quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cronica: Minutos que parecem horas, horas que parecem minutos.


Por Pedro Ferreira Nunes

Tem momentos das nossas vidas que sentimos que o tempo passa tão depressa, sobretudo quando estas são horas prazerosas – é como se o tempo voasse. Por exemplo, quando estamos ao lado da pessoa amada ou em um momento de diversão com nossos amigos.

Mas também a momentos de angustias onde as horas passam como se fossem minutos – por exemplo, quando o nosso time de futebol esta perdendo o jogo, ou quando precisamos chegar a um determinado lugar em certo horário e estamos atrasados, e foi uma experiência dessas que me fez querer escrever este artigo.

Estes dias precisei fazer uma prova de um concurso público em Palmas. Era um domingo e estava no Lajeado, para tanto precisava me deslocar 53 km ainda por cima dependendo de transporte público. Como sei que não é fácil conseguir um transporte em um dia de domingo para qualquer lugar do nosso estado, como também que não há muita solidariedade por parte dos motoristas que cortam nossas rodovias, decidi ir bem cedo para que não corresse qualquer risco de perder a prova.

No entanto ao chegar ao ponto de ônibus o tempo foi passando e nada do tão esperado transporte surgir na curva do Morro do Segredo. Cada minuto ali parecia uma eternidade, sobretudo por que eu não havia levado relógio ou celular e por tanto acabei perdendo a noção das horas. O ônibus não vinha e a certeza de que perderia a prova já era real. Comecei a sentir um grande ódio por perder todo o tempo que perdi estudando conteúdos insignificantes ou a grana da inscrição que daria para mim tomar muita cerveja.

Quase em total desespero pensei em me jogar no meio da rodovia, quem sabe um caminhoneiro não pararia para me dar uma carona ou qualquer outra alma caridosa. Mas não tive tanta coragem assim. Continuava na minha espera pelo ônibus que não vinha. Lembrava-me da máxima que diz – quando mais queremos uma coisa, mais ela demora de vir. Assim procurava pensar em outras coisas, cantarolar uns rocks, mas não tinha jeito.

Por tanto era melhor rezar para o tempo parar, olhava para o céu tentando decifrar que horas seriam. Mas infelizmente não herdei o dom do meu avô Chô que tem a capacidade de saber as horas apenas olhando para o sol.

Quando o meu desespero já estava no limite chegou uma menina que também iria pegar o ônibus para Palmas. Animei-me, sobretudo quando perguntei-a que horas eram.

- São 12h35.

- O que? 14h35? Por um momento achei que tudo havia se acabado. Como eu havia passado tantas horas ali? Eu achava que o tempo havia passado de pressa, mas o tempo havia passado mais de pressa do que eu imaginava.

- Não. São 12h35.



Que alivio. Afinal não havia muito tempo que eu estava ali, mesmo que o ônibus demorasse mais de uma hora ainda eu conseguiria chegar a tempo de fazer a prova. O alivio maior foi quando ela falou – é de agora em diante que os ônibus começam a passar e de fato dez minutos depois da chegada dela ali – o ônibus que esperei tão desesperadamente surgiu enfim na curva do Morro do Segredo. – Que minutos foram aqueles, pareciam horas.

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