O futebol no Tocantins ainda não é
desenvolvido profissionalmente como nos grandes centros do país. Por isso o
time do coração dos tocantinenses geralmente são times do eixo Rio-São Paulo.
No entanto na minha infância em Miracema, nas margens do rio Tocantins, o que
nos encantava e nos movia não era time do Rio e muito menos de São Paulo. Era o
clássico local. De um lado o TEC (Tocantins Esporte Clube) do outro o MEC
(Miracema Esporte Clube).
Todos os domingos era sagrado irmos ao
estádio Castanheirão vermos os times de Miracema duelar pelo campeonato
tocantinense de futebol. O estádio estava sempre lotado com uma torcida
animada. Alguns com o radinho de pilha ao pé do ouvido ligado na transmissão da
rádio Miracema e as reportagem do Jair de Oliveira.
Alguns duelos eram inesquecíveis como contra
o Caburé de Colinas que tinha o perigoso atacante Nego Bala. Ou mesmo contra o
Intercap de Paraíso, o Araguaína e o Tocantinópolis. Eram jogos pegados que não
muito raramente acabava com briga levando à torcida a loucura. A torcida por
sua vez jogava com o time, um dos setores mais conhecido era do grupo que
ficava próximo ao gramado xingando o juiz e os jogadores do time adversário,
claro sempre com muito humor.
No entanto nada se comparava quando o jogo
era entre os dois times da cidade, durante a semana os boleiros da cidade não
falavam de outra coisa. Uma coisa era certa. Seguindo a tradição de todo
clássico do futebol mundial, independente da fase que qualquer time estava o
jogo seria pegado, decidido nos detalhes e como era de praxe com certeza teria
briga.
De um lado o Azul e Branco do Tecão de aço,
do outro o tricolor do Mecão. Arquibancada lotada. No campo o desfile de
atletas impagáveis. O goleiro Deinha, Codô e mangueira na zaga, Paulão na
lateral, no meio de campo Rainel quebrando tudo, walber na armação e o Nego Bil
no ataque, sem esquecer também do talentosíssimo Belmiram.
Foram domingos inesquecíveis que mexiam com
toda a cidade. O time vitorioso saia em carreata. Durante a semana a torcida
perdedora tinha que aguentar a gozação. O futebol era diversão, alegria e não
exploração e violência.
Hoje o MEC X TEC fazem parte do passado,
foram abandonados assim como o estádio Castanheirão – Palco desse clássico
impagável. Miracema que tem um povo tão apaixonado pelo futebol e que outrora
tinha dois times na primeira divisão do campeonato tocantinense agora não tem
nenhum.
Quem sabe um dia não veremos novamente desfilar
sobre o gramado do saudoso Castanheirão o TEC X MEC – O lendário clássico do
futebol miracemense, um lendário clássico do futebol tocantinense.
*Pedro
Ferreira- Escritor, Poeta e Educador Popular
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