Nesse contexto a educação ambiental é uma ferramenta importante, através dela podemos vislumbrar uma mudança de comportamento em relação ao meio ambiente. Por isso, que desde 1999 temos uma lei que institui a política nacional de educação ambiental (lei 9.795/99) – que tem entre outros objetivos estimular os estudantes e a comunidade em geral na busca de soluções dos problemas ambientais.
Seguindo essa linha, Takemore Silva e Menezes Silva (2016) defendem a importância da inclusão da educação ambiental no currículo da educação básica. Sobretudo diante do contexto que vivemos, isto é, de avanço da crise climática – que é reflexo da ação humana. Ora, mesmo dependendo dos recursos naturais, nós agimos de forma contrária – que se dá em grande medida, segundo os autores (2016), por uma perspectiva de desenvolvimento que visa o lucro.
Quando se fala em educação ambiental no município de Lajeado o Colégio Estadual Nossa Senhora da Providência (CENSP-LAJEADO) tem uma importante contribuição. O CENSP desenvolve a educação ambiental de forma sistemática e nos últimos anos numa perspectiva para além dos muros da escola, isto é, com ações que envolve e chama atenção de toda a comunidade para necessidade de valorizarmos, preservarmos e conversarmos nossos recursos naturais. Tal perspectiva parte da compreensão de que uma mudança de paradigma para um modelo sustentável de relação com o meio ambiente só será possível com o envolvimento de toda a sociedade.
Nessa linha é importante salientar o que defende Takemori Silva e Menezes Silva (2016), sobre o fato de que a conservação deve ser ensinada em todos os lugares. Nessa afirmação temos um elemento importante. Isto é, para nossos autores, a educação ambiental (que está presente na Lei de Diretrizes e Base da Educação como um tema transversal) deve ser desenvolvida na perspectiva da conservação e não do cuidado. Mas qual é a diferença?
A educação ambiental na perspectiva do cuidado tem como meta a limpeza simplesmente. Já na perspectiva da conservação a meta é mudar o modo de Vida. Temos assim duas perspectiva antagônicas, pois em última análise, enquanto uma está ligada a uma manutenção a outra a ponta para a ruptura. Por isso, para nossos autores (2016), a educação ambiental não pode ficar só na teoria.
Nesse sentido outro aspecto das ações desenvolvidas pelo CENSP é a valorização dos saberes populares na preservação do Meio Ambiente. Por isso, além das discussões teóricas, há uma preocupação de dá voz a pessoas da comunidade que através de suas ações são exemplos de respeito e cuidado com os nossos recursos naturais. Pessoas que compreendem a nossa dependência da natureza, mais do que isso na verdade – que somos natureza.
Entramos assim numa discussão filosófica, isto é, estamos na natureza ou somos natureza? O Filósofo Juvenal Savian Filho (2016) desenvolve muito bem essa discussão no seu “Filosofia e filosofias – existência e sentidos”. Para esse autor ao longo da história foi se consolidando duas visões acerca da natureza: Uma que a compreende como se fosse uma máquina, isto é, algo que podemos dominar e usar em nosso proveito. Já a outra compreende como um organismo vivo, do qual nós fazemos parte. Desse modo nossa relação com a natureza seria o reflexo da forma com que a enxergamos.
Savian Filho (2016) destaca que, “hoje mais do que nunca, somos solicitados a rever nossa maneira de encarar a Natureza. Repensá-la significa repensar a nossa própria morada e o tipo de relação que estabelecemos com nossos companheiros de jornada, os minerais, as plantas e os animais não humanos”.
A educação ambiental é certamente um esforço nesse sentido. E o CENSP tem feito isso de forma contínua. Por isso é inegável a sua contribuição na mudança de paradigma em relação a visão da natureza como uma máquina, com recursos inesgotáveis que podemos usar como bem nos aprouver sem nos preocuparmos com sua preservação e conservação.
Por Raimundo Oliveira e Pedro Ferreira Nunes - Professores da Educação Básica no CENSP-LAJEADO.
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