terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O Engavetamento do impeachment do governador Marcelo Miranda

Não foi nenhuma surpresa o engavetamento do pedido de impeachment do governador Marcelo Miranda pelo então presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins – deputado Osires Damaso (PSC) – Que nos dois anos a frente do legislativo tocantinense deixa como maior legado o episódio do concurso público que após ser lançado acabou sendo cancelado devido às suspeitas de fraudes. Como também pelo episódio em que a Assembleia Legislativa serviu de cadeia para o atual presidente Mauro Carlesse (PHS) por não pagamento de pensão alimentícia. Agora Damaso tem mais um ponto a acrescentar no seu brilhante currículo a frente da Assembleia Legislativa do Tocantins – o engavetamento do impeachment de Marcelo Miranda.
No entanto quem esperava outro desfecho estava se enganando, nem mesmo os autores do pedido do impeachment de Marcelo Miranda, creio eu, tinham ilusão que os deputados, que na sua ampla maioria apoiam o atual governo, votariam favorável a este pedido de impedimento do governador. Ainda mais sem a pressão da sociedade civil organizada. Logo o pedido de impeachment do governador foi mais uma ação voluntariosa de desespero, justamente num momento em que o governo saia fortalecido do processo eleitoral nos municípios e no enfrentamento da greve geral. É inegável que os autores do pedido de impeachment de Marcelo Miranda se inspiraram no episódio do impeachment da presidenta Dilma. Essa inspiração pode ter levado a uma caracterização equivocada da conjuntura regional e do governo Marcelo Miranda – caracterização equivocada que levou ao pedido fracassado de impeachment.
Harnecker (2012) citando Lenin afirma: “Para compreender uma situação política e conduzir corretamente o movimento revolucionário, deve-se “começar por fazer um estudo, com a maior exatidão e tão serenamente quanto possível, das forças que se enfrentam”... acrescentando que é necessário se perguntar: “Quais são essas forças? Como estão agrupadas umas contra outras? Que posições ocupam no presente? Como atuam?””.
Planejar taticamente e estrategicamente nossas ações não é algo secundário, pelo contrario, pois se não acabamos caindo num processo voluntarioso, que nada resolve, e foi justamente assim que agiram os autores do pedido de impeachment de Marcelo Miranda. E acabou dando no que deu. As condições objetivas e subjetivas para o impeachment do governador não estavam dadas tal como se deram para o impeachment de Dilma. Em primeiro lugar a pesar da baixa popularidade do governador e as medidas impopulares – a população não tomou as ruas para questionar o governo. Em segundo, a base parlamentar na Assembleia Legislativa continua coesa. E por fim os casos de corrupção que envolve o governador não tiveram o mesmo tratamento pelos meios de comunicação local e nacional como no caso de Dilma.
Falar em impeachment de Marcelo Miranda não é um absurdo. O que não faltam são motivos – desde os casos de corrupção denunciados pela policia federal, a exemplo da operação Reis do Gado, só para citar a mais recente. O não pagamento da data base dos servidores – motivo que desencadeou a greve geral. O caos na saúde pública, na segurança entre outros. Durante a greve geral no serviço público estadual havíamos pautado a questão. Mas não para ser encaminhada da forma apressada e voluntariosa que ocorreu. O pedido de impeachment de Marcelo Miranda só vingaria se surgisse do seio da mobilização da sociedade civil organizada, que através do poder popular pressionasse o parlamento para cassar o mandato do governador. O pedido de impeachment da forma com que foi encaminhado mais fortaleceu do que enfraqueceu Marcelo Miranda. Sobretudo pelo momento escolhido.
Por fim na conjuntura atual dificilmente vingará qualquer iniciativa nesse sentido, sobretudo a depender da Assembleia Legislativa. Cabe por tanto aos lutadores e lutadoras sociais desse Estado buscarem a construção de uma alternativa para contrapor a esse grupo politico que atualmente comanda o poder politico no Tocantins e derrota-los.

Pedro Ferreira Nunes – É Educador Popular e Militante do Coletivo José Porfírio.

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