terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Estudantes e movimentos sociais fazem manifestação em seminário sobre o MATOPIBA na UFT com presença da ministra da Agricultura Kátia Abreu

Na ultima quinta-feira (26/11) ocorreu na UFT (campus de Palmas) um seminário sobre o MATOPIBA.  O auditório do CUICA ficou lotado de políticos, ricos fazendeiros e empresários tanto da capital como do interior do estado. Entre os políticos estava à deputada Estadual Luana Ribeiro (PR), o deputado federal Irajá  Abreu (PSD), o prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), o secretário estadual da agricultura Carlos Magno e a ministra da agricultura Kátia Abreu.

Estudantes e movimentos sociais não se intimidaram e durante a fala da ministra Kátia Abreu – protestaram erguendo cartazes contra a PEC 215, a substituição de florestas nativas por plantação de eucalipto e soja, o uso de agrotóxico na produção de alimentos, a violência contra os povos tradicionais – camponeses pobres, indígenas e quilombolas. Em suma, contra o modelo agropecuário hegemônico no Brasil, que destrói o meio ambiente e usurpa direitos dos povos do campo. Modelo este do qual Kátia Abreu é uma das principais representantes.

Jagunços travestidos de seguranças agem com violência contra manifestantes

A manifestação era para ocorrer de forma pacifica, mas ao final, jagunços travestidos de seguranças tentaram impedir a força (usando de violência desnecessária) que os manifestantes exercessem o direito democrático de protestar livremente.

Se o objetivo era intimidar os manifestantes o tiro saiu pela culatra, em vez de intimidar, a ação violenta dos jagunços da ministra Kátia Abreu só serviu para fortalecer os argumentos e o animo de estudantes e militantes de movimentos sociais que estavam ali protestando legitimamente. Os manifestantes conseguiram avançar e ocupar a frente do auditório com cartazes e gritos de fora Kátia Abreu e abaixo os ruralistas. E em seguida se retiraram.

O MATOPIBA

Um território de *73 milhões de hectares que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É denominado pelo Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do Brasil. *Nessa região há 46 unidades de conservação, 35 áreas indígenas e 865 assentamentos de reforma agrária. No entanto no seminário não havia nenhum representante dessas comunidades.

O próprio cartaz de divulgação do MATOPIBA fala por si só qual o modelo de desenvolvimento o ministério da agricultura pretende desenvolver na região – um senhor com um grande sorriso, segurando um ramo com uma mão e com a outra chamando outros para investir na região e ao fundo um imenso campo com plantio de soja.

O projeto agrícola que pretendem desenvolver no MATOPIBA, não será muito diferente do projeto desenvolvido em Campos Lindos do Tocantins. A grande diferença é que a área atingida será muito maior. Em Campos Lindos diversos camponeses pobres tiveram que deixar suas terras para dá lugar a monocultura da soja, neste ano, Campos Lindos foi eleita a pior cidade para se viver na região norte. Pois como bem se sabe o desenvolvimento prometido pelo agronegócio brasileiro, gera riqueza apenas para uma pequena minoria, enquanto a grande maioria continua na miséria.

*Os 337 municípios que serão alcançados e os 25 milhões de habitantes que serão atingidos, especialmente os povos indígenas e os assentamentos de reforma agrária tem que se mobilizar para barrar esse projeto que não trará nenhum desenvolvimento para o povo que vive nessa região, a não ser para os grandes proprietários de terras, empresários e suas transnacionais.

É também tarefa de todos nós que lutamos por um modelo agrícola pautado na agroecologia e na soberania alimentar nos mobilizar e lutar contra este projeto de destruição do meio ambiente e usurpação das terras de camponeses pobres, indígenas e quilombolas.

“...Levante-te e olha tuas mãos,
Para crescer, aperta a de teu irmão;
Juntos iremos, unidos ao sangue,
Hoje é o tempo que pode ser amanhã...”
Victor Jarra
Pedro Ferreira Nunes – é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio.


*Dados do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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