Não raramente a policia ambiental tem feito
apreensões e aplicado multas em pessoas que cometem crimes ambientais em
Lajeado, sobretudo pescadores que não respeitam o período da piracema, ou que
ultrapassam os limites proibidos para pesca – próximo à usina hidrelétrica Luiz
Eduardo Magalhães. No entanto essas ações não tem inibido a população
ribeirinha, pelo contrario, a quantidade de pessoas que buscam o rio para
pescar é cada vez maior. E por mais que tenta a policia ambiental não consegue
dá conta de combater a pesca ilegal. Não dá conta, sobretudo pela forma com que
os agentes ambientais têm atuado – utilizando-se da repressão em vez da
educação. Se essa lógica não mudar, a ação da policia ambiental continuará
sendo ineficaz como tem sido.
Pescador
é um aliado na preservação ambiental e não um inimigo!
Não é difícil encontrar um ribeirinho que não tenha
alguma queixa da forma com que é abordado pela policia ambiental. Além de
perderem o pescado, o material de pesca e de serem multados, não raramente são
algemados e levados presos para delegacia. Inclusive já houve episodio em que
pescadores foram baleados pela policia ambiental. Mas isso não impede que
voltem a pescar – não pelo prazer de cometerem crimes, mas pelo fato de que a
pesca é a única fonte de sobrevivência para grande parte da população
ribeirinha. Logo, não é criminalizando a pesca e a caça que este problema será
resolvido, pelo contrário, é preciso conscientizar a população da necessidade
de preservação da fauna e da flora local, é preciso fazer dos ribeirinhos
aliados e não inimigos. Pois afinal de conta eles são os principais
beneficiados com a conservação do meio ambiente.
Todas as experiências bem sucedidas de preservação
ambiental no Brasil tem em comum o fato de terem transformado a população
ribeirinha em agentes ambientais. E tal processo se deu através da
conscientização, da educação ambiental e não da repressão. É preciso
compreender que a maioria das famílias que buscam o rio – de onde tiram o sustento
do dia a dia. Não o fazem por querer, mas pela falta de alternativa. Por que
não existe outra fonte de sustento na região se não a pesca – é por causa da
pesca que muita gente não passa fome em Lajeado e região. E já que nem todos
tem acesso ao beneficio do seguro-defeso, acabam pescando em período proibido e
em área de risco.Situação que tende á agravar devido à diminuição do número de
beneficiários do seguro-defeso e o desemprego crescente. Mas também a solução
desse problema passa pela necessidade do poder público oferecer alternativas
para que os ribeirinhos possam ter outras fontes de sobrevivência. Se isso não
acontecer o governo vai continuar fingindo que combate o crime ambiental, á
policia ambiental continuará atuando sem nenhuma ineficácia e os ribeirinhos
vão continuar driblando a fiscalização para por o pão de cada dia na mesa da
sua família.
Pedro
Ferreira Nunes – É Educador Popular e militante do Coletivo José Porfírio.
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