Despedida
*Por Pedro Ferreira
Chegara à hora, ela o
abraçou tão forte como que sentisse que seria a ultima vez, não queria solta-lo
nem um instante, mais teve que fazê-lo, suas mãos que pousavam sobre o corpo
dele foram recuando levemente, no rosto um sorriso triste que transparecia a
dor de uma despedida. Virou-se e entrou no ônibus.
Ele por sua vez saiu dali
rapidamente, como sempre tentando esconder seu lado humano, demasiado
humano. Caminhava rapidamente como se precisasse fugir dali, no entanto parou
por um momento e ficou observando o ônibus partir – Talvez esperasse que ela
desistisse e voltasse correndo para os seus braços.
Naqueles segundos ali, veio
tudo a sua cabeça – nos momentos que passaram juntos, de tudo que tinha
acontecido. Conheciam – se já há algum tempo. Por caminhos diferentes se
encontraram no mesmo ideal, lutar por uma sociedade justa e igualitária, e desde
o primeiro momento se apaixonou pelo sorriso e pelo olhar dela.
Com o tempo sua paixão por
ela só aumentava, queria tê-la, no entanto esse sonho cada vez parecia mais
distante. Era um sonho vê-la, tocá-la, tê-la, o sonho tornou se realidade,
mesmo que por apenas alguns dias, algumas noites, mais que noites foram aquelas.
Os dias que passaram juntos
foram de uma felicidade imensa – Ele que vivia com a cabeça voltada pra militância
política construindo a luta da classe trabalhadora. Pela primeira vez pensou em
casar, ter filhos, morar no interior, claro com ela.
Agora naquela fria
rodoviária ele observava todos os seus sonhos irem embora naquele ônibus. Não era
o ônibus em si, mas sim quem ele levava. Não era para tanto, ela não iria para
tão longe assim. Mais ao ver o ônibus partindo da rodoviária e perde-lo de
vista nas curvas do caminho, era como se ele adivinhasse no seu intimo – Nunca mais
haverei.
Ao chegar à solidão do seu
quarto, onde ainda podia sentir o perfume dela impregnado no ar, onde há poucos
dias pela primeira vez se entregaram a mais intensa paixão. Leu a carta que ela
lhe deixará que apenas confirmava o que ele já sentia.
“...Se lembra quando a gente chegou um dia
acreditar, que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba.” Renato
Russo
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