Candidaturas ao executivo
Três chapas disputaram o voto popular para os cargos de Prefeito e Vice-prefeito em Lajeado. São eles: Júnior Bandeira e Nego Dílson pela Coligação “Fé, Família e Trabalho” formada pelos Partidos MDB e DEM. José Edival e Jaison Parente pela Coligação “Lajeado para todos” formada pelos Partidos PSC e PV. E Hilario Dias e Irmão Luiz pelo PROS.
O primeiro ponto que nos chama atenção é a ausência de uma representante feminina entre as candidaturas ao executivo. O segundo ponto é o número reduzido de partidos que compõem as coligações – muito em consequência do fim das alianças proporcionais. Em terceiro, o grau de escolaridade dos candidatos, apenas um possuí nível superior (Não que isso seja um fator que determina a capacidade política do postulante ao cargo).
Júnior Bandeira e Nego Dilson
Junior Bandeira que tem 55 anos, ocupa atualmente o cargo de prefeito e possui Ensino superior – tentará se eleger para o seu quarto mandato á frente do executivo municipal. Dessa vez com a companhia de Nego Dílson como Vice – que tem 56 anos, atualmente ocupa o cargo de Vereador e possui ensino médio completo. Nego Dílson após vários mandatos de Vereador alça novos voos. Com a máquina pública na mão, o apoio da maioria dos atuais vereadores e de figuras como o Senador Eduardo Gomes, estrutura não faltará para que Bandeira e Nego Dilson busquem á vitória.
Mesmo diante de uma avaliação negativa do seu atual mandato, Bandeira continua sendo o favorito para permanecer á frente do executivo municipal. Ainda mais quando avaliamos os seus adversários. No entanto o seu favoritismo está bem distante daquele que lhe deu a vitória na eleição suplementar de 2019. Sobretudo pelas escolhas equivocadas que fez para compor o seu secretariado e pela gestão quase inerte – o que possibilitou a reorganização e fortalecimento da oposição.
Há que se reconhecer que ele, assim como todos os demais prefeitos do país, tiveram sua gestão atrapalhada pela crise imposta por a pandemia de COVID-19. No entanto para parte significativa da população, era possível, e preciso, fazer mais.
Outro aspecto importante que pode definir o êxito ou fracasso da candidatura Júnior Bandeira foi a escolha do vereador Nego Dilson para ocupar a vaga de Vice na chapa majoritária. Esperava-se que assim como nos outros pleitos (exceto na eleição suplementar) o candidato fosse um representante da comunidade Pedreira. Com isso não acontecer, e sabendo que a comunidade Pedreira tradicionalmente privilegia os candidatos locais, a questão agora é saber qual o impacto dessa decisão no resultado das eleições.
Diante disso podemos dizer que essa escolha foi no mínimo arriscada. Mas compreensível do ponto de vista estratégico, sobretudo pensando á longo prazo. Vejamos porque. Se Júnior Bandeira conseguir se reeleger agora, não poderá se candidatar novamente em 2024. Com isso esse grupo político, para permanecer no poder, necessitará de um candidato forte. E quem é atualmente o principal nome desse grupo político, depois do Bandeira, se não o Nego Dílson.
E, ainda, para minimizar esse possível impacto negativo, há na chapa proporcional, candidatos a Vereador da Comunidade Pedreira.
José Edival e Jailson Parente
Se há uma candidatura capaz de ameaçar a vitória do atual grupo político no poder. Essa candidatura é a do atual Presidente do legislativo municipal – o Vereador José Edival – que tem 58 anos e possui o Ensino Fundamental Completo. Edival foi uma figura chave na vitória do atual grupo da situação na eleição suplementar – inclusive ocupando a vaga de Vice. Mas nem chegou a assumir, decidiu retornar para o legislativo municipal e concluir o seu mandato como presidente da Câmara de Vereadores. A partir daí o seu distanciamento do grupo da situação foi só se aprofundando, e consequentemente foi se aproximando da oposição.
O seu candidato a Vice também é um ex-aliado do chamado grupo do Bandeira – Jailson Parente – que tem 48 anos, é Agricultor e possui o Ensino Fundamental Completo. Jailson buscará atrair os votos da Comunidade Pedreira. Aproveitando-se sobretudo da brecha deixada pelo grupo da situação.
Além de contar com ex-aliados do grupo do Bandeira, José Edival também herdou o espólio político do Ex-Prefeito Tércio Neto. E isso tem lá seus bônus e ônus. Os bônus são os votos daqueles que permanecem fiel ao grupo político do ex-prefeito. E os ônus é a visão negativa que parte significativa da população tem de Tércio Neto e sua gestão. Além de outras figuras desse grupo político como é o caso da Vereadora Leidiane Mota e do Vereador Cassado Adão Tavares.
No entanto, mesmo que não saía vitorioso do pleito, a candidatura de José Edival dá uma maior musculatura para chapa proporcional da oposição, garantindo assim a sua sobrevivência. E com chances reais de eleger um ou mais representantes para ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores, na próxima legislatura.
Hilario Dias e Irmão Luiz
A surpresa deste pleito eleitoral em Lajeado fica por conta da candidatura de Hilario Dias com o irmão Luiz de Vice. Hilario tem 53 anos. É Servidor Público e possuí o Ensino Médio Completo. Já o irmão Luiz tem 47 anos. E tem o Ensino Médio incompleto. Ambos são figuras conhecidas na cidade. Inclusive não é a primeira vez que se apresentam como candidatos a um cargo eletivo para população lajeadense. Ambos já postularam o cargo de Vereador. Mas não obtiveram êxito. Não creio que agora terão um resultado muito diferente. Serão no final das contas uma alternativa para os eleitores que fugiram da polarização entre Bandeira e Edival. E que não queiram anular o voto ou votar em Branco.
Esses eleitores serão certamente uma minoria, mas que no final das contas pode pesar muito no resultado que determinará quem vencerá o pleito. Pois em Lajeado, cada voto de fato faz a diferença. Para comprovar o que estou falando, olhem a diferença de votos entre o primeiro e segundo colocado na eleição municipal para prefeito em 2016.
Por Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Tocantins.
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