Por Pedro Ferreira Nunes
Quando comecei a me
aproximar das ideias socialistas as primeiras leituras e fontes de inspiração
que tive foram à revolução cubana. O exemplo de luta e resistência do povo
cubano tendo o exército rebelde comandado por Fidel Castro, Che Guevara, Camilo
Cienfuegos, Raul Castro, Ramiro Valdez entre outros é uma inspiração não só
para mim, mas para milhares de jovens no mundo que lutam contra o capitalismo
rumo à construção do socialismo.
Mesmo com todas as
transformações por que passou, e todas as contradições existentes em Cuba. É
inegável a importância dessa experiência para os trabalhadores que se organizam
e resistem na luta anticapitalista. Tanto que uma das maiores preocupações da
esquerda mundial é saber os rumos que a revolução cubana tem tomado, sobretudo
após o anuncio das reformas por parte do governo cubano agora chefiado por Raul
Castro.
Uma coisa sempre me
incomodou a cerca do debate sobre Cuba. – As posições extremistas (isto é, a
logica dos 08 ou 80) de diversas organizações de esquerda. Aliás, não só sobre
Cuba, mas também outros diversos debates.
Alguns setores da esquerda
dizem que há muito tempo Cuba deixou de ser socialista, que é um capitalismo de
estado. Outros afirmam que Cuba é um país socialista e não tecem nenhuma critica
ao regime. Essas posições extremas levam a um sectarismo exagerado e que pouco
consegue dialogar.
Eu prefiro um meio termo. É
fato que Cuba não é um país capitalista, é não querer ver os importantes
avanços conquistados pela revolução, sobretudo relativo à saúde, educação,
cultura, esporte que resistem até hoje. Mas por outro lado dizer que Cuba é um
país totalmente socialista é também não querer ver as contradições do regime
cubano, como a falta de democracia e liberdade.
Fala-se muito sobre Cuba, mas
sempre como fosse uma disputa de torcida. De um lado os que são contra, do
outro, os que são a favor. No entanto essas posições simplistas não dão conta
da complexidade que são as revoluções sociais.
Recentemente tive o
privilegio de participar da Escola Latino Americana em São Paulo (06 a 12 de
janeiro de 2014) que teve a presença do camarada Isbel de Cuba. – Que fez uma
belíssima apresentação sobre ‘Os socialistas revolucionários e as reformas do
governo cubano’.
Isbel conseguiu apresentar
um quadro interessante da atual situação em Cuba. O perigoso caminho que o
governo cubano tem tomado colocando em risco as importantes conquistas da
revolução.
Reformas
antipopulares
- Ampliação da lei
tributaria
- Aumento de anos para
aposentadoria
- Redução da caderneta de
abastecimento
- Cortes na educação, saúde,
cultura e esportes
- Expansão da pequena
propriedade privada
- Demissão massiva de
servidores públicos
- Militarização
- Código do trabalho
anti-trabalhador
Reformas
elitistas
- Nova lei migratória
- Outorgamento de terras em
usufruto
- Livre comercialização de
casas e carros
- Profissionalização do
esporte
- Acesso a internet
Essas reformas que poderiam
significar uma maior abertura em Cuba na verdade aumenta a desigualdade na
ilha, já que nem todos têm condições financeiras de ter acesso a esses
serviços.
Alguns direitos trabalhistas
têm sido perdidos, e o movimento sindical que deveria cumprir o papel de
defender o direito dos trabalhadores acaba atuando como agentes do estado. Por
outro lado o movimento social em Cuba tem se mobilizado, sobretudo contra o
racismo, as agressões ambientais e o movimento LGBTs e têm conseguido
importantes avanços.
O quadro apresentado em Cuba
não é animador, mas nem tudo esta perdido. É preciso lutar e fortalecer a lutadores
valorosos tal como Isbel como também suas organizações que estão em Cuba
lutando para preservar as conquistas da revolução, mas que também buscam
superar os limites do atual regime cubano. E que possamos avançar para
construir o socialismo verdadeiramente em Cuba, na América latina em todo o
mundo.
Hasta
la victoria siempre!
Pedro Ferreira Nunes
Pedro Ferreira Nunes
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