segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Mais um triste episódio do caos na saúde do Tocantins

 “Se você é capaz de se indignar contra uma injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, então somos companheiros.” 
                                                                                             Ernesto ‘Che’ Guevara

Por Pedro Ferreira Nunes

Que a saúde pública no Tocantins esta na UTI não é novidade, se fosse só por aqui o problema seria fácil de ser resolvido. Que a saúde privada, sobretudo dos planos de saúde não é lá essas coisas também não é nenhuma novidade. Por tanto nem pagando você tem a garantia de que terá acesso a um tratamento de qualidade.

Pobre Graciliano sentiu isto na pele com um grave problema no olho, sendo obrigado por tanto fazer uma cirurgia, pois se não correria o risco de perder totalmente a visão. Diante de um quadro em que não podia esperar por um milagre de ser operado pelo SUS, assim decidiu procurar uma clinica particular com a esperança de que poderia ter um atendimento decente (já que estava pagando). Pois em um país onde a saúde é tratada como mercadoria, isto é, quem paga tem. Era um direito seu já que estava pagando.

O local escolhido por Graciliano Carreiro e sua família foi a Clínica de Olhos Yano (localizada na 401 Sul, Av. LO 11, Conj 02, Lote 02. Palmas – TO) Onde fez a cirurgia com a Drª Susan Erika que havia lhe dado o diagnostico a cerca da necessidade da cirurgia pois se não realizasse a tal cirurgia Graciliano Carreiro perderia a visão por completo, e ainda afirmou ao paciente que com a cirurgia ela garantia que ele teria mais de 90% de chance de voltar a enxergar normalmente.

Diante disto Graciliano e sua família fizeram um grande esforço para juntar o dinheiro pedido pela médica (Cerca de R$3.500) para fazer a cirurgia temendo a perda da visão, inclusive sendo obrigado a se desfazer de alguns bens materiais para poder levantar todo o dinheiro, pois diante do diagnostico da Drª Susan Erika do risco de perder totalmente sua visão valia apena qualquer sacrifício. No entanto o resultado da cirurgia não foi o garantido pela médica, já logo após a cirurgia o paciente foi levado às pressas até um posto de saúde da capital, passando mal. Graciliano Carreiro perdeu totalmente a visão do olho operado, como também passou a sentir uma dor (que ele antes não sentia) no tal olho.

Com isso o paciente retornou varias vezes na clinica em consulta com a Drª Susan Erika com o objetivo de ver o que teria acontecido de errado. Pois é obvio que houve um erro já que a cirurgia na qual a medica dava mais de 90% de garantia não havia dado o resultado esperado e garantido por ela.

Na ultima consulta a Drª Susan Erika recebeu o paciente Graciliano e seus acompanhantes na clinica Yano sem lhes dar qualquer atenção, ao contrario, os mesmos foram recebidos de forma ríspida. Sem qualquer exame a médica mais uma vez falou da necessidade do paciente fazer outra cirurgia (agora no valor de R$ 7 mil), pois se não Graciliano perderá a visão por completo. Agora me respondam que confiança o paciente pode ter em tal médico ou em uma instituição que prometeu e não cumpriu anteriormente?

Indignados os familiares de Graciliano foram até a Clinica de Olhos Yano para ouvir as explicações da Doutora que desta vez recebeu a todos com uma postura amigável dando-lhes as devidas explicações – de que não havia ocorrido nenhum erro por parte dela, o que havia ocorrido é que a retina do paciente tinha descolado, pois o mesmo tinha vomitado muito após a cirurgia causando pressão sobre o olho operado.

‘A Drª Susan Erika tem razão’. Toda cirurgia tem risco, ela havia garantido apenas 90%, 10% podia dar errado e deu. Mas é claro um familiar de Graciliano assinou um termo de responsabilidade, dessa forma a clinica se resguardava de qualquer problema jurídico futuro.

Que importa para clinica se Graciliano Carreiro era um paciente de alto risco, idoso, com problema de pressão. Importante era convencê-lo fazer a cirurgia e receber o dinheiro pelo serviço. Se o serviço prestado não havia sido 100% garantido, problema de Graciliano que já havia pagado. Á clinica havia feito tudo de forma legal.

Pobre Graciliano mesmo pagando, não teve o serviço de qualidade que esperava. Foi ludibriado, maltratado, sentiu-se humilhado, mas o que poderia fazer? A lei os protege não é velho Graciliano? A lei sempre os protege.

Resta a Graciliano ficar com o prejuízo, assim como tantos outros, tantos outros casos que não vem átona. A nós que nos indignamos ‘diante de uma injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo’ só nos resta denunciar para que outras vozes se levantem contra estes mercadores da saúde do povo. Por fim terminamos fazendo um chamado para que fortaleçamos as trincheiras da luta por uma saúde pública, gratuita e de qualidade.

Pedro Ferreira Nunes – é poeta, escritor, educador popular e bacharel em Serviço Social.



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