quarta-feira, 9 de julho de 2014

Conjuntura política no Tocantins - Eleições 2014.

 1-       Cenário eleitoral de 2014

Por Pedro Ferreira Nunes

Ao contrario de 2010 quando tivemos apenas duas candidaturas ao governo do Tocantins, neste ano teremos 5 candidatos. São eles: Sandoval Cardoso (SD), Marcelo Miranda (PMDB), Ataídes Oliveira (PROS), Joaquim Rocha (PSOL) e Carlos Pontengi (PCB).

Essa mudança no cenário eleitoral tocantinense se deu pelas seguintes questões;

a-      Devido ao péssimo governo de Siqueira Campos eleito em 2010, que não conseguiu manter a base de apoio que o elegeu. Sem condições de concorrer à reeleição Siqueira pretendia que seu filho Eduardo concorresse em seu lugar, tanto que o velho Siqueira renunciou o mandato de governador para viabilizar a candidatura do filho. Porém a baixa popularidade de Eduardo e a forte rejeição do seu nome pela base de apoio do atual governo fez com que seu nome fosse preterido. Assim os Siqueiras fazem um recuo estratégico, abrindo mão de disputar a atual eleição para apoiar a candidatura de Sandoval Cardoso (SD) que é ex-presidente da assembleia legislativa e atual governador do Tocantins, eleito indiretamente após á renuncia do velho Siqueira.

b-      Se por um lado os Siqueiras não fizeram um grande governo, por outro lado à oposição tradicional também não teve capacidade de unificar-se para se colocar como uma força alternativa ao Siqueirismo. Parte dos que hoje estão na oposição estavam na base de apoio do governo Siqueira até pouco tempo atrás, como por exemplo, os senadores Kátia Abreu e Ataídes Oliveira e o deputado Marcelo Lelis. Assim a oposição terá duas candidaturas que será a de Marcelo Miranda (PMDB) que terá Marcelo Lelis (PV) como vice e Kátia Abreu (PMDB) disputando o senado. A outra candidatura é do senador Ataídes Oliveira (PROS) com o deputado Sargento Aragão disputando o senado.

c-      A grande novidade neste novo cenário são duas candidaturas do campo popular, algo que nunca aconteceu na historia do Tocantins. O PSOL apresentou a candidatura do médico Joaquim Rocha – é a segunda vez que o partido lança candidato ao governo do estado nas eleições diretas. Já o PCB que disputa pela primeira vez uma eleição no Tocantins lançou o nome do bancário Carlos Pontengi de Porto Nacional.

2-      Mais do mesmo

As candidaturas de Sandoval Cardoso (SD), Marcelo Miranda (PMDB) e Ataídes Oliveira (PROS) podem ser colocadas no mesmo pacote, como diz um velho deitado – são tudo farinha do mesmo saco. Todos são representantes da velha politica feita no Tocantins e que defendem o mesmo projeto de desenvolvimento para o estado de favorecimento ao agronegócio exportador e aos megas empresários e especuladores. Para o resto da população apenas migalhas.

Mas não nos iludamos, em um país onde o poder econômico é o fator principal das vitorias eleitorais, as candidaturas populares dificilmente terão alguma chance contra as candidaturas tradicionais e que contaram com amplo apoio financeiro por parte de multinacionais. Muito provavelmente haverá uma bipolarização dessa eleição entre Sandoval Cardoso x Marcelo Miranda.Já Ataídes Oliveira corre por fora.

Sandoval Cardoso é o atual governador do estado, eleito indiretamente após á renuncia de Siqueira Campos. Por tanto concorre à reeleição, além de contar com á maquina do estado a seu favor, terá uma base de apoio de 17 partidos (SD, PR, PDT, PRB, PSDB, PTB, PTC, PEN, PPS, PSB, PHS, PSL, PRTB, DEM, PP, PRP e PSC). Por tanto não será fácil derrota-lo tal como imaginava alguns analistas. Por outro lado Sandoval Cardoso pertence à base Siqueirista, que não lhe deixou uma herança muito boa, podendo por tanto prejudicar a sua candidatura.

