O meu primeiro contato foi com colegas que votariam na Márcia (PSDB). E o que senti nesse bate papo foi uma profunda confiança na eleição da candidata tucana. Eles me disseram que o povão estava todo com a Márcia, ainda que muitos não falassem publicamente. O contato com aqueles que votavam no Tércio foi um pouco diferente. Também acreditavam na vitória, mas pontuando que seria apertado.
Essa visão mudou um pouco depois da carreata promovida pelo candidato republicano que marcou o encerramento da campanha. Eu estive presente participando do ato e fiquei impressionado. Me pareceu ter sido uma estratégia bastante acertada que poderia influenciar os eleitores indecisos. E o sentimento dos que ali estavam é que a vitória era praticamente certa. No entanto, a demonstração de força não impactou na decisão dos eleitores lajeadenses. Tanto que houve vários comentários dizendo que muitos dos que estavam na carreata não eram da cidade. Ou seja, não havia indecisão em relação ao voto por parte do eleitorado.
No domingo a cidade amanheceu tranquila, fui até o meu local de votação entre 11h e 12h, votei e retornei para casa. No período da tarde me organizei para retornar para Palmas. E enquanto estava na margem da rodovia esperando a Van, um colega que fazia parte da campanha do Tércio deu a notícia.
- Perdemos a eleição.
A minha reação foi de surpresa. Quis saber mais detalhes mas ele não tinha. Como ele estava indo para Palmas me ofereceu carona - o que foi providencial pois eu já estava há um bom tempo tentando pegar uma van mas todas que passavam estavam lotadas. Durante a viagem fomos conversando e analisando tanto o resultado como o novo cenário político na cidade. E um ponto bastante enfatizado foi do capital político da Márcia. Ainda não sabíamos de quanto tinha sido a vantagem de um para o outro. E nem quais e quantos vereadores eleitos de cada grupo. Só quando chegamos em Palmas e tivemos acesso a internet é que soubemos.
Para mim ficou evidente que a cidade de Lajeado se moveu num sentido de mudança. E quem melhor incorporou esse sentimento na campanha eleitoral foi a candidata tucana. A renovação de mais de 50% das cadeiras do legislativo lajeadense também corroboram com essa tese. E o mais interessante desse movimento foi ver a eleição de gente jovem com profundas raízes na cidade. Como é o caso do Madruga (Republicanos) e do Márcio Brito (PL). Ouso apostar que essa seja a legislatura mais jovem da história do Lajeado.
Em relação à representação feminina não houve mudança referente à quantidade. Mas o nome da ocupante desta cadeira (Eva Enfermeira/PSDB) é certamente muito significativo tanto pela sua história com o território como pelo seu trabalho como servidora pública da saúde.
Confesso que não me empolguei com a candidatura da Márcia. Para mim será como uma espécie de rainha da Inglaterra. Ou seja, apenas figurativa. Quem realmente vai comandar a administração não será ela. Talvez eu esteja subestimando o seu papel como líder. E espero estar enganado quanto a isso para o bem da cidade.
No geral a gente observou um movimento de mudança. E não podemos ficar tristes diante disso. Sobretudo em relação a eleição para câmara de vereadores com a ascensão de novos parlamentares e a queda de figuras tradicionais da política lajeadense. Óbvio que teremos mudança. Márcia não elegeu a maior bancada na Câmara de Vereadores e precisará ceder espaço para os parlamentares eleitos no grupo do Tércio para poder ter projetos aprovados. Os vereadores por sua vez, mesmo os novatos, nem todos ficaram na oposição.
Enfim, foi assim que vi e acompanhei os momentos finais das eleições em Lajeado. Já não estava na cidade durante a comemoração. Mas pelas postagens nas redes sociais pude perceber a emoção e felicidade do grupo vitorioso. Também pude imaginar a bad trip de quem investiu tanto e viu seus planos frustrados. No interior se vive muito intensamente o período eleitoral de escolha dos representantes locais. E isso deixa suas marcas. No final das contas a única pergunta que importa é: qual a cidade que teremos nos próximos quatro anos?
Pedro Ferreira Nunes - É Professor na Rede Pública Estadual de Ensino do Tocantins. Graduado em Filosofia (UFT). Especialista em Filosofia e Direitos Humanos (Unifaveni). E Mestre em Filosofia (UFT).