terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Breve reflexão a cerca do IV congresso nacional do PSOL

Por Pedro Ferreira Nunes
 
Estivemos presente no IV congresso nacional do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL realizado entre o dia 29 de novembro e 1º de dezembro de 2013 no entorno de Brasília. Infelizmente como prevíamos a ala a direita do partido representada pela Unidade Socialista sagrou se como maioria do partido, vitória esta que se deu graças a fraudes cometidas, sobretudo em estados como Amapá, Mato Grosso, Tocantins e Rio de Janeiro, sendo que a direção majoritária do PSOL representada pela Unidade Socialista passou por cima de decisões regionais no caso do Rio e de Palmas.
Quando fomos para o congresso sabíamos das dificuldades que o setor consequente e coerente do partido representado pelo Bloco de Esquerda teria para se tornar direção majoritária do PSOL, sobretudo se as fraudes que aconteceram no processo congressual fossem aceitas. Mesmo assim fomos, pois tínhamos a esperança que um milagre pudesse acontecer e nossa militância aguerrida pudesse reverter o quadro interno.
Mas ao final a ala que tem levado o PSOL a se tornar a passos largos um novo PT, isto é - Um partido vendido, entregado as elites burguesas desse país. Sagrou-se maioria, e o que é pior aprovando como candidato a presidente do Brasil pelo PSOL o que há de pior hoje no nosso partido – Randolf Rodrigues senador pelo estado do Amapá conhecido por fazer alianças inclusive com partidos da extrema direita.
Por tanto não há o que se comemorar, a não ser lamentar que a atual direção majoritária esteja levando o PSOL a passos largos a sua completa degeneração.
O Bloco de esquerda vacilou quando deveria radicalizar
A postura inicial do Bloco de Esquerda em não aceitar as fraudes cometidas pela ‘Unidade Socialista’, foi importante, inclusive a ocupação da mesa que dirigia os trabalhos do congresso pela base de luta do PSOL representada, sobretudo por um amplo setor da juventude.
A ocupação que culminou com a retirada da ‘Unidade Socialista’ do plenário foi com certeza o momento mais significativo, e que nos deu muito orgulho de militar ao lado de camaradas tão aguerridos. Esta ocupação nos fez lembrar as jornadas de junho, os levantes no norte da África, a greve geral na Europa, a juventude estudantil no Chile, o movimento ocupa nos EUA entre outras mobilizações recentes da classe trabalhadora que tinha o frescor e entusiasmo da juventude na linha de frente.
Como gritos de “Eu sou Psol, não abro mão, do socialismo e da revolução”. Avançamos e não houve ninguém que conseguisse nos barrar.
Mas infelizmente a direção do Bloco de Esquerda recuou, aceitando as condições da Unidade Socialista – Isto é, aceitando as fraudes cometidas. E assim desmobilizando a base que estava disposta há não deixar passar os burocratas da Unidade Socialista e sua política stalinista. Pois se tivesse havido uma plenária do Bloco de Esquerda com certeza a base de todas as correntes teriam optado pelo enfrentamento. Assim a direção das correntes que compõem o Bloco de Esquerda mostrou que não está a altura da base que dirige. E talvez provou que não esteja também a altura de dirigir o partido, pelo menos o partido que muitos de nós sonhamos e lutamos para construir.
 – Palavra apenas não basta camaradas, ações sim, é isso que define o que queremos.
O Psol degenerou? Não esta mais em disputa? – O que fazer então?
Essas perguntas têm circulado na minha cabeça desde o dia 1º de dezembro, e acredito que não só na minha, mas em boa parte dos militantes do PSOL Brasil afora. Até o momento não consegui responder nenhuma delas. Há aqueles que acreditam que já deu que o Psol degenerou de vez e que por tanto não há por que continuar. Por outro lado tem os que acreditam que o Psol esta em disputa e que é necessário continuar disputando os rumos do partido. E há os como eu, que não sabe ainda o que fazer - Se sai ou se fica.
Os que defendem a permanência no PSOL pode falar que a maioria conquista pela Unidade Socialista foi mínima, por exemplo, na executiva nacional é de apenas um membro, como também que em vários estados e municípios é esquerda do partido que dirige e por tanto o quadro interno pode mudar. Já os que defendem a saída do partido pode argumentar que se quer temos unidade entre nós do Bloco de Esquerda, ou mesmo - Será se o bloco ainda existe?
Outro dilema importante que devemos responder é – Sair do PSOL e ir para onde? Existe alguma organização da classe trabalhadora que não é cheia de contradições? São respostas também que não sei responder, mas que devemos refleti-las profundamente.
Por fim devemos debater e refletir profundamente qual decisão tomar em relação a nossa militância ou não no PSOL, no entanto devemos tomar cuidado com decisões precipitadas que possam nos levar ao isolamento e a uma maior fragmentação de uma esquerda que já é tão fragmentada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário