terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Sobre A CPI na câmara dos deputados para investigar irregularidades na demarcação de terras indígenas e quilombolas pela FUNAI e pelo INCRA.

Ninguém tem duvida de que o real objetivo desta comissão parlamentar de inquérito seja de fato investigar as supostas irregularidades na demarcação de terras indígenas e quilombolas, não, ninguém pode ser tão ingênuo assim. Esta claro que o objetivo da bancada ruralista é o enfraquecimento destes órgãos (que, aliás, sofre ano após ano com um processo de sucateamento por parte do governo Dilma (PT)). E com isso encontrar caminho livre para aprovar a PEC 215 no plenário da câmara.

Essa questão está tão clara, que não vale apena ficar aqui gastando argumentos para provar tal afirmação. Mas vamos lá, veja só quem comandará a CPI – os deputados Alceu Moreira e Valdir Colatto (PMDB) e Nilson Leitão (PSDB). Ele mesmo, Nilson Leitão que presidiu a comissão especial que aprovou a PEC 215. Os três deputados fazem parte da bancada  ruralista no congresso nacional. Ora, sabemos muito bem qual será o relatório final apresentado por estes senhores, um relatório capcioso que corroborara com o objetivo principal dos ruralistas que é aprovar a PEC 215.

Não é a primeira vez que a bancada ruralista, que está no congresso nacional a serviço de latifundiários e das transnacionais que atuam no campo se utiliza desse tipo de tática que busca a criminalização e o enfraquecimento daqueles que não agem de acordo com seus interesses. Por exemplo, em 2010, foi instalada uma CPMI com o objetivo de investigar possíveis irregularidades por parte de organizações ligadas a movimentos sociais campesinos, ao final, por falta de provas contra os movimentos sociais, a CPMI foi arquivada.

A CPMI naquele período tinha como objetivo desqualificar o censo agropecuário apresentado pelo IBGE que mostrava resultados significativos da importância da agricultura familiar e camponesa em relação à agricultura patronal. E também buscava fortalecer a pauta ruralista na reforma do código florestal – e ao final acabaram saindo vitoriosos.

O palco foi montado, as luzes foram acesas e o show começou. Vamos ver até onde eles irão com esse espetáculo por demais repetido, tanto que já sabemos muito bem qual será o final. Apesar disso não devemos recuar um milímetro na luta contra a aprovação da PEC 215, por mais que a batalha pareça perdida. Mas como se diz popularmente – o jogo só acaba quando termina.


Pedro Ferreira Nunes é educador popular e militante do Coletivo José Porfírio. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário