Caros camaradas que
acompanham as minhas publicações no blog “das barrancas do rio Tocantins”. Essa
crônica pretende ser a primeira de uma série que pretendo escrever a cerca das
questões mais relevantes que ocorrem na UFT – Campus de Palmas. Claro, sempre
com o olhar critico que caracteriza os meus textos, como também numa linguagem
popular. Com isso pretendemos contribuir para que os debates que ocorrem dentro
do campus a cerca das diversas questões do cotidiano da nossa sociedade possam
ecoar para além dos muros da universidade. E nessa primeira crônica vou falar
sobre uma questão que tem me incomodado muito na UFT- Campus de Palmas que é o
marxismo de gabinete.
Isso mesmo, professores
que se dizem marxista, que fazem um discurso revolucionário, que elaboram
artigos fundamentados no marxismo, mas que na prática estão totalmente alheios
a luta concreta da classe trabalhadora tocantinense pelos seus direitos. Ou se
omitem quando projetos contrários ao interesse do povo são implementados com o
apoio da universidade.
Pegamos como exemplo, o
MATOPIBA, que foi lançado na UFT com a presença da ministra da agricultura
Kátia Abreu. Os marxistas de gabinete dizem ser contra o projeto, no entanto
nenhum esteve presente na manifestação contraria que ocorreu no campus, também
nenhum professor fez uma notinha se quer contestando esse projeto que tirará
direitos das populações tradições do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Foi um
silencio total em relação à violência sofrida por estudantes na manifestação
que ocorreu. E agora aparecem dizendo que são contra o MATOPIBA. Mas por que
não fazem isso publicamente, por que só fazem isso na sala de aula?
Outro caso na UFT que
os marxistas de gabinete e demais professores se silenciaram foi em relação às
denuncias investigadas pelo ministério público federal de corrupção por parte
da reitoria. Ainda hoje a um silencio total sobre essa questão na universidade.
Nenhuma manifestação, nenhuma notinha, nenhum posicionamento publico mais
consequente.
E se esses marxistas de
gabinete não ajudam a construir nem um movimento de esquerda forte na UFT.
Imaginem na sociedade em geral. É ai que não os vemos mesmo. Nem no campo das
ideias esses senhores contribuem. Claro que em tudo há exceções, e nesse caso
são exceções mesmo, tanto que contamos nos dedos de uma mão professores que de
fato são marxistas engajados com as lutas populares no Tocantins.
Já dizia Lênin: Sem
trabalho, sem luta, o conhecimento livresco do comunismo, adquirido em folhetos
e obras comunistas, não tem absolutamente nenhum valor, uma vez que não faria
mais que continuar o antigo divórcio entre a teoria e a prática, esse mesmo
divórcio que constituía o mais repugnante traço da velha sociedade burguesa.
E infelizmente essa é
uma das características do marxismo de gabinete, que mais trabalha contra a
luta revolucionária do que propriamente para o seu desenvolvimento. Estes
senhores nos faria um grande favor se assumissem o que são na verdade –
conservadores e oportunistas. Mas se não assumem o que são, é nossa tarefa
revolucionária desmascara-los e encaminha-los para o pântano como dizia Lênin:
“...achamos, inclusive,
que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas
forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém,
nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra
liberdade, porque também nós somos "livres" para ir aonde nos
aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para
lá se dirigem”.
Eis ai a tarefa
daqueles que de forma coerente e consequente vivem o marxismo e lutam por uma
universidade popular.
Pedro
Ferreira Nunes é estudante de filosofia da Universidade Federal do Tocantins.
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