Esta
em curso mais um projeto de construção de uma Usina Hidrelétrica
no Tocantins que impactará diretamente as comunidades tradicionais e
o bioma da região. Trata-se da UHE Monte Santo um empreendimento que
pretendem implementar no Rio do Sono, na cidade do Novo Acordo. O
projeto encontra-se na fase de licenciamento ambiental que esta sendo
conduzido pelo Naturatins.
A
UHE Monte Santo é mais uma expressão do modelo de desenvolvimento
que está em curso há vários anos no Tocantins. Um modelo de
desenvolvimento baseado na destruição do patrimônio histórico,
cultural e ambiental. E uma das vertentes desse modelo é o chamado
hidronegócio – produção de energia para comercializar e não
para atender a necessidade da população. Partindo dessa logica o
que importa é o lucro e não os impactos socioambientais desses
empreendimentos. Como exemplo, podemos citar a UHE Luiz Eduardo
Magalhães (Lajeado) e a UHE Peixe Angical (Peixe).
O
legado do hidronégocio no Tocantins
Água
para vida ou para o lucro? Para o hidronégocio não há duvida –
para o lucro. E os empreendimentos hidrelétricos construídos no
Tocantins estão a serviço do lucro e não da vida. Basta ver o
rastro de destruição ambiental e os impactos sociais que ficaram de
legado para população atingida pela construção das UHE Luiz
Eduardo Magalhães e Peixe Angical. O progresso prometido só deixou
rastro de destruição, como por exemplo, diversas vezes os
noticiários nacionais repercutiram a mortandade de peixes no rio
Tocantins em decorrência da operacionalização das UHEs. Centenas
de famílias tiveram que deixar suas terras e foram assentadas em
terras inférteis, a produção nas vazantes do rio acabaram
prejudicando a produção de alimentos na região – e se quer esses
pequenos camponeses foram indenizados. A cada ano a quantidade de
peixe diminui como também a diversidade de espécies. O que também
tem diminuído é o volume de água do rio Tocantins, chegando ao
ponto de quase se conseguir atravessar caminhando o trecho entre
Miracema e Tocantinia.
UHE
no Rio do Sono também afetará o Rio Tocantins
O
Rio do Sono é o maior rio localizado inteiramente no território
tocantinense. E que deságua no Rio Tocantins na altura do município
de Pedro Afonso. Logo, se construído uma UHE no Rio do Sono, o Rio
Tocantins também será impactado. E a situação critica do
principal rio que banha o Estado tende a piorar. O que vemos,
portanto é que após destruírem o principal rio do Estado – o rio
Tocantins, agora querem destruir o segundo mais importante – o rio
do Sono. E se a população não se mobilizar para dar um basta nesse
modelo de desenvolvimento os rios do Tocantins continuaram sendo
destruídos por essa burguesia agrária que governa o Estado.
Progresso
e Desenvolvimento para quem?
Que
progresso é esse que para existir precisa destruir o patrimônio
histórico, cultural e ambiental? É a ordem capitalista que avança
interior adentro. E que em busca de lucros exorbitantes não pensa
duas vezes em destruir o patrimônio local. Esse é o progresso que
defende os empreendedores e os defensores da UHE Monte Santo.
Progresso que não serve aos indígenas, aos quilombolas, aos
ribeirinhos e nem a maioria da população. Progresso que gera lucros
para as elites enquanto migalhas são jogadas para o resto da
população. Já sobre o desenvolvimento prometido basta ver a
realidade dos municípios onde foram construídas a UHE Luiz Eduardo
Magalhães e Peixe Angical – pouca coisa mudou a não ser os casos
de corrupção que pipocam a cada dia e também o aumento da
criminalidade e da pobreza. Os serviços públicos são precários e
o desemprego expulsa anualmente centenas de pessoas de sua terra
natal. Além de tudo isso a responsabilidade social com a comunidade
por parte dos empreendedores é nula. Por exemplo, no município de
Lajeado, não existe nenhum projeto de educação ambiental
patrocinado pela multinacional portuguesa (EDP/Investco) que hoje
controla a UHE Luiz Eduardo Magalhães.
População
de Novo Acordo se Mobiliza contra a UHE Monte Santo
Ao
contrario de anos atrás, sobretudo, quando da construção da UHE
Luiz Eduardo Magalhães no município de Lajeado – que a
hidrelétrica foi enfiada goela abaixo da população sem nenhuma
resistência. Sobretudo pela falta de informação dos impactos
socioambientais que atingiriam a região. A realidade agora é outra
– o que ficou latente na audiência realizado pelo Naturatins no
ultimo dia 23 de novembro em Novo Acordo. Que contou com uma grande
participação popular – a população se mostrou bastante
preocupada com os impactos da construção da UHE Monte Santo. O que
é de extrema importância, pois só a mobilização popular pode
barrar esse projeto. Nesse sentido não podemos ter nenhuma duvida
quanto ao papel do Naturatins nesse processo. Pois o Naturatins no
Tocantins existe justamente para homologar os interesses das elites
agrárias e correr atrás de pescador – logo, se a população na
se mobilizar, o Naturatins vai com certeza liberar a licença
ambiental para construção da UHE Monte Santo.
Abaixo-assinado
contra a UHE Monte Santo
E
a população da região esta mostrando que vai ter mobilização e
resistência. Foi nesse intuito que o abaixo-assinado contra a UHE
Monte Santo foi criado. Abaixo-assinado para o NATURATINS, IBAMA,
Governo Estadual, Governo Federal e Supremo Tribunal Federal. A
população contraria a UHE Monte Santo denuncia: “A construção
da UHE Monte Santo ocasionará muitos malefícios ao ecossistema, a
população ribeirinha local e todos atingidos diretos e
indiretamente pela edificação da usina prevista para ser construída
no Rio do Sono”.
O
texto do abaixo-assinado chama atenção para o fato de que a região
faz parte do Jalapão que é um importante patrimônio brasileiro e
também para os impactos socioambientais – tanto na flora e na
fauna como também no modo de vida dos ribeirinhos. Por fim,
denunciam o estudo realizado pela empresa que fez a consultoria
ambiental: “Consideramos que o estudo apresentado pela empresa que
fez a consultoria ambiental não apresenta de forma integral as
características que fundamentam a obra”. O que não nos
surpreende, pois essas empresas servem na verdade para maquiar a
realidade. O que eles mostram não passa nem perto do que de fato
ocorrerá. Diante disso nós do Coletivo José Porfírio nos somamos
aos que se colocam contra esse empreendimento, bem como conclamamos a
todo o povo tocantinense a se somar a essa luta. Luta que não é
apenas daqueles que serão impactados diretamente. Mas de todos os
tocantinenses que não concordam com esse modelo de desenvolvimento
que coloca o lucro acima da vida. Por fim convocamos a todos a
assinarem o abaixo-assinado e a compartilha-lo amplamente. Enviem
mensagens contrarias a construção da UHE Monte Santo para os órgãos
de fiscalização ambiental para que não liberem a licença
ambiental e para os governos. Vamos todas e todos gritar juntos –
Não a UHE Monte Santo! Água para vida, não para o lucro!
Pedro
Ferreira Nunes
Coletivo
José Porfírio
Lajeado-TO,
Lua Nova. Inverno de 2016.
“Pescador
Tem
sua politica:
A
vara e a isca.
O
peixe
Tem
sua boca
Para
cuspi-la”.
Dom
Pedro Casaldáliga
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