Por Pedro Ferreira Nunes
O
jogo estava difícil para o nosso time, estávamos levando uma pressão danada do
bom time de futebol de salão do Rio do Sono. Eu estava no banco do time do
Colégio Estadual Nossa Senhora da Providência de Lajeado.
Toda
a torcida do ginásio começou a gritar – Põe o Ronaldinho, põe o Ronaldinho!
Para
eles o Ronaldinho era eu. Ora por que eles me chamavam de Ronaldinho se nem me
conheciam, se nunca haviam me visto jogar? Onde eles haviam visto o meu ‘enorme
talento’ com a bola? O jogo era em Miracema no ginásio Irmã Beatriz pelos Jogos
Estudantes do Tocantins (JETS). Todos torciam pelo nosso time, porque éramos
mais fracos e não sei por que cargas d’águas a torcida sempre acaba torcendo
pelos mais fracos.
E o
fato de me chamarem de Ronaldinho era por que eu tinha a cabeça raspada. Visual
utilizado por muito tempo pelo fenômeno e que estava em alta naqueles idos de
2002 onde o Brasil se sagraria pentacampeão mundial de futebol.
Atendendo
ao apelo da torcida o nosso técnico me colocou em quadra. Mais pelo meu
posicionamento e talento com a bola a torcida que há poucos minutos gritava
para que eu entrasse no jogo começou a gritar novamente, mas agora era para que
o técnico me tirasse.
-
Tira o Ronaldinho ele é zagueiro. Tira o Ronaldinho ele é ruim de mais.
A
torcida não podia imaginar que aquele maluco com a cabeça raspada estilo
Ronaldinho era um zagueiro perna de pau – que não sabia dominar uma bola, só
dava chutão para frente e que tinha o lema – se a bola passar o jogador não
passa.
Ouvindo
o clamor da torcida mais uma vez o técnico me tirou de quadra. Mesmo com todos
os esforços de nossa brava equipe ao final do jogo levamos uma goleada de 11 x
0 se não me engano.
A
verdade é que apesar de ser um torcedor fanático por futebol, nunca fui um bom
jogador – sou um perna de pau assumido. O fato d’eu esta na equipe de futebol
de salão do Colégio Nossa Senhora da Providência era simplesmente por que havia
uma resolução da direção do Colégio que só entraria no time alunos com notas
boas. Com isso os melhores atletas do Colégio ficaram de fora, e eu que tinha
notas razoáveis acabei sendo convocado.
Mas
foi uma cena inesquecível ver a torcida clamando para que eu entrasse no time e
poucos minutos depois a mesma torcida clamando para que eu saísse devido a
minha total falta de talento com a bola.
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