*Por Pedro Ferreira
Quando criança em Miracema
(TO) cidade onde nasci, me recordo com carinho do mercado municipal lugar onde
os produtos produzidos pelo campesinato da região eram expostos para serem comercializados.
Uma diversidade de cores, cheiros e sabores que vem do campo tocantinense e que
enriquece nossa cultura.
Encontrávamos fumo de corda,
milho cozido, macaúba, farinha de puba, tapioca, arroz, rapadura, doce de
buriti, bacaba, banana, galinha caipira, cheiro verde, açougues com vários
tipos de carne, enxada, machado, foice, corda, telas entre outras ferramentas e
utensílios utilizados pelo homem do campo, roupas e etc.
Das cozinhas vinha o cheiro
saboroso da comida caseira que era preparada pelas cozinheiras em especial o
chambari, comida do qual o caldo é muito apreciado no norte, pois da muita
energia para quem come.
Era um lugar belo, cheio de
vida, onde os visitantes e moradores de Miracema podiam sentir o verdadeiro
espirito do povo daquela região. Espirito sertanejo, espirito campesino.
Espirito esse que continuamos sentido ao visitar Miracema, no entanto não mais
como era quando tínhamos o mercadão, como era conhecido o lugar.
Sim, acabaram com o
mercadão, para que? Construção de um shopping. Em nome da modernidade, do
progresso e do desenvolvimento destruíram um dos corações de Miracema.
Construíram sobre a estrutura do mercadão um shopping que não combina com
Miracema e, sobretudo com o seu povo. Shopping este que hoje está jogado as moscas,
totalmente o oposto do mercadão que outrora ali existira cheio de vida.
Como diz a bela canção do
Belchior ‘ É você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem’. Será
que sou assim? Não é que eu odeio o novo e muito menos amo o passado. O fato é
que eu não posso aceitar a logica de que o novo para subsistir precisa destruir
a nossa historia. Não, não posso aceitar essa logica. Claro que o novo deve
vir, mas para tanto não precisamos destruir a nossa historia.
Tudo bem que se fizesse um
shopping em Miracema, mas era mesmo preciso acabar com o mercadão? Não havia
outros espaços na cidade que poderia construí-lo? O que mais farão em nome do
progresso e do desenvolvimento? Destruíram o estádio Castanheirão? O ponto de
apoio? A praça Deroci Morais?
Infelizmente não dá mais
para voltar atrás, o crime já foi executado, no entanto o povo de Miracema não
pode já mais esquecer esse crime e dos responsáveis por cometê-lo. Não devemos
ter orgulho de ter um shopping em Miracema, mas sim lamentarmos por não termos
mais o mercadão cheio de vida e com sua diversidade de cores, cheiros e
sabores.
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