segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Dez Dias que Abalaram o Mundo e os 100 Anos da Revolução Russa.

In memória de Dibenco, Crilenco, Antonov e Svedlov.

No ano de 2005 comecei a trabalhar como repositor de mercadorias num grande hipermercado em Goiânia. Nos intervalos do serviço ia até uma revistaria que ficava dentro da loja comprar alguma coisa para ler. Foi então que encontrei uma edição de bolso do livro “Dez dias que abalaram o mundo” – uma celebre narrativa da revolução russa escrita pelo jornalista norte americano John Reed. Já havia ouvido alguma coisa sobre a revolução russa, mas nada muito significativo. Logo não pensei duas vezes em comprar um exemplar para ler. E a partir da leitura de “Dez dias que abalaram o mundo”fui instigado a buscar conhecer mais profundamente as ideias comunistas – a ler Karl Marx, Lenin, Trotsky entre outros.
A experiência de ler “Dez dias que abalaram o mundo” é como se teletransportar para o passado e viver aqueles acontecimentos. Sentir o clima tenso, o cheiro do tabaco no ar, os debates acalorados. É ouvir Lenin e Trotsky de um canto a outro organizando e agitando a massa para que lute e tome o poder. É ouvir Zinoviev, Camenev, Bucarin, Svedlov, Lunastinque e tantos outros que não tiveram papel menos importante. Como Antonov, Crilenco e Dibenco – homens de ação.
É se emocionar diante da queda de um camarada – imortalizado em versos – Oh irmãos, caídos na luta fatal, vitimas do sagrado amor pelo povo, por ele tudo destes... Um dia há de chegar e o povo há de se levantar, grande, poderoso e livre... E da união entre camponeses e operários que de punho cerrado, fuzil erguido para cima, canta a todo pulmão “A internacional” – De pé oh vitimas da fome, de pé famélicos da terra... Bem unidos façamos, nesta luta final, uma terra sem amos, a internacional. E não li “Dez dias que abalaram o mundo” apenas uma vez. Pelo contrário, é difícil lê-lo apenas uma vez. Tornou-se um livro de cabeceira, que leio sempre. Sobretudo quando vamos travar alguma luta contra a burguesia. Ou quando nos desestimulamos diante das dificuldades da vida militante.
Em outubro de 2017 fará 100 anos do triunfo dos bolcheviques na Rússia. Muito se falará e muito se escreverá sobre tal acontecimento. Tanto do ponto de vista positivo, como também negativo. Haverá também os que ignoraram – que deve ser a grande maioria. Mas os que falaram dessa importante data para classe trabalhadora internacional provavelmente darão ênfase a figuras como Lenin, Trotsky e até mesmo Stalin. Lendo “Dez dias que abalaram o mundo” aprendi a admirar figuras que geralmente são ignoradas por boa parte das organizações de esquerda. Figuras que não tinham uma grande capacidade teórica – é verdade. Eram mais homens de ação mesmo. No entanto sem eles, os bolcheviques já mais triunfariam. Eles são inegavelmente a imagem do povo – Svedlov, Antonov, Dibenco e Crilenco. E através deles homenageio a tantos outros que derrabaram o sangue pela causa da liberdade, mas que seus nomes não aparecem nos livros de história.


Pedro Ferreira Nunes – Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.

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