quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Reforma Política: O discurso e a prática.

Uma das criticas mais frequentes que se faz ao sistema político brasileiro é a cerca do número excessivo de Partidos com representatividade no Congresso Nacional. Fato que obriga o Governo de plantão a ter que barganhar com tais agremiações para poder governar. As criticas atualmente tem partido, sobretudo dos representantes dos grandes Partidos, que no final das contas são os principais responsáveis pela eleição da maioria dos candidatos de Partidos considerados nanicos.

Eis ai o problema. É através das coligações com as grandes agremiações político-partidárias que á maioria de candidatos de partidos nanicos se elegem. Sendo assim se de fato as grandes agremiações político-partidárias estivessem tão preocupadas com isso por que então permitem essas coligações? Permitem por que os favorece, por que com isso terão mais tempo de tv e rádio, por que podem mais facilmente manipula-los – já que a grande maioria se move por interesse, por dinheiro, e não por uma concepção ideológica. Logo, se percebe que o discurso dos lideres dos grandes partidos como PSDB, PMDB e PT está totalmente desligado da prática. O que convenhamos, não é nenhuma novidade.

Ora, se chegamos a um nível tão grande de fragmentação político-partidária, de quem é a culpa se não dos grandes partidos que se alimentam dessa degeneração do nosso sistema político?

O discurso hegemônico atualmente é de que é necessário acabar com as coligações. E inclusive avança no Congresso Nacional um projeto de lei de autoria do PSDB nessa linha. A verdade é que não precisaria de um projeto de lei para resolver uma questão de principio ético-moral das agremiações político-partidárias. Se um determinado Partido defende no seu programa certo principio, do ponto de vista ético-moral seria inadmissível coligar-se com outro Partido que defende um principio totalmente oposto. Em suma, o que queremos dizer é que não precisa de uma legislação para definir uma questão que deveria fazer parte da concepção ética dos Partidos. Está bastante claro que há mais coisa por trás dessa questão. Trata-se da cláusula de desempenho para os Partidos nas eleições.

Ora se fosse só a questão do fim das coligações era tranquilo. O fato é que nem precisaria de uma reforma política para tanto. Era só os Partidos manterem sua coerência programática. O problema é a criação de uma clausula de desempenho ou de barreira que atinge as exceções, isto é, os partidos ideológicos que não se curvam diante dos interesses dos grandes. E no final das contas esse é o principal objetivo desse ponto especifico da reforma política.

Ora, que o sistema político brasileiro esta falido não há nenhuma dúvida. Logo ninguém em sana consciência vai contra a necessidade de uma reforma política. Porém o que há de se questionar é qual reforma política queremos? Confesso que não tenho uma resposta. Mas se não sei responder qual reforma política queremos. Tenho certeza daquela que não queremos. E é exatamente essa que esta em curso no Congresso Nacional.Somos contra tal reforma política por que piora o que já é ruim. Por que em vez de dá condições para que haja uma ampla mudança na política nacional, caminha no sentido contrário, mantendo as coisas como sempre foram, e piorando ainda mais quando busca aniquilar as poucas exceções que existe no parlamento.

Diante disso não tenhamos ilusão, desse Congresso Nacional não sairá nada de minimamente progressivo. Esperar uma reforma política de cima para baixo, como tem sido feito esta, que atenda os anseios da população, é iludir-se.Nos resta portanto, resistir. O que não tem sido uma tarefa fácil, mas se não houver resistência, continuaremos sendo engolidos.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio. 

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