Carreata em Miracema |
Em alguns municípios a principal disputa entre os candidatos tem sido essa, a de quem faz mais barulho. Dessa forma quando um faz uma movimentação mobilizando o seu eleitorado. No momento seguinte o outro busca mobilizar ainda mais gente para demonstrar mais força que o seu adversário. Que no momento seguinte não deixará de dar outra resposta no mesmo sentido. Refletindo sobre isso me veio na cabeça o exemplo de dois adolescentes disputando quem é mais “pegador”.
Eis ai o nível de maturidade dos nossos candidatos e seus correligionários – a maturidade de um adolescente alienado. Enquanto isso os problemas dos municípios – que são muitos – deixam de serem discutidos seriamente.
Esse exemplo nos mostra como estamos cada vez mais sobre o domínio da mediocracia. E não é o único. Em alguns municípios por exemplo, a disputa não é entre quem tem o melhor projeto de governo, mas qual o candidato que tem a bênção do atual gestor. Em outros municípios chegamos ao cúmulo de um candidato adotar o sobrenome de um ex-gestor com o objetivo de atrair mais votos. E o interessante nesses casos é que são geralmente candidatos defensores da meritocracia. Mas no caso essa meritocracia deve ser aplicada só aos outros. Já eles não se intimidam em utilizar um padrinho para conseguirem alcançar o que almejam. De modo que podemos dizer que há mais mediocridade do que mérito nessa ação.
Sendo eleito não dá para esperar algo diferente desses senhores e senhoras. Políticos medíocres que são, se cercaram de pessoas medíocres. E farão uma gestão medíocre. Como fazer para que isso não aconteça? Começar justamente se atentando para duas questões: primeiro, o candidato tem ideias próprias? Segundo, tem projeto de governo voltado a enfrentar os problemas da sua cidade?
Votar fundamentado nas respostas dessas duas questões é votar buscando o melhor para sua cidade. E votar buscando o melhor para sua cidade é votar buscando o melhor para você. O que estamos ponderando é para que se faça uma escolha racional. Afinal de contas estaremos elegendo aqueles que conduziram o nosso município nos próximos quatro anos – que definiram as nossas prioridades (Ainda mais quando temos uma sociedade Civil pouco organizada).
Sabemos que nas médias e pequenas cidades Tocantinenses os eleitores não tem muitas opções. Sobretudo no que diz respeito á candidatos progressistas. A alternativa será então votar no menos pior (o mau menor) ou não votar. Quem optar pelo menos pior deve saber que este pode até ser uma alternativa mas não será a solução. De modo que continua valendo o que defendo há anos, isto é, a construção de candidaturas progressistas compromissadas com as causas populares – mas sei que isso ainda está um tanto distante da maioria dos nossos médios e pequenos municípios.
Á curto prazo podemos e devemos fortalecer as organizações da sociedade civil existentes nesses municípios. Para que possam desempenhar, de forma mais autônoma, o papel de fiscalizar e cobrar dos representantes políticos locais a execução de políticas que visem atender o bem comum. Além de propor e realizar ações que contribuam no combate às expressões da questão social que afligem esses municípios.
Quem sabe também, não possamos dar um recado já nessas eleições a esses candidatos que acreditam que eleição se ganha no barulho e não pelo fato de se ter o melhor projeto para conduzir a cidade nos próximos quatro anos. Se conseguíssemos isso, já seria uma grande mudança de perspectiva
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.