terça-feira, 24 de junho de 2014

O assassinato de um rio, o assassinato de um povo!

UHE LAJEADO-TO
*Por Pedro Ferreira Nunes

Um dia desses conversando com minha mãe falávamos a cerca do desaparecimento de algumas espécies de peixes e a diminuição de outras, no rio Tocantins após a construção da usina hidrelétrica do Lajeado. Peixes que outrora havia em abundância como, por exemplo, o mandi moela e o facão hoje em dia já não se vê como também é raro pegar um jau, pirarara, dourado entre outros.

O sumiço de algumas espécies de peixes após a construção da usina hidrelétrica é percebido facilmente, isso apenas após 12 anos da conclusão da mesma. A população ainda não percebeu esse grave problema, sobretudo por que ainda há uma grande quantidade de peixes no rio, mas é fato que se não houver uma maior preocupação por parte das autoridades responsáveis, órgãos de fiscalização ambiental, mas, sobretudo da população de Lajeado, que tira do rio Tocantins a sua principal fonte de sobrevivência o futuro do rio e da população que aqui vive não é animador.

- Será se teus filhos e netos terão a oportunidade de ver essa abundancia de peixes? Acho difícil.

Esse questionamento de minha mãe revela a preocupação com o futuro das novas gerações. E vindo de alguém que nasceu e cresceu nas margens desse rio muito antes da construção da usina hidrelétrica de fato torna essa possibilidade real.

É difícil convencer as pessoas que sempre viram abundancia de peixes no rio Tocantins que no futuro não poderemos ter toda essa riqueza. Mas é fato que se não preservarmos o meio ambiente, em um futuro não muito distante sofreremos as consequências. Tanto que já podemos ver a diminuição da diversidade das espécies de peixes que outrora eram abundantes por aqui.

Nesse sentido uma das ações fundamentais que deve ser desenvolvida com a população da cidade e com os turistas que frequentam o rio é relativo à educação ambiental para que os mesmos saibam a importância de preservarmos as espécies de peixes que nele vivem. Assim os órgãos ambientais e a colônia de pescadores tem um papel fundamental neste processo.Infelizmente o que vemos por parte dos órgãos ambientais de fiscalização é, sobretudo um processo de tentativa de criminalização dos pescadores enquanto deveriam atuar fazendo formação e conscientizando a população.

O rio que dá nome ao estado do Tocantins vem sendo assassinado há vários anos pelos governos de plantão com a construção de usinas hidrelétricas ao longo do seu leito. Usina hidrelétrica de Lajeado, Peixe Angical, São Salvador, além do projeto de construção de outras. Segundo os seus idealizadores o objetivo é gerar energia para desenvolver o Tocantins economicamente e socialmente. Na pratica o que vemos é a destruição ambiental do nosso bioma cerrado, da nossa fauna e flora.

A compensação financeira que é dada aos municípios pela construção de usinas hidrelétricas. Não compensa o que a população perde com a destruição do meio ambiente. Recursos financeiros estes que muitas vezes se esvai pelo ralo da corrupção. E também não se justifica pela melhoria da qualidade do serviço, já que mesmo tendo uma das maiores usinas hidrelétricas do país no município a qualidade e o valor absurdo das contas de energia mostra o contrario.

Assassinar o rio Tocantins é assassinar o povo que vive no seu leito e depende dele para sobreviver. Precisamos parar este processo já – vamos juntos!

* Militante do Coletivo de Educação Popular José Porfiro -

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Cronica: Festa Junina

Por Pedro Ferreira

Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do norte e nordeste brasileiro gosta muito dessa festa. Quando eu era pequeno inclusive gostava de dançar no colégio, passávamos vários meses ensaiando só para apresentar para comunidade que participava do arraial na escola. Era muito divertido, além da quadrilha no colégio, também tinha a do bairro.

As quadrilhas tem origem na tradição camponesa de comemorar o período da colheita, por isso umas das coisas marcantes das festas juninas são a culinária, a abundancia de comida. Muita comida e bebida. Pamonha, milho assado, pé de moleque, quentão entre outras gostosuras.

Mas a parte melhor sem duvida eram as quadrilhas. O caminho da roça, o casamento, os figurinos simples, o chapéu de palha, as camisas quadriculadas, os vestidos de renda. O som da sanfona, do zabumba, do pandeiro e do triangulo. Tudo era muito simples, qualquer um podia participar.

As festas juninas era um jeito de lembrar a nossa origem camponesa, resgatar nossos costumes, celebrar nossa cultura, matar a saudade do campo. Da nossa terra de onde fomos obrigados sair para dar lugar à monocultura de soja, cana de açúcar, eucalipto, pasto pra gado ou para construção de usinas hidrelétricas.

Ontem fiquei olhando a festa junina aqui no Lajeado, há algum tempo não ia a uma quadrilha. Fiquei triste pelo que vi, as coisas mudaram tanto. A festa junina deixou de ser um espaço de diversão para se tornar um espaço de competição. As músicas aceleradas que nada lembra o forrozinho pé de serra. Agora se tornaram uma espécie de forró enredo.

O figurino todo cheio de brilho parecendo fantasias de carnaval, muitos passos foram modificados, alguns desapareceram a exemplo do bêbado e do veado, dizem que agora é quadrilha politicamente correta. Ai de nós, não é para tanto. As quadrilhas pulam alucinadamente, são tudo cronometrado, coreografado, quadrilhas enlatadas, industrializadas.


Senti saudade do meu tempo de criança, das quadrilhas no colégio, do grupo do império na baixa preta, bairro onde morava. Da diversão que era. Da animação. Quando se dançava quadrilha não para se disputar troféu ou ganhar dinheiro, mas para festejar e relembrar a nossa origem camponesa. As quadrilhas de hoje infelizmente estão mais para carnaval. Que pena, que pena. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A noite que eu fui mais feliz

Por Pedro Ferreira Nunes


A noite que eu fui mais feliz
Eu vi uma estrela cadente cortando o céu.

 
A noite que eu fui mais feliz
Eu vi uma enorme lua cor de fogo surgindo por
trás do segredo.

 
A noite que eu fui mais feliz
Tu estavas nos meus braços nas margens do córrego lajeado.

 
Hoje já não esta mais ao meu lado

As estrelas no céu já não me encantam tal como outrora

Nem o brilho do luar
Hoje já não esta mais ao meu lado.

 
Nesses anos todos sem ti ver

Perdi aos poucos o gosto de viver.

 
De uma coisa não irei esquecer

Que a noite que eu fui mais feliz

Eu estava com você.