Vargas Llosa é prêmio Nobel de literatura. Entre as sua obras estão “A casa Verde” (1966), “Conversa no Catedral” (1969), “A guerra do fim do mundo” (1981) e “Travessuras da Menina Má” (2006). Peruano de Arequipa – onde nasceu em 1936. Atualmente mora na Espanha. E colabora com periódicos como o El país. Mais recente tornou-se imortal da academia francesa de Letras. É considerado, por tanto, um clássico da literatura latino-americana e mundial.
Ter o apoio politico de uma figura dessas é motivo para comemorar, não?! Ainda mais para alguém que não tem lá grande prestígio no âmbito Internacional como é o caso do nosso mandatário.
Confesso que nunca li nenhuma das produções literárias de Vargas Llosa. Não por qualquer preconceito contra esse autor, mas por ainda não ter tido a oportunidade de encontrar numa biblioteca ou adquirir alguma obra de sua autoria. O meu contato com ele é apenas através dos seus artigos de opinião que são publicados no El país (diga-se de passagem, um tanto medíocres que nunca consegui ler até o final). E a partir do momento que ele declarou apoio a eleição da Keiko Fujimori contra o Pedro Castilho na disputa pela Presidência da República nas eleições Peruanas, meu ranso com ele só aumentou.
Não vou fazer aqui a ficha corrida de Keiko e do que a familia dela representa no Peru. Vargas Llosa como um intelectual filho daquela terra sabe mais do que ninguém. De modo que o seu apoio a esse clã político é asqueroso. Já nas eleições Chilenas o nosso prestigiado escritor latinoamericano voltou a aparecer declarando o seu apoio ao ultradireitista – José Antonio Kast contra o jovem Gabriel Boric. Felizmente, tanto no Peru como no Chile, o povo, na sua maioria ignorou a opinião de Llosa.
Foi então que me pareceu (agarrado as tradições místicas latino-americana) ser um bom presságio se Vargas Llosa declarasse apoio a reeleição do Presidente Jair Bolsonaro. E assim ele fez. Óbvio que não será isso que selará o destino desse goveno. A sua derrota virá de qualquer forma – virá, parafraseando uma canção da banda punk Garotos Podres, como um grito de liberdade preso na garganta. Pois ao contrário de Vargas Llosa que vive tranquilamente num país comandado por um governo socialdemocrata, desfrutando de suas benesses. O povo trabalhador brasileiro que senti diariamente na pele as consequências de um governo ultraliberal, saberá em quem votar.
De acordo com informações da imprensa, o escritor Peruano declarou que apesar das palhaçadas e erros cometidos por Bolsonaro, prefere ele ao ex-presidente Luiz Inácio Lula. Pois segundo ele o atual mandatário acabou com um mau que assola o nosso continente que é a corrupção. Sim, isso mesmo. “Acabou com a corrupção”.
Ora, dizer que o governo Bolsonaro acabou com a corrupção, é no mínimo falta de informação. Mas sabemos que não é disso que se trata, e sim do mau caratismo típico dos liberais. O fato é que como vimos pontuando ao longo dessas linhas, Vargas Llosa nos últimos processos eleitorais na América Latina tem se posicionado ao lado de políticos que defendem os interesses das elites.
Felizmente, o seu posicionamento político na América Latina tem sido irrelevante. E se ainda perdemos tempo escrevendo sobre é pelo fato dele ter uma relevância inquestionável no campo literário. Nesse sentido não defendemos o seu cancelamento – essa coisa tão na moda nos dias que vivemos. Sabemos o quanto é difícil separar o autor da sua obra, mas talvez não precisamos fazer isso. Devemos antes conhecer para poder criticar, e conhecer significa ler o autor em questão.
Para finalizar, diria que numa coisa concordo com Vargas Llosa, não tenho nenhuma simpatia pela candidatura Lula. Preferiria um nome alternativo a esquerda. Por exemplo, do Deputado Federal Glauber Braga (PSOL). Não sendo possível, seguindo a linha do Professor José Paulo Netto, apoiaremos o nome que tiver mais condição de derrotar Bolsonaro. Se esse nome for o do Lula, que seja então.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Especialista em Filosofia e Direitos Humanos.
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