segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Ainda sobre as eleições no Tocantins: A vitória.

Se na nossa analise Marlon Reis e o seu partido Rede Sustentabilidade foram os maiores derrotados nas eleições tocantinenses. Quem seria então o maior vitorioso? O governador Mauro Carlesse (PHS) que conseguiu a reeleição ainda no primeiro turno? O MDB que mesmo em crise elegeu a maior bancada da assembleia legislativa? A família Abreu com a eleição de Irajá para o senado? Ou Eduardo Gomes e o seu partido Solidariedade?

Sem dúvida todos esses personagens têm motivos para comemorar. No entanto o maior vitorioso nesse pleito eleitoral foi o senador eleito Eduardo Gomes (SD). Gomes teve a façanha não só de ser eleito (com 248.358 votos) o senador mais votado do Tocantins com pouco mais de 34 mil votos de diferença para o segundo colocado – desbancando figuras com mandato como os senadores Vicentinho e Ataídes Oliveira. Mas também foi o principal articulador e estrategista para que seu partido (Solidariedade) ressurgisse das cinzas e tivesse um grande êxito na eleição de deputados estaduais e federais.

Por exemplo, o partido comandado por Eduardo Gomes elegeu mais parlamentares que o partido de Mauro Carlesse – o PHS. E também mais do que partidos tradicionais como PSDB, PR, PP, PSB e PT. Ficando apenas atrás do MDB.  Enquanto o partido comandado por Eduardo Gomes elegeu 3 deputados estaduais, o MDB elegeu 5. No entanto para a Câmara dos deputados o Solidariedade elegeu 2 deputados enquanto o MDB só elegeu 1. E somando a isso a eleição do próprio Eduardo Gomes para o senado faz do Solidariedade o partido mais vitorioso dessa eleição.

Diante disso, ainda que não fosse eleito para o senado, Eduardo Gomes teria o que comemorar. O que não ocorreu com o PR do Vicentinho que sai menor do que entrou na disputa. A mesma coisa pode se falar do PSD, do PSDB e até mesmo do MDB – que, aliás, foi o que mais perdeu em relação ao que conseguiu eleger em 2014. E em 2016 onde elegeu o segundo maior número de prefeitos.

O Solidariedade por sua vez que saíra derrotado em 2014 tanto com Sandoval Cardoso na disputa pelo Governo como para o senado com Eduardo Gomes perdendo para Kátia Abreu. E que em 2016 elegeu apenas 5 prefeitos – não sendo nenhum dos grandes municípios tocantinenses. Se coloca novamente como uma grande força política no cenário regional. Um fenômeno que se deve inquestionavelmente a liderança de Eduardo Gomes.

Eduardo Gomes não é uma figura nova na política tocantinense. Formado nas fileiras da antiga União do Tocantins (UT) ele já ocupou diversos cargos eletivos, incluindo de deputado federal. E foi justamente a atuação como deputado federal que pavimentou a sua eleição agora para o senado. No entanto, mesmo tendo uma forte ligação política com o Siqueirismo, Eduardo Gomes tem algumas qualidades que falta para maioria dos políticos tocantinenses (especialmente os oriundos da UT). E essas qualidades como capacidade de diálogo, articulador e estrategista fizeram com que ele tivesse a maior vitória dessa eleição tanto do ponto de vista pessoal como do ponto de vista partidário.

Eduardo Gomes tinha tudo para deixar o SD após as eleições de 2014, mas não o fez. Não abandonou o barco como fez Sandoval Cardoso e outros. Em 2016 foi outro momento que ele poderia abandonar o barco em busca de uma estrutura partidária mais forte para disputar uma vaga ao senado, mas também não o fez. Mesmo quando foi indicado para ser suplente do velho Siqueira na disputa por uma vaga ao senado –Eduardo Gomes aceitou com humildade – sem espernear. 

Gomes poderia ter feito como outros que foram em busca de espaços mais privilegiados junto a outras coligações. Ou então poderia se lançar a Câmara dos deputados – que não teria dificuldades para se eleger. Mas ao decidir ficar na suplência de Siqueira mostrou ter visão estratégica e de grupo. Pois se levasse o SD para outra coligação muito provavelmente não teria o mesmo saldo eleitoral. E acabou sendo premiado com a desistência do velho Siqueira de concorrer ao senado por problemas de saúde.

Quando isso se deu escrevemos um artigo falando que a imagem do velho Siqueira iria ser usada para fortalecer as candidaturas dos seus aliados. E foi justamente o que fez Eduardo Gomes. No entanto não podemos reduzir a sua vitória ao apoio do Siqueira. Mas sim a um trabalho de base que ele vem fazendo nos municípios há um bom tempo. Aliás, essa é uma das suas grandes características – atuar nos bastidores, longe dos holofotes.

Diante disso para nós fica evidente que Eduardo Gomes e o seu partido tiveram a maior vitória no pleito eleitoral. E a sua capacidade o coloca numa posição privilegiada diante do governo Bolsonaro (É, governo Bolsonaro, quem diria?!). Sobretudo através do desprezível Onix Lorenzoni. Com isso Eduardo Gomes tem tudo para se tornar a principal referencia política do Tocantins a nível nacional – tomando uma posição que até então era da Senadora Kátia Abreu. 

Esse movimento revela uma mudança importante na política tocantinense. Com uma renovação de quadros tomando uma posição de liderança ainda maior do que já ocupavam. Esse movimento pode ser observado não só pela vitória do Eduardo Gomes e o fortalecimento do seu partido (SD). Mas também com a eleição de Irajá Abreu (PSD) e do próprio Mauro Carlesse (PHS). Por outro lado o que fica evidente é que essa mudança é apenas de nomes já que os interesses que eles representam continuam sendo os das elites.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio. Cursou a faculdade de Serviço Social e atualmente estuda Filosofia na Universidade Federal do Tocantins.

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