No ano de 2005 comecei
a trabalhar como repositor de mercadorias num grande hipermercado em Goiânia.
Nos intervalos do serviço ia até uma revistaria que ficava dentro da loja
comprar alguma coisa para ler. Foi então que encontrei uma edição de bolso do
livro “Dez dias que abalaram o mundo” – uma celebre narrativa da revolução
russa escrita pelo jornalista norte americano John Reed. Já havia ouvido alguma
coisa sobre a revolução russa, mas nada muito significativo. Logo não pensei
duas vezes em comprar um exemplar para ler. E a partir da leitura de “Dez dias
que abalaram o mundo”fui instigado a buscar conhecer mais profundamente as
ideias comunistas – a ler Karl Marx, Lenin, Trotsky entre outros.
A experiência de ler
“Dez dias que abalaram o mundo” é como se teletransportar para o passado e
viver aqueles acontecimentos. Sentir o clima tenso, o cheiro do tabaco no ar,
os debates acalorados. É ouvir Lenin e Trotsky de um canto a outro organizando
e agitando a massa para que lute e tome o poder. É ouvir Zinoviev, Camenev, Bucarin,
Svedlov, Lunastinque e tantos outros que não tiveram papel menos importante.
Como Antonov, Crilenco e Dibenco – homens de ação.
É se emocionar diante
da queda de um camarada – imortalizado em versos – Oh irmãos, caídos na luta
fatal, vitimas do sagrado amor pelo povo, por ele tudo destes... Um dia há de
chegar e o povo há de se levantar, grande, poderoso e livre... E da união entre
camponeses e operários que de punho cerrado, fuzil erguido para cima, canta a
todo pulmão “A internacional” – De pé oh vitimas da fome, de pé famélicos da
terra... Bem unidos façamos, nesta luta final, uma terra sem amos, a
internacional. E não li “Dez dias que abalaram o mundo” apenas uma vez. Pelo
contrário, é difícil lê-lo apenas uma vez. Tornou-se um livro de cabeceira, que
leio sempre. Sobretudo quando vamos travar alguma luta contra a burguesia. Ou
quando nos desestimulamos diante das dificuldades da vida militante.
Em outubro de 2017 fará
100 anos do triunfo dos bolcheviques na Rússia. Muito se falará e muito se
escreverá sobre tal acontecimento. Tanto do ponto de vista positivo, como
também negativo. Haverá também os que ignoraram – que deve ser a grande maioria.
Mas os que falaram dessa importante data para classe trabalhadora internacional
provavelmente darão ênfase a figuras como Lenin, Trotsky e até mesmo Stalin.
Lendo “Dez dias que abalaram o mundo” aprendi a admirar figuras que geralmente
são ignoradas por boa parte das organizações de esquerda. Figuras que não
tinham uma grande capacidade teórica – é verdade. Eram mais homens de ação
mesmo. No entanto sem eles, os bolcheviques já mais triunfariam. Eles são
inegavelmente a imagem do povo – Svedlov, Antonov, Dibenco e Crilenco. E
através deles homenageio a tantos outros que derrabaram o sangue pela causa da
liberdade, mas que seus nomes não aparecem nos livros de história.
Pedro
Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.
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