadêmicos vêm utilizando nessa
disputa. Para nós o movimento estudantil na UFT- Campus de Palmas, tem se
caracterizado, por demais elitista. Como também vem trabalhando contra aqueles
que lutam por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
É
lamentável que estudantes e professores que deveriam caminhar juntos na
construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade estejam em
lados opostos. Tal disputa fortalece apenas um setor – aqueles que querem
sucatear a universidade pública. Nesse sentido lamentamos também profundamente
à posição de alguns representantes dos estudantes atuando contra a greve nas
universidades federais, inclusive hostilizando os professores grevistas. Uma
greve de professores e estudantes da UFT unificada com certeza teria obtido
melhores resultados
Sobre
o debate atual fazemos o seguinte questionamento – a posição que vem sendo
defendida pelos presidentes dos centros acadêmicos, especialmente da Engenharia
e do Direito, representa de fato a todos os estudantes da UFT do campus de
Palmas tal como a mídia local tenta nos enfiar goela abaixo? Nos parece que
não. Pois para que isso acontecesse, seria necessária a convocação de uma
assembleia geral dos estudantes da UFT no campus de Palmas – para que tal
decisão seja tomada coletivamente. Isso inclusive faria com que os
representantes dos centros acadêmicos tivessem mais força na discussão sobre o
novo calendário acadêmico.
E
por que uma assembleia geral dos estudantes não é convocada? Esta claro que é
pelo fato de que não há interesse de que todos os estudantes participem desse
debate. Pois estes senhores dirigentes dos centros acadêmicos estão pouco
pensando nos interesses dos estudantes, mas sim no seu próprio umbigo, nos seus
interesses pessoais. Enquanto não lutarmos para construirmos um movimento
estudantil popular na UFT no campus de Palmas – essa realidade permanecerá.
Como
bem mostra o processo eleitoral do centro acadêmico de Filosofia – o edital de
convocação para eleição foi divulgado no dia 06 de novembro (sexta-feira) com o
período para inscrição de chapa até os dias 09 e 10 de novembro e cinco dias
depois a eleição. Um processo eleitoral feito assim á toque de caixa, tem
apenas um objetivo –manter o mesmo grupo que lá já esta. Pois num período tão
curto será impossível o surgimento de uma força alternativa para disputar o C.A
de Filosofia da UFT- Campus de Palmas, e pior ainda, a possibilidade de um
debate profundo sobre a universidade que estamos ou queremos construir.
Por um movimento estudantil popular na
UFT – campus de Palmas.
Precisamos
lutar para que o movimento estudantil na UFT – Campus de Palmas tenha um
caráter popular – compromissado com a luta pelos direitos do povo trabalhador e
a construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. E não um
movimento estudantil elitista tal como é atualmente. Precisamos o quanto antes
lutar para renovarmos as direções dos centros acadêmicos e do diretório central
dos estudantes – que não representam todos os estudantes.
“Um dos grandes deveres da universidade é implantar suas práticas
profissionais no seio do povo”.
Ernesto ‘Che’ Guevara
Pedro
Ferreira Nunes é educador popular, estudante de Filosofia da UFT- Campus de
Palmas e militante do Coletivo José Porfírio.