Olha o PM/PM idiota/Com suas ideias fasci-patriotas/Com seu regime nazi-fascista/E suas ideias militaristas…
Se alguém dissesse que esses versos foram feitos hoje ninguém duvidaria. Quis o destino que dois dos integrantes da banda fossem vitimados pela violência policial (Dinho e Morcego). Violência que persiste na sociedade brasileira vitimando milhares de jovens. A filósofa Sueli Carneiro tem sido uma das principais vozes a denunciar o genocídio da juventude negra no nosso país. Mas não temos nenhum avanço na discussão pela desmilitarização da polícia. Pelo contrário. Ouvindo a demo da banda fiquei me questionando quantos talentos não são calados pela violência do Estado.
As músicas trás uma sonoridade potente, com letras que misturam humor com crítica ácida. E o vocal do Morcego com o gutural da Silvana evidenciam isso. Assim como o ritmo que vai variando de compasso - hora calmo, hora acelerado.
A música que abre a gravação é Idiota na qual eles denunciam a violência policial a serviço do Estado: Olha o PM/PM safado/Olha o PM/Boneco do estado…
Em seguida eles emendam com repressão mental, onde denunciam o papel de instituições como o Estado, as forças armadas e a Igreja na introjeção de determinados valores que faz com que os indivíduos não pensem por conta própria:
Religião/Repressão mental/Estado fascista/Repressão mental/Igreja universal Alienação Total/Repressão Mental/Repressão Mental/ Exército, Marinha, Aeronáutica/Repressão Mental, Mental, Mental, Mental…
Em seguida temos a rapidíssima Noisecore Nojo onde temos uma espécie de descarga de raiva. Seguida da ferida exposta: Uma ferida, uma ferida/cruel que nos trocida/penetrando a sua alma/penetrando a sua vida…
Sem tempo para respirar eles emendam uma música na outra. E muitas vezes fica a sensação de que é uma música só (não que seja repetitivo). Mas há uma espécie de continuidade. Como se eles contassem uma história - a realidade que estão inseridos. E assim temos na sequência Sujo; Imundo; e Bosta Rala.
Ação direta/faça, faça a coisa certa…/estamos aí viemos protestar/não queremos violência/não queremos brigar…
Na sequência temos dor, onde voltam a criticar o autoritarismo: Medo causa dor/raiva causa dor/loucura causa dor/ódio causa dor…
Desgraça humana vem na sequência, juntamente com Sem vergonha e O que se passa. O recado aqui é: enquanto o povo sofre, os milionários se divertem à nossa custa: o que se passa?/é violência/é miséria/é fome…
Para finalizar temos uma bela “homenagem” ao Silvio Santos com a canção Quem quer: Vamos abrir a porta da esperança?/Quem quer dinheiro hahai!/ Fala aê Lombardi/ "Alô Silvio, temos muitos prêmios hoje para a plateia”. O alvo aqui é o papel da televisão na manipulação e alienação das pessoas para que se submetam à ordem dominante.
Essas são portanto as canções que compõem essa gravação que certamente merece figurar entre os clássicos do punk rock brasileiro. Também trata-se de um registro histórico importante para compreensão do movimento punk no Brasil. Servindo de referência a novas bandas que tem surgido e fortalecido uma cena potente que tem levantado a bandeira antifascista adiante.
Ouça acessando o link: https://youtu.be/m1JgZYFtxIc?si=XBswpf8rWx7R7xKw.
Por Pedro Ferreira Nunes - Apenas um rapaz latino americano, que gosta de ler, escrever, correr e ouvir rock in roll.
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