sexta-feira, 13 de junho de 2014

Cronica: Festa Junina

Por Pedro Ferreira

Ontem fui ao arraial de Lajeado, fazia um tempo que não ia ver as quadrilhas dançarem nas festas juninas. O povo do norte e nordeste brasileiro gosta muito dessa festa. Quando eu era pequeno inclusive gostava de dançar no colégio, passávamos vários meses ensaiando só para apresentar para comunidade que participava do arraial na escola. Era muito divertido, além da quadrilha no colégio, também tinha a do bairro.

As quadrilhas tem origem na tradição camponesa de comemorar o período da colheita, por isso umas das coisas marcantes das festas juninas são a culinária, a abundancia de comida. Muita comida e bebida. Pamonha, milho assado, pé de moleque, quentão entre outras gostosuras.

Mas a parte melhor sem duvida eram as quadrilhas. O caminho da roça, o casamento, os figurinos simples, o chapéu de palha, as camisas quadriculadas, os vestidos de renda. O som da sanfona, do zabumba, do pandeiro e do triangulo. Tudo era muito simples, qualquer um podia participar.

As festas juninas era um jeito de lembrar a nossa origem camponesa, resgatar nossos costumes, celebrar nossa cultura, matar a saudade do campo. Da nossa terra de onde fomos obrigados sair para dar lugar à monocultura de soja, cana de açúcar, eucalipto, pasto pra gado ou para construção de usinas hidrelétricas.

Ontem fiquei olhando a festa junina aqui no Lajeado, há algum tempo não ia a uma quadrilha. Fiquei triste pelo que vi, as coisas mudaram tanto. A festa junina deixou de ser um espaço de diversão para se tornar um espaço de competição. As músicas aceleradas que nada lembra o forrozinho pé de serra. Agora se tornaram uma espécie de forró enredo.

O figurino todo cheio de brilho parecendo fantasias de carnaval, muitos passos foram modificados, alguns desapareceram a exemplo do bêbado e do veado, dizem que agora é quadrilha politicamente correta. Ai de nós, não é para tanto. As quadrilhas pulam alucinadamente, são tudo cronometrado, coreografado, quadrilhas enlatadas, industrializadas.


Senti saudade do meu tempo de criança, das quadrilhas no colégio, do grupo do império na baixa preta, bairro onde morava. Da diversão que era. Da animação. Quando se dançava quadrilha não para se disputar troféu ou ganhar dinheiro, mas para festejar e relembrar a nossa origem camponesa. As quadrilhas de hoje infelizmente estão mais para carnaval. Que pena, que pena. 

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