segunda-feira, 5 de novembro de 2018

A pergunta que não se fez!

A melhor maneira de desviar o foco do problema é fazendo perguntas que não tem haver com a questão em pauta. E me parece que foi exatamente isso que ocorreu no episódio em que policiais civis mataram um policial militar em Gurupi. E se querem tirar o foco com a conivência da imprensa regional é por que tem algo que querem esconder. Para compreendermos o problema precisamos ir à raiz fazendo a pergunta ou as perguntas que ninguém fez.

Mais do que depressa a cúpula da segurança pública do Tocantins veio a público comunicar que não havia uma crise institucional entre as duas corporações. E foi a isso que a imprensa regional deu ênfase – a meu ver para tirar o foco do problema. O problema é saber o porquê e a mando de quem dois policiais militares a paisana (numa moto) assassinaram duas pessoas e balearam outras duas nas ruas de Gurupi. Quem eram essas vitimas? Que crime cometeram? E se cometeram algum crime por que foram executadas ao invés de serem presas? 

São perguntas que precisam ser feitas e que a segurança pública do Tocantins tem a obrigação de responder. Pois se não, estará sendo conivente com os crimes praticados pelos dois policiais militares – crimes confessado num primeiro momento pelo sobrevivente no confronto com os policiais civis. Ao não responder essas questões o governo estadual através da sua secretária de segurança pública nos dá margem para especular a existência de “um grupo de extermínio” no seio da policia militar.

E é a partir dai que surge a pergunta que ninguém fez: existe um grupo de extermínio na polícia militar? O vídeo gravado em tom de ameaça no velório por um companheiro de corporação do policial militar morto no confronto com a polícia civil só corrobora com essa tese. 

De acordo com o portal AF Noticias no vídeo o policial declara que “amigos e combatentes estarão sempre continuando a guerra que ele começou” bem como “o nosso irmão não morreu em vão e vai ser honrado”. A postura da cúpula da segurança pública diante das declarações foi de “jogar panos quentes” dizendo que não se tratava de uma ameaça. Mas as declarações falam por se só e reforça a conivência com os crimes que ocorreram bem como com o objetivo de desviar o foco do problema.

Ora, não houve confronto entre Policia Civil e Policia Militar. O que houve foi um confronto entre uma equipe da policia civil com dois indivíduos numa moto que estavam cometendo crimes pelas ruas de Gurupi – indivíduos esses que depois veio a se saber – eram policiais militares. E esse fato não dá nenhuma margem para que se avente a possibilidade de uma crise institucional entre as corporações. Mas a cerca da possibilidade de existência de um grupo de extermínio sim. É só analisarmos as características das vitimas – todos jovens. Bem como o modus operandis de agir dos executores.

Porém não cabe a mim dá respostas às questões levantadas. Mas sim a cúpula da segurança pública do Tocantins. Para tanto o Ministério Público e a Defensoria Pública devem cobrar essas respostas. Pois a sociedade tem o direito de saber.

Pedro Ferreira Nunes – é Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. Cursou a faculdade de Serviço Social e atualmente cursa Filosofia na Universidade Federal do Tocantins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário