sábado, 30 de março de 2013

Crônica: Bomba de efeito moral!

*Por Pedro Ferreira

É comum vermos em ações de desocupação, despejo e em repressão de manifestação a utilização por parte da força policial dentre outros armamentos da bomba de efeito moral. O que me chama atenção não é o seu poder letal, mas sim o nome ‘efeito moral’.

Para a classe dominante é imoral o trabalhador e a trabalhadora que é explorado se organizar e lutar pelos seus direitos, por tanto não podemos ocupar terras improdutivas, terrenos que servem para especulação imobiliária nos centros urbanos, fazer greve pelos nossos direitos entre outras manifestações e mobilizações. Lutar pelos nossos direitos fundamentais é imoral para os capitalistas, por isso que temos que ser tratados com bombas de efeito moral e muita repressão.

As bombas de efeito moral são utilizadas para manter a ordem e a moral. Mas de que ordem e moral estamos falando? Claro que dá ordem e da moral capitalista, onde a classe trabalhadora deve ser explorada sem resistir e questionar. Mas para nós socialistas revolucionários o capitalismo é uma desordem estabelecida e imoral em essência. Por tanto não deveria ser contra a trabalhadora e o trabalhador que luta dignamente pelos seus direitos que essas bombas deveriam ser usadas.

Imoral não é lutar pelos nossos direitos, ao contrario é nega-los e usurpa-los. Imoral é a exploração da classe trabalhadora, é a distribuição desigual das riquezas produzidas, é o latifúndio, é a especulação imobiliária, o desvio dos recursos da saúde, educação, assistência social, cultura entre outros para interesses privados.

Por tanto a bomba de efeito moral deve mudar de nome, deveria se chamar de bomba da incompetência e do descaramento. Pois quando as mesmas são usadas é reflexo de que os gestores públicos não tem competência ou não tem interesse político em resolver as expressões da questão social, isto é, as mazelas do capitalismo.

O movimento popular surge a partir do momento que o estado não resolve as necessidades fundamentais da população, bem como no sentido de pressionar os governantes para que atendam a essas necessidades. No entanto os governantes preferem esconder sob as fumaças dos gazes, das balas de borracha, dos cassetetes. A imoralidade de uma gestão comprometida com a manutenção da desordem e imoralidade capitalista.

No entanto não serão essas bombas e a forte repressão e criminalização da luta do movimento popular por parte do estado burguês e seus capachos que farão com que a classe trabalhadora e suas organizações de luta recuem das batalhas pela superação dessa desordem estabelecida e construção do socialismo.

 *Pedro Ferreira – É educador popular e militante marxista revolucionário.

“A bomba

não destruirá a vida

O homem

(tenho esperança) liquidará a bomba.”

Carlos Drummond de Andrade

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