“Se você é capaz de se indignar contra uma
injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, então
somos companheiros.”
Ernesto ‘Che’ Guevara
Que a saúde pública no
Tocantins esta na UTI não é novidade, se fosse só por aqui o problema seria
fácil de ser resolvido. Que a saúde privada, sobretudo dos planos de saúde não
é lá essas coisas também não é nenhuma novidade. Por tanto nem pagando você tem
a garantia de que terá acesso a um tratamento de qualidade.
Pobre Graciliano sentiu
isto na pele com um grave problema no olho, sendo obrigado por tanto fazer uma
cirurgia, pois se não correria o risco de perder totalmente a visão. Diante de
um quadro em que não podia esperar por um milagre de ser operado pelo SUS,
assim decidiu procurar uma clinica particular com a esperança de que poderia
ter um atendimento decente (já que estava pagando). Pois em um país onde a
saúde é tratada como mercadoria, isto é, quem paga tem. Era um direito seu já
que estava pagando.
O local escolhido por Graciliano Carreiro e sua família foi a Clínica de
Olhos Yano (localizada na 401 Sul, Av. LO 11, Conj 02, Lote 02. Palmas – TO)
Onde fez a cirurgia com a Drª Susan Erika que havia lhe dado o diagnostico a
cerca da necessidade da cirurgia pois se não realizasse a tal cirurgia
Graciliano Carreiro perderia a visão por completo, e ainda afirmou ao paciente
que com a cirurgia ela garantia que ele teria mais de 90% de chance de voltar a
enxergar normalmente.
Diante disto Graciliano e sua família fizeram um grande esforço para
juntar o dinheiro pedido pela médica (Cerca de R$3.500) para fazer a cirurgia
temendo a perda da visão, inclusive sendo obrigado a se desfazer de alguns bens
materiais para poder levantar todo o dinheiro, pois diante do diagnostico da
Drª Susan Erika do risco de perder totalmente sua visão valia apena qualquer
sacrifício. No entanto o resultado da cirurgia não foi o garantido pela médica,
já logo após a cirurgia o paciente foi levado às pressas até um posto de saúde
da capital, passando mal. Graciliano Carreiro perdeu totalmente a visão do olho
operado, como também passou a sentir uma dor (que ele antes não sentia) no tal
olho.
Com isso o paciente retornou varias vezes na clinica em consulta com a
Drª Susan Erika com o objetivo de ver o que teria acontecido de errado. Pois é
obvio que houve um erro já que a cirurgia na qual a medica dava mais de 90% de
garantia não havia dado o resultado esperado e garantido por ela.
Na ultima consulta a Drª Susan Erika recebeu o paciente Graciliano e
seus acompanhantes na clinica Yano sem lhes dar qualquer atenção, ao contrario,
os mesmos foram recebidos de forma ríspida. Sem qualquer exame a médica mais
uma vez falou da necessidade do paciente fazer outra cirurgia (agora no valor
de R$ 7 mil), pois se não Graciliano perderá a visão por completo. Agora me
respondam que confiança o paciente pode ter em tal médico ou em uma instituição
que prometeu e não cumpriu anteriormente?
Indignados os familiares de Graciliano foram até a Clinica de Olhos Yano
para ouvir as explicações da Doutora que desta vez recebeu a todos com uma
postura amigável dando-lhes as devidas explicações – de que não havia ocorrido
nenhum erro por parte dela, o que havia ocorrido é que a retina do paciente
tinha descolado, pois o mesmo tinha vomitado muito após a cirurgia causando
pressão sobre o olho operado.
‘A Drª Susan Erika tem razão’. Toda cirurgia tem risco, ela havia
garantido apenas 90%, 10% podia dar errado e deu. Mas é claro um familiar de
Graciliano assinou um termo de responsabilidade, dessa forma a clinica se
resguardava de qualquer problema jurídico futuro.
Que importa para clinica se Graciliano Carreiro era um paciente de alto
risco, idoso, com problema de pressão. Importante era convencê-lo fazer a
cirurgia e receber o dinheiro pelo serviço. Se o serviço prestado não havia
sido 100% garantido, problema de Graciliano que já havia pagado. Á clinica
havia feito tudo de forma legal.
Pobre Graciliano mesmo pagando, não teve o serviço de qualidade que
esperava. Foi ludibriado, maltratado, sentiu-se humilhado, mas o que poderia
fazer? A lei os protege não é velho Graciliano? A lei sempre os protege.
Resta a Graciliano ficar com o prejuízo, assim como tantos outros,
tantos outros casos que não vem átona. A nós que nos indignamos ‘diante de uma
injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo’ só nos
resta denunciar para que outras vozes se levantem contra estes mercadores da
saúde do povo. Por fim terminamos fazendo um chamado para
que fortaleçamos as trincheiras da luta por uma saúde pública, gratuita e de
qualidade.
Pedro Ferreira Nunes – é poeta, escritor, educador
popular e bacharel em Serviço Social.
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