Marcelo Miranda já foi eleito governador duas vezes, no entanto não conseguiu concluir seu segundo mandato em 2006, pois foi cassado pela justiça eleitoral, mesmo assim é bastante conhecido em todo o estado, é bem popular e lidera as pesquisas – Terá muito provavelmente o apoio do PT nacional, pois é amigo de Lula, além do PMDB, PV, PSD e parte do PR. Marcelo Miranda tem muitos problemas na justiça eleitoral, em 2010 ganhou a disputa para o senado, mas não conseguiu assumir. Essa pode ser mais uma eleição que ele poderá ganhar, mas não levará.

Já Ataídes Oliveira do PROS é pouco conhecido pela maioria da população, sobretudo no interior. Nunca concorreu a uma eleição majoritária, tornou-se senador ao herdar a vaga do falecido João Ribeiro, de quem era suplente. Ataídes Oliveira acredita que pode ser um novo Amastha (rico empresário que venceu a ultima eleição para prefeitura de Palmas) no inicio da disputa Amastha estava atrás de Luana Ribeiro e Marcelo Lelis, e ao final conseguiu vencer. No entanto é outra eleição, onde dificilmente esse fenômeno se repetirá. Mas não podemos subestimar a sua candidatura, pois estrutura financeira não lhe faltará como também uma base de apoio considerável – PROS, PTN, PPL, PMN, PSDC, PC do B e PT do B.

3-      O campo popular

PSOL-TO mais uma vez dividido!

O PSOL-TO tal como em 2012 nas eleições municipais em Palmas, vai dividido novamente. As brigas internas constantes faz com que o partido nunca se consolide de fato no Tocantins - tornando-se tal como em outros estados uma alternativa real para classe trabalhadora. O Médico Joaquim Rocha candidato ao governo do estado, não é unanimidade no partido, foi um nome imposto pelo setor majoritário, o que mais uma vez ocasionou numa divisão interna. Contrariando a tradição democrática do PSOL não houve disputa de previas como em outros estados.

Como reflexo dessas disputas internas no inicio do ano um grupo de militantes deixou o partido, onde já denunciava uma espécie de intervenção branca da direção nacional do PSOL favorecendo um grupo que tem inclusive ligações com o prefeito de Palmas, Carlos Amastha do PP. A atual direção majoritária no estado que é bancada pela direção nacional tem conseguido enterrar o bom nome que o partido tem a nível nacional no Tocantins - com decisões autoritárias, imposta goela abaixo da militância, o PSOL no Tocantins não se diferencia muito dos partidos da ordem, assim a candidatura do Médico Joaquim Rocha tende ao fracasso. Não só pela falta de estrutura do partido, mas pela pouca capacidade do moderadíssimo Joaquim Rocha, do candidato ao senado Elvio Quirino e dos oportunistas que o rodeia de apresentar um projeto popular de transformação do modelo hegemônico vigente no Tocantins.

PCB busca se consolidar no estadoe fortalecer a luta da classe trabalhadora

Recém-criado no Tocantins, o PCB parte para sua primeira disputa eleitoral no estado. O candidato do partido será o bancário Carlos Pontengi e contará também com a educadora popular Seissa como candidata ao senado. Até o momento a candidatura do PCB é quem melhor tem se apresentado como uma real alternativa contra a velha política que impera no Tocantins. Sem ilusões de que ganhará as eleições, o partidão – irá denunciar as mazelas do modelo hegemônico vigente, defendendo os direitos da classe trabalhadora e apontando para as necessidades de uma transformação radical da sociedade que vivemos.

O PCB também tem dito uma linha bastante importante de chamar os movimentos populares para construir coletivamente o programa de governo que será defendido por Carlos Pontengi.

Se executar aquilo que esta planejando o PCB com certeza dará uma grande contribuição na formação, organização e luta da classe trabalhadora tocantinense, papel que até pouco tempo atrás defendíamos que deveria ser feito pelo PSOL. No entanto acreditamos que o PCB tem total condição para tanto e, portanto deve ser fortalecido por todos os militantes revolucionários que atuam no Tocantins.

“Se os comunistas tem razão, então eu sou o louco mais solitário em vida. Se eles estão errados, então não há esperança para o mundo.”
Jean-Paul Sartre
Pedro Ferreira Nunes
Poeta, escritor e educador popular
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