Por Pedro Ferreira Nunes
Paulo estava sentado no ponto
de ônibus esperando o veiculo para seguir até a capital. Fumando um palheiro e
observando a belíssima serra na sua frente. - Precisava arrumar algumas coisas
na capital que era impossível de serem realizadas na pequena cidade em que
morava.
Desde que voltara para sua
terra natal pensava em encontra-la, aquela que fora a sua amada, o seu grande
amor. No entanto após tanto tempo ali já havia perdido a esperança de
reencontra-la. Perguntou alguns amigos se por acaso sabiam alguma noticia dela,
no entanto ninguém sabia. As coisas por ali não haviam mudado tanto, mas muita
gente da sua geração havia ido embora dali tal como ele o fizera. Assim Paulo
ficava pensando o que será que havia acontecido com sua amada.
- Será que ela continua casada
com aquele cara? Será que teve filhos? Em que cidade esta morando, em que
estado?
Paulo conheceu-a no colégio.
Ambos tinham apenas 14 anos. Paulo ainda não namorava, ela já estava noiva e
logo se casou. Desde que há viu pela primeira vez ele se apaixonou por ela, já
ela gostava de outro. Com o tempo eles se aproximaram e ela que vivia um
momento de crise no seu casamento começou a se aproximar de Paulo e também se
apaixonou por ele.
A cada dia a paixão dos dois
só aumentava, no entanto ela continuava casada. Paulo a amava com todas as suas
forças, mas não tinha coragem de toma-la em seus braços e rouba-la do seu
marido. Paulo era um covarde. – Amava-a muito, mas não tinha coragem de se
declarar.
Ela o amava, Paulo bem sabia.
Todos que os viam juntos falavam que eles estavam tendo um caso. O boato se
espalhou e o marido dela proibiu-a dela se aproximar dele. Percebeu que estava
perdendo sua mulher para aquele menino e se ele não tomasse uma atitude a
perderia de vez.
A duras penas Paulo teve que
se afastar de sua amada isso lhe doeu muito no coração. Ele bem sabia que se
tivesse coragem ela largaria o seu marido e ficaria com ele, mas ele não tinha
força para rouba-la.
De repente o ônibus surge na
estrada. Paulo levanta e dá com a mão para que o automóvel pare. Quando Paulo
entra não pode acreditar em quem ele está vendo na sua frente sentada sozinha
em uma poltrona. Sim era ela. Continuava linda como sempre. Mas estava com a cara
de poucos amigos. Si quer olhou para Paulo e quando fez, o fez com certa
indiferença.
Paulo não pode deixar de se
sentir desapontado. Esperou tanto por aquele momento, imaginou tanto como
seria. Fez tantos planos. Mas as coisas já não era como antes, como pode passar
por sua cabeça que ela continuava gostando dele e que agora depois de tantos
anos ele teria a chance de viver o amor que não puderam viver na juventude.
Paulo teve medo de
cumprimenta-la e sentar junto dela, imaginou que ela seria áspera com ele e não
suportaria mais essa decepção. Eles que se amaram tanto outrora estavam ali,
mas si quer se cumprimentaram.
O ônibus entra na capital. Ela
se levanta e caminha para porta. Para diante de Paulo abre um grande sorriso e
diz:
- Olá Paulo quanto tempo? Tudo
bom contigo?
Paulo não pode deixar de se
sentir surpreso e responde-a:
- Oi menina tudo bem?! Onde
você esta morando?
- Continuo morando lá e estou
trabalhando aqui na capital.
Paulo pensou na ultima vez que
viu ela. Encontraram-se na rua, ele a cumprimentou, tomou coragem e falou com
ela.
- Menina casa comigo?
Ela olhou para ele e sorriu.
Agora ali diante dela ele pensava nessa proposta que fizera a ela há tantos
anos atrás. O ônibus estava chegando ao ponto em que ela iria descer. Paulo
toma coragem e quando o ônibus para ele pergunta:
- Você pensou na proposta que
eu ti fiz?
- Que proposta?
- Aquela proposta meu.
- Não me lembro. Qual?