segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A Destruição do Mercadão e a Questão da Memória e Identidade Miracemense.

A meus avós, Graciliano e Jovelina.

A memória e a identidade são patrimônios fundamentais de um povo. Ambas são frutos tanto da coletividade como também da nossa individualidade. Logo não podemos negar a influência da sociedade tanto na construção da nossa identidade como da nossa memória – mesmo quando fazemos isso a partir de um olhar particular. É o que veremos a seguir nesse trabalho que busca resgatar a história de um patrimônio perdido em nome do “progresso” – o mercado municipal de Miracema do Tocantins – que depois de mais de 50 anos servindo a população miracemense e das cidades circunvizinhas como o principal centro comercial da região, mas, sobretudo como ponto de encontro das diversas culturas que construíram o município de Miracema, foi destruído para construção de um mini shopping.

Diante de um contexto do avanço de um modelo de desenvolvimento baseado na destruição do patrimônio histórico, cultural e ambiental Tocantinense estudos como esse são fundamentais para resgatar o que vem sendo destruído em nome do progresso. Mas que progresso é esse que para existir precisa destruir as nossas motrizes culturais? É a ordem capitalista que avança interior adentro. E que em busca de lucros exorbitantes não pensa duas vezes em destruir o patrimônio local.

Assim esse trabalho se constitui, sobretudo, numa arma de resistência – contra esse modelo nefasto que nos é enfiado goela abaixo como a única alternativa de desenvolvimento. Resgatar a memória do mercadão de Miracema e todo o seu significado para construção da identidade do povo miracemense é recuperar mesmo que nas nossas memórias esse patrimônio que se perdeu – quando fora destruído para construção de um mini shopping. Tal trabalho foi realizado a partir de relatos orais e entrevista com pessoas que cresceram nos corredores do mercadão comercializando e comprando mercadorias para sua subsistência, das nossas memórias pessoais e de uma pesquisa bibliográfica – na qual tivemos bastante dificuldade para encontrar material devido à escassez de registro histórico sobre a cidade de Miracema e particularmente do mercadão.Logo esse trabalho ganha mais importância ainda no sentido de dá as futuras gerações miracemense algum estudo a cerca de um patrimônio histórico e cultural da cidade de Miracema que foi destruído, mas que sobreviverá na nossa memória.

 O Mercado Municipal de Miracema foi destruído depois de 50 anos servindo o povo de Miracema e das cidades circunvizinhas. Tal destruição se deu para construção de um Shopping. A história desse lugar está intimamente ligada a historia da cidade. Por isso continua vivo na memória do povo miracemense e é parte constituinte de sua identidade. Fato que se dá, por que o mercadão foi construído a partir da necessidade do povo local. E também por que o povo de Miracema não se reconhece nesse novo espaço – construído de forma autoritária, de cima para baixo, sem respeitar a vontade da população – como são todos os projetos do modelo hegemônico de desenvolvimento no Brasil e no Tocantins – pautado na destruição do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural.

O Mercado Municipal de Miracema não era apenas um espaço de comércio, de importância econômica. Mas era, sobretudo, um lugar de relevância social – onde se reuniam as motrizes culturais que construíram e constrói a cidade, isto é: Os índios Xerente – primeiros habitantes do local, os povos ribeirinhos, os camponeses e aqueles que vieram de outras regiões – os viajantes.

Quando derrubaram o mercadão para construir sobre a sua estrutura um shopping – o poder público local pretendia mostrar que Miracema estava se modernizando – e tal processo de modernização passava pela destruição do velho e construção do novo. Mas tal processo de modernização não pegou – não pegou por que não se muda a identidade de um povo e de um lugar do dia para noite, pela vontade de um único individuo ou de um pequeno grupo. E se ao construírem um shopping achavam que estavam apagando da memória do povo de Miracema parte da sua história – o tiro saiu pela culatra.

O Mercado Municipal de Miracema foi um patrimônio histórico e cultural de Miracema perdido como reflexo de um modelo de desenvolvimento que para subsistir precisa destruir – destruir nossas raízes, a nossa cultura, a nossa memória, a nossa identidade. Logo é preciso que a população se conscientize e se mobilize para rechaçar esse modelo de desenvolvimento que não serve aos interesses do povo, mas sim de uma pequena elite.


Para ver o artigo completo acesse o os links: https://drive.google.com/drive/my-drive

Nenhum comentário:

Postar um comentário