*Por Pedro Ferreira
Acompanhei perplexo o
nocaute sofrido por Anderson Silva no octógono do UFC diante do jovem americano
na sua sétima defesa do cinturão dos pesos médios de MMA (Artes Marciais
Mistas), até então Anderson não havia perdido uma luta neste evento, e sua
performance no octógono era tão fascinante, mostrando uma superioridade tão
grande a frente dos seus adversários que parecia mesmo que ele era imbatível.
Negro de origem humilde
encontrou no esporte assim como tantos outros atletas brasileiros a
oportunidade de fugir da miséria que nocauteia milhões de brasileiros. Seu sucesso
logo o jogou com o apoio massivo da mídia no patamar de um herói e ídolo do
povo brasileiro.
Tal como jogadores de
futebol como Pelé, Ronaldinho, Romário e mais recente o Neymar. Pilotos de
automobilismo como Ayrton Senna, Jade e Dayane dos Santos na ginastica, Cesar
Cielo na natação entre outros. É apenas alguns exemplos de atletas jogados a
condição de ídolos e heróis da pátria.
Atletas que levam nas costas
as esperanças de um povo oprimido e explorado ao extremo, e que vê no sucesso
desses ‘heróis fabricados’ uma chance para esquecerem suas frustações bem como
de aceitarem sua condição de explorado. Assim quando esses atletas nos frustram
com a derrota, somos obrigados a encarar a realidade.
A mídia que antes jogavam
esses atletas a condição de heróis, diante da derrota, passam a trata-los como
um anti-herói, os mesmos se tornam descartáveis, já não servem para continuarem
alienando o povo. Assim a mídia parte por tanto em busca de novos heróis.
Anderson Silva tem sentido
isso na pele. De herói a anti-herói. Eu que sempre admirei Anderson como
lutador (não como herói ou ídolo) não posso deixar de confessar a minha
decepção com sua derrota, mesmo sempre imaginando que uma hora ela viria.
Também me recusei a ver o massacre e demonização desse grande atleta pela
impressa e opinião pública quase em sua totalidade.
Só agora alguns dias, tive
coragem de ver a entrevista dele no programa da Marilia Gabriela e não me
arrepende, inclusive foi diante dessa entrevista que pensei escrever este
artigo. Entrevista a qual mais uma vez vi o grande atleta que ele é, bem como
um grande ser humano.
Hoje penso que Anderson
Silva nos deu uma grande lição, mesmo sem querer. Lição de que antes de ser um
ídolo ou herói, ele é humano, que tem suas fraquezas e que comete erros, que
não é invencível e não pode carregar nas costas a responsabilidade de fazer com
que tenhamos dias melhores. Pois isso deve ser tarefa de todos nós.
Tal como reconheceu a
derrota, que Anderson Silva também não se deixe levar pela opinião de que é um
anti-herói, mas que não volte a se achar que é um herói quando dê a volta por
cima, pois acredito que dará e estarei acompanhando na sua próxima luta e
torcendo por ele.
Que não se deixe manipular,
tornando-se apenas um produto para gerar riqueza e alienar o povo. E pela
entrevista que vi, senti que ele tem consciência disso. Deve por tanto voltar a
sua origem tirando de suas costas qualquer responsabilidade que não tem,
acreditando no que não é. E voltar a lutar simplesmente por prazer.
